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Relações internacionais

- Publicada em 25 de Setembro de 2019 às 03:00

Bolsonaro faz discurso de enfrentamento na ONU

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) levou ao plenário da Organização das Nações Unidas (ONU) um discurso que reproduziu o repertório ideológico de seu grupo político, com ataques a outros países e um tom de enfrentamento em relação às críticas sofridas por seu governo. O objetivo era marcar o que ele classifica como uma nova era para o Brasil, segundo auxiliares. Nas palavras de um deles, que participou diretamente da elaboração do texto, a imagem que o presidente queria imprimir era de um governo revolucionário.
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) levou ao plenário da Organização das Nações Unidas (ONU) um discurso que reproduziu o repertório ideológico de seu grupo político, com ataques a outros países e um tom de enfrentamento em relação às críticas sofridas por seu governo. O objetivo era marcar o que ele classifica como uma nova era para o Brasil, segundo auxiliares. Nas palavras de um deles, que participou diretamente da elaboração do texto, a imagem que o presidente queria imprimir era de um governo revolucionário.
Em 32 minutos, o presidente apresentou o socialismo como um adversário e um risco às nações, fez uma série de referências religiosas, chegou a celebrar o golpe militar de 1964 e insistiu na ideia de que a crise da Amazônia é contaminada por interesses econômicos estrangeiros.
"É uma falácia dizer que a Amazônia é patrimônio da humanidade e um equívoco, como atestam os cientistas, afirmar que a floresta é o pulmão do mundo. Valendo-se dessas falácias, um ou outro país, em vez de ajudar, embarcou nas mentiras da mídia e se portou de forma desrespeitosa, com espírito colonialista. Questionaram aquilo que nos é mais sagrado, a nossa soberania", afirmou.
Bolsonaro ficou sob pressão principalmente depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, apontaram publicamente o risco de retrocessos na agenda do Brasil para o ambiente.
O presidente brasileiro respondeu diretamente às cobranças e mencionou o que chamou de espírito colonialista, num tom inédito em discursos de líderes brasileiros na Assembleia-Geral da ONU. "Um deles, por ocasião do encontro do G-7, ousou sugerir aplicar sanções ao Brasil, sem sequer nos ouvir", afirmou, em referência a Macron. "Agradeço àqueles que não aceitaram levar adiante essa absurda proposta", disse, citando em seguida o norte-americano Donald Trump.
Macron não assistiu à fala de Bolsonaro. Merkel acompanhou o pronunciamento com equipamento de tradução simultânea. A alemã mexia no telefone celular e, ao fim, bateu palmas quatro vezes, vagarosamente.
O presidente negou as recentes queimadas na Amazônia, embora ele mesmo tenha enviado tropas militares para ajudar a combater o fogo. A delegação brasileira levou ao plenário a índia Ysani Kalapalo, criticada por organizações por não representar as comunidades nacionais.

Fala teve ataques a socialismo, Cuba, Venezuela, ONU e até citação bíblica

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) abriu sua fala agradecendo a Deus e retomou sua interpretação de que o País esteve à beira de um regime socialista durante as administrações do PT. "Meu país esteve muito próximo do socialismo, o que nos colocou numa situação de corrupção generalizada, grave recessão econômica, altas taxas de criminalidade e de ataques ininterruptos aos valores familiares e religiosos", declarou.
O presidente usou o argumento do risco socialista para atacar tanto seus antecessores como países vizinhos e a própria ONU. "Não estamos aqui para apagar nacionalidades e soberanias em nome de um 'interesse global' abstrato. Essa não é a organização do interesse global, é a Organização das Nações Unidas. Assim deve permanecer", afirmou.
Segundo ele, a ONU também respaldou programas como o Mais Médicos, que transferiam milhões de dólares "para a ditadura cubana", o que gerou a reação do chanceler cubano Bruno Rodríguez, que disse rejeitar 'categoricamente' os ataques.
Também foram alvos de crítica o Foro de São Paulo - organização de partidos políticos de esquerda na América Latina - e o regime de Nicolás Maduro. "A Venezuela experimenta a crueldade do socialismo". Citou ainda "valores da família", encerrando com um versículo bíblico que se tornou recorrente desde sua campanha presidencial: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará", de João 8:32.