Faltando pouco mais de um mês para a convenção nacional do MDB - marcada para 6 de outubro, em Brasília -, os diretórios do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná articulam uma candidatura alternativa à presidência nacional. Durante reunião ampliada da executiva gaúcha, na sede do MDB em Porto Alegre nesta segunda-feira (2), lideranças locais receberam o apoio da senadora do Mato Grosso do Sul, Simone Tebet - a quem trataram como a candidata à presidência da chapa "sulista". Simone, entretanto, evitou assumir sua candidatura. Hoje, o nome mais cotado para substituir Romero Jucá na direção da legenda é o do deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP).
Os emedebistas que articulam a chapa alternativa criticam o fisiologismo, a corrupção e a falta de bandeiras da legenda. "O nosso partido, que teve um papel importante na redemocratização, infelizmente, em algum momento, foi levado para a corrupção, o personalismo e a fisiologia - tudo o que este País detesta", resumiu o ex-secretário de Segurança, Cezar Schirmer, que esteve no evento que lotou o auditório da sede gaúcha do MDB.
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Schirmer não foi a única liderança a recepcionar a senadora. Também compareceram o ex-senador Pedro Simon, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça, além de deputados estaduais da legenda. Também o presidente o MDB de Santa Catarina, Celso Maldaner, e o do Paraná, João Arruda, prestigiaram o ato.
O ex-deputado Ibsen Pinheiro a reconheceu como "nossa candidata natural". Schirmer elogiou a humildade da senadora ao dizer que era "soldado do partido", mas disse que "a sigla precisa que ela seja mais general que soldado agora".
Depois de anunciar "integral apoio" do diretório catarinense à chapa, Maldaner advertiu que, como Baleia Rossi é o líder do MDB na Câmara dos Deputados, os emedebistas do sul devem tentar negociar uma chapa única. "Vamos tentar fazer o nosso líder Baleia Rossi recuar e, quem sabe, integrar a chapa da Simone", ponderou.
Mas garantiu devem estar preparados para uma disputa difícil com Rossi, em 6 de outubro. "No caso de disputa, vamos ter que nos organizar para trabalhar muito. O Rio Grande do Sul tem o maior número de delegados nacionais; Minas Gerais é o segundo colocado; e Santa Catarina é o terceiro", avaliou. Juntos, os três estados do Sul somam 94 votos na convenção nacional, o que representa 22% do total. Maior colério eleitoral, o Rio Grande do Sul tem 41 votos. Santa Catarina, 32.
Arruda afirmou que o "Paraná está junto com Santa Catarina e Rio Grande do Sul" no processo de renovação do MDB. "Temos que chamar os filiados para fazer um debate nacional. O Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná têm que fazer isso para, quando a chapa for apresentada na convenção nacional. Tenhamos um projeto para o futuro", projetou.
Osmar Terra reconheceu que a imagem do MDB se deteriorou nos últimos anos - o que causou a a diminuição a representação da sigla nas casas legislativas. Na Câmara, a bancada emedebista encolheu de 65 para 34 deputados com as eleições de 2018. No Senado, perdeu sete cadeiras.
"Temos que nos preocupar com a imagem do MDB. Precisamos de uma cara nova que represente a mudança no partido. A Simone representa esse rosto novo", defendeu o ministro da Cidadania. E complementou: "O ideal seria fazermos uma prévia com todo o Brasil votando. Ia dar uma animação geral, até porque vamos ter eleições municipais (em 2020). Deveríamos levar isso como proposta, até para a convenção não decidir agora (em outubro)".
Simone Tebet disse que, "estar no MDB hoje, significa perder votos em alguns estados". "Quero me colocar como operária do partido. Venho aqui conclamar Pedro Simon como candidato ou quem quer que o sul indique. Estou à disposição do partido. Mas o que precisamos é de renovação", resumiu a senadora do Mato Grosso do Sul.