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Política

- Publicada em 21 de Agosto de 2019 às 18:47

Lava-Jato encontra senhas que podem abrir pasta secreta de propinas da Odebrecht

Ferro foi apontado por delatores da Odebrecht como o responsável por "dar um jeito" nas chaves

Ferro foi apontado por delatores da Odebrecht como o responsável por "dar um jeito" nas chaves


NELSON ALMEIDA/AFP/JC
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira, a Polícia Federal encontrou na casa do ex-diretor jurídico da Braskem, Mauricio Ferro , genro de Emílio Odebrecht, quatro chaves de criptografia que podem abrir duas pastas secretas do Drousys. Trata-se do sistema de controle de pagamentos de propina do setor de Operações Estruturadas, o "departamento de propina" da empreiteira. Ferro foi apontado por delatores da Odebrecht como o responsável por "dar um jeito" nas chaves.
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nesta quarta-feira, a Polícia Federal encontrou na casa do ex-diretor jurídico da Braskem, Mauricio Ferro , genro de Emílio Odebrecht, quatro chaves de criptografia que podem abrir duas pastas secretas do Drousys. Trata-se do sistema de controle de pagamentos de propina do setor de Operações Estruturadas, o "departamento de propina" da empreiteira. Ferro foi apontado por delatores da Odebrecht como o responsável por "dar um jeito" nas chaves.
As chaves são, na prática, pendrives que, quando conectados a um computador permitem acesso a determinadas arquivos ou pastas. Segundo o delegado Thiago Giavirotti, o funcionamento é similar ao de um certificado digital.
- Fisicamente, é um pendrive. É possível plugar em qualquer computador de uma forma segura e usar sua área de trabalho com uma chave de acesso - afirmou Giavirotti.
A própria Odebrecht afirmou ao Ministério Público Federal que Mauricio Ferro foi a última pessoa a ter acesso às chaves de acesso ao sistema. Em relatório produzido pela Polícia Federal, peritos descobriram que o conteúdo de três pastas tiveram seus arquivos apagados.
"A ocultação por executivo da Odebrecht das chaves de acesso a um dos sistemas de contabilidade informal do grupo empresarial constitui fato grave e que coloca em risco a investigação ou a instrução", afirmou o juiz Luiz Antonio Bonat no despacho que autorizou os mandados de prisão e busca e apreensão.
O diretor jurídico foi preso na manhã desta quarta-feira em São Paulo durante a deflagração da 63ª fase da Operação Lava-Jato , batizada de Carbonara Chimica, referência aos pagamentos que teriam sido feitos a Antonio Palocci e Guido Mantega, ex-ministros conhecidos nas planilhas da empresa como "Italiano" e "Pós-Itália". Outro alvo da operação desta quarta-feira, o advogado Nilton Serson, não foi preso porque está fora do país.
Mauricio Ferro foi um dos executivos da Odebrecht que não entrou no rol de colaboradores durante as negociações da delação premiada firmada entre a empresa e o Ministério Público Federal.
Segundo o delegado Thiago Giavarotti, os investigadores não conseguem acessar duas pastas dos sistemas, que exigem uma chave de acesso. As pastas fazem referência exatamente ao pagamento de vantagens indevidas mais recentes.
- Em colaboração premiada, alguns dos executivos disseram que (Mauricio Ferro) seria o responsável de dar um jeito nessas chaves. E elas foram encontradas em poder dele 1 disse o advogado, que explicou: - Há possibilidade de que em algumas dessas chaves de criptografia encontraremos a senha de acesso a duas pastas do Drousys em que não conseguimos acesso, a despeito da colaborações.
De acordo com Giavarotti, as chaves são ainda mais importantes exatamente porque o genro de Emílio Odebrecht foi um dos poucos executivos que não fez delação premiada, o que motivou a raiva inclusive de Marcelo Odebrecht.
Segundo o procurador Antonio Carlos Welter, o Ministério Público Federal, ao firmar o acordo, sempre espera a espontaneidade dos alvos da operação. Na ocasião, disse ele, foi aberta a possibilidade para que todos os executivos da Odebrecht revelassem as irregularidades que teriam cometido.
- O senhor Mauricio Ferro, que ocupava um cargo de direção na empresa, entendeu que não cometeu nenhum ilícito - disse.
A operação de hoje foi deflagrada após a Lava-Jato receber informações das autoridades suíças sobre uma conta que Mauricio Ferro mantinha na Suíça em nome de uma empresa offshore de sua titularidade.
Durante as negociações com Antonio Palocci e Guido Mantega para aprovação de duas medidas provisórias que os investigadores suspeitam que beneficiaria a Odebrecht, Mauricio Ferro teria enviado parte dos valores para o exterior por meio de um escritório de advocacia que firmou um contrato com a Braskem mas, segundo a própria empresa hoje admite, sem ter indícios de prestação de serviço.
- O que ficou muito nítido é que o grupo investigado, numa diversificação dos seus investimentos, resolveu investir no ramo de legislação. Fez um investimento milionário em medidas provisórias para ter um retorno bilionário - afirmou Giavarotti.
Durante a entrevista coletiva, os procuradores Antonio Carlos Welter e Laura Tessler foram questionados também sobre as mensagens vazadas após o hackeamento dos celulares do procurador Deltan Dallagnol mas não quiseram comentar.
Agência Folhapress
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