O PSL vai implantar uma espécie de "filtro" ideológico para definir quem serão seus candidatos nas próximas eleições e evitar que nomes considerados desalinhados ao governo Jair Bolsonaro (PSL) representem a sigla. A medida ocorre após cobrança do próprio presidente, que exige o "enquadramento" de parlamentares que discordem de ações da sua gestão. Na terça-feira, um desses dissidentes, o deputado Alexandre Frota (PSL-SP), foi expulso da legenda.
A medida foi vista internamente como um gesto de "purificação" do partido, que tenta se associar ainda mais à imagem do presidente da República. Além de "filtrar" novos filiados, o partido quer "enquadrar" os que não seguirem à risca as diretrizes do partido.
Ainda não está definido como e quem fará o pente-fino nos nomes que poderão concorrer pelo PSL. Um grupo do partido defende a contratação de uma consultoria externa especializada em compliance, enquanto outro quer a criação de uma espécie de conselho, formado por nomes da própria sigla.
No início do mês, o presidente do partido, o deputado Luciano Bivar (PE), se reuniu com Bolsonaro no Palácio do Planalto a portas fechadas. Lá, o dirigente do PSL foi cobrado a "enquadrar" os deputados do partido que discordam do governo.
O presidente disse ainda a Bivar que era necessário afinar o discurso da bancada e cobrou "unidade". Em troca, Bolsonaro sinalizou ficar na sigla até 2022.
Antes de Bolsonaro se filiar, o partido era considerado nanico e elegeu apenas um deputado em 2014. No ano passado, foram 52.
Além da defesa do bolsonarismo, o candidato terá de assumir a pauta conservadora nos costumes, ser a favor da reforma do Estado e condenar o aborto e a chamada "ideologia de gênero". Os filiados passam também por uma investigação do seu passado político e pelas publicações feitas em redes sociais.