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governo federal

- Publicada em 22 de Julho de 2019 às 03:00

Bolsonaro contesta dados de desmatamento

Bolsonaro esteve em culto evangélico acompanhado da primeira-dama e do ministro da Casa Civil

Bolsonaro esteve em culto evangélico acompanhado da primeira-dama e do ministro da Casa Civil


JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/JC
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticou novamente neste domingo Ricardo Galvão, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Bolsonaro afirmou que escalará um ministro para tratar com o servidor sobre os dados de desmatamento que, segundo ele, não condizem com a verdade. Ele deu as declarações a jornalistas pouco antes de almoçar em um restaurante e ir a um culto evangélico. 
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticou novamente neste domingo Ricardo Galvão, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Bolsonaro afirmou que escalará um ministro para tratar com o servidor sobre os dados de desmatamento que, segundo ele, não condizem com a verdade. Ele deu as declarações a jornalistas pouco antes de almoçar em um restaurante e ir a um culto evangélico. 
"Eu não vou falar com ele. Quem vai falar com ele vai ser o ministro Marcos Pontes (Ciências) e talvez também ali o Ricardo Salles (Meio Ambiente). O que nós não queremos é uma propaganda negativa do Brasil. A gente não quer fugir da verdade, mas aqueles dados pareceram muito com os do ano passado", disse.
Os dados preliminares de satélites do Inpe mostram que mais de 1.000 km2 de floresta amazônica foram derrubados na primeira quinzena deste mês, aumento de 68% em relação a julho de 2018.
Durante entrevista com jornalistas na sexta-feira, Bolsonaro afirmou que os dados do Inpe não correspondiam à verdade e sugeriu que Galvão poderia estar a "serviço de alguma ONG". Em entrevista no sábado, Galvão disse que a atitude do presidente foi 'pusilânime e covarde" e as declarações parecem mais "conversa de botequim". Galvão dirige o instituto ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações desde setembro de 2016.
De acordo com Galvão, o Inpe permitiu ao Brasil ser o terceiro país do mundo a receber imagens de satélite para monitoramento de desmatamento, do Landsat. "Começamos isso em meados da década de 1970. Íamos a reuniões internacionais que só tinham Brasil, Canadá e Estados Unidos. O Inpe tem credibilidade internacional inatacável", destaca o diretor.
"Os dados são acessados pelo Ibama na nossa página na internet. Estão abertos para todo mundo poder verificar. São publicados em revistas científicas internacionais. Então chamar de manipulação é uma ofensa inaceitável", completou Galvão.
De acordo com Bolsonaro, a questão ambiental no exterior é uma "verdadeira psicose" e, em uma referência ao diretor, disse que não é justo que um brasileiro faça uma campanha contra o País.

Presidente nega dizer 'paraíba' como crítica a nordestinos

Após fala polêmica sobre governadores do Nordeste, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) negou no fim de semana que tenha usado o termo "paraíba" para criticar nordestinos e disse que as críticas foram direcionadas a dois governadores: Flávio Dino (PCdoB) e João Azevedo (PSB).
"Falaram agora que eu estou criticando o Nordeste, você viu? Dois governadores, o do Maranhão e da Paraíba que são intragáveis", afirmou o presidente a jornalistas.
Na sexta-feira, logo após café da manhã com jornalistas, foi divulgado um vídeo em que Bolsonaro fala sobre "governadores de paraíba" e cita o governador do Maranhão. "Não tem que ter nada para esse cara (Dino)." Os governadores do Nordeste reagiram e cobraram explicações. Dino afirmou: "Só sei que sou o pior dos gestores na visão dele, o que para mim é uma honraria".
"Eles (gestores do Nordeste) são unidos. Eles têm uma ideologia. Perderam as eleições e tentam o tempo todo através das desinformações manipular eleitores nordestinos", declarou Bolsonaro, em referência ao apoio dos governadores nordestinos ao candidato do PT à presidência, Fernando Haddad.
Para tentar argumentar que a relação com o Nordeste é boa, o presidente salientou que sua esposa, Michelle Bolsonaro, é filha de cearense. "A maldade está no coração de vocês. Eu tenho tanta crítica ao Nordeste que eu casei com uma filha de cearense."
Ele também negou que os atritos com governadores da região possam atrapalhar a aprovação da reforma da Previdência no Congresso Nacional. Bolsonaro informou ainda que deve indicar o substituto de Raquel Dodge para a Procuradoria-Geral da República (PGR) até 17 de agosto - o mandato dela termina em setembro.

General é chamado de 'melancia' por Bolsonaro

Jair Bolsonaro (PSL) também criticou, no domingo, o general da reserva Luiz Rocha Paiva, que o acusou de ter sido antipatriótico ao se referir a nordestinos como "paraíbas".
Em mensagem nas redes sociais, o presidente disse que o militar se aliou ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e o chamou de "melancia" e "defensor da Guerrilha do Araguaia".
"O melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PCdoB de Flávio Dino para me chamar de antipatriótico. Sem querer, descobrimos um melancia, defensor da Guerrilha do Araguaia, em pleno século XX", afirmou Bolsonaro.
A gíria "melancia" é empregada para definir um militar do Exército - cujo uniforme é verde - que defende propostas de esquerda, uma vez que o interior da fruta é vermelho, cor identificada com o comunismo. A Guerrilha do Araguaia foi um movimento armado de esquerda de resistência à ditadura militar na década de 1970. Cerca de 4 mil homens das Forças Armadas integraram as operações contra os militantes do PCdoB nas matas da região do rio Araguaia, na atual divisa dos estados do Pará e de Tocantins.
O general Paiva disse ao jornal O Estado de S. Paulo no sábado que a declaração de Bolsonaro era antipatriótica. "Tem que ter calma, mas mostrar para ele o quanto perdeu com essa grosseria com que menosprezou uma região do Brasil e seus habitantes", afirmou o general.

'Solidão do poder é descompromisso com o povo'

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que não tem sentido a chamada "solidão do poder", sensação descrita por mandatários de diferentes países por conta do isolamento causado pelo cargo.
No discurso feito a uma plateia de fiéis, ele disse que seus antecessores no Palácio do Planalto sofreram do sentimento porque tinham "descompromisso com a lealdade ao povo brasileiro" e se afastaram "do nosso criador".
"Ouvi dos que me antecederam que, logo nas primeiras semanas que assumiram o cargo, começaram a sentir a solidão no poder. O que posso dizer de mim é que acredito que essa solidão venha por dois motivos: pelo descompromisso com a lealdade ao povo brasileiro e pelo afastamento do nosso criador", ressaltou.
Apesar da declaração, o presidente repete desde que assumiu o cargo que se sente como um "prisioneiro sem tornozeleira eletrônica", em uma referência ao grande aparato de segurança e às limitações de deslocamento.
Na mesma cerimônia, Bolsonaro reconheceu que o País tem problemas, mas que ele tem uma vontade de acertar. Segundo o presidente, a população brasileira confiou nele para uma "difícil missão".
Bolsonaro saiu em defesa do porta-voz da presidência, general Otávio Rêgo Barros, que foi criticado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e pelo deputado federal Marco Feliciano (Pode-SP) por promover cafés da manhã com jornalistas. "Ele (Rêgo Barros) é uma pessoa que tem tratado com muito zelo e muita preocupação. Ele ajudou a me convencer a fazer esses cafés", completou.