Após quase quatro meses desde que deu posse a dois terços da casa, o Senado ainda não conseguiu encabeçar uma grande pauta nacional. Em um período de fortes embates entre o governo e o Congresso, os senadores ficaram à margem. Nem mesmo a revisão do chamado pacto federativo, anunciada como uma pauta que o Senado tocaria enquanto a Câmara vota a reforma da Previdência, terá a casa como protagonista.
Na última semana, a votação de medidas provisórias escancarou o protagonismo da Câmara e colocou os senadores como "carimbadores" das articulações dos deputados. A medida provisória (MP) que abre o setor aéreo para o capital estrangeiro foi enviada ao Senado no último dia da validade e, mesmo com os senadores discordando do texto que saiu da Câmara, aprovaram como estava para evitar que caducasse.
O mesmo deve acontecer com a MP da reforma administrativa. Amanhã, a medida será analisada pelos senadores sob apelos de não se mexer no texto para evitar que o governo seja obrigado a recriar ministérios. "É muito ruim que esta casa vá, aos poucos, se transformando em uma carimbadora da Câmara", disse o líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (MA).
O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), por sua vez, contesta a existência de um "apagão" no Senado. Segundo ele, os senadores têm exercido um papel de moderador nas crises que envolvem a Câmara, o Judiciário e o Executivo. "O Senado tem tido um papel muito relevante, agora nós não podemos impedir a Câmara de represar até, além do razoável, votação de medida provisória e reforma da Previdência", disse.
Ao completar 100 dias à frente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) encomendou um estudo que apontou um "recorde" na apreciação de propostas em plenário em relação ao início de legislaturas anteriores, com 71 proposições votadas.