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Política

- Publicada em 25 de Março de 2019 às 15:40

Olavo é desequilibrado, diz ministro general de Bolsonaro

General Santos Cruz reagiu às ofensas de Olavo aos militares que hoje trabalham no Palácio do Planalto

General Santos Cruz reagiu às ofensas de Olavo aos militares que hoje trabalham no Palácio do Planalto


Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil/JC
O incômodo da cúpula militar do governo Jair Bolsonaro (PSL) com Olavo de Carvalho cresce à medida que se avolumam os ataques do polemista reverenciado pelo presidente e pelo grupo ideológico que o cerca.
O incômodo da cúpula militar do governo Jair Bolsonaro (PSL) com Olavo de Carvalho cresce à medida que se avolumam os ataques do polemista reverenciado pelo presidente e pelo grupo ideológico que o cerca.
O ministro general Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, reagiu às ofensas de Olavo aos militares que hoje trabalham no Palácio do Planalto, em especial o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).
"Eu nunca me interessei pelas ideias desse sr. Olavo de Carvalho", disse Santos Cruz à reportagem. Nem a forma nem o conteúdo agradam a ele, afirmou. "Por suas últimas colocações na mídia, com linguajar chulo, com palavrões, inconsequente, o desequilíbrio fica evidente", criticou o ministro.
No dia 16, Olavo de Carvalho, no estado americano da Virgínia, foi uma das estrelas da festa que precedeu a chegada de Bolsonaro a Washington.
Lá o polemista disse que Mourão é um "cara idiota", "um estúpido", uma figura "que não tem ideia do que é a Vice-Presidência". "Não o critico, eu o desprezo", soltou.
Considerado o guru do bolsonarismo, Olavo afirmou que o presidente da República está de "mãos amarradas", que militares de seu governo têm "mentalidade golpista", "são um bando de cagões" e que, se nada mudar, o governo acaba em seis meses. No dia seguinte, quando desembarcou nos EUA e tais declarações já eram públicas, Bolsonaro tratou Olavo com deferência.
Sentou-se a seu lado no jantar na residência oficial do embaixador Sergio Amaral e o homenageou ao discursar.
"Um dos grandes inspiradores meus está aqui à minha direita, o professor Olavo de Carvalho, inspirador de muitos jovens no Brasil. Em grande parte devemos a ele a revolução que estamos vivendo", declarou. A cena, filmada, foi para as redes sociais.
O filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou que o escritor, que se considera um filósofo, é "uma das pessoas mais importantes da história do Brasil", sem a qual "Jair Bolsonaro não existiria".
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a Olavo que ele "é o líder da revolução".
A ala militar do governo não tem reagido da mesma forma. Alvejado por Olavo nas redes sociais há meses, Mourão costumava reagir com deboche.
Nesta semana, mudou o tom. Mostrou-se incomodado com os ataques vindos de alguém que não o conhece.
Na viagem aos EUA, a ala ideológica do governo, à qual Eduardo se associa, estava com representação numericamente alta. Foram a Washington o chanceler Ernesto Araújo, indicação de Olavo, e Filipe Martins, assessor especial da Presidência, entre outros. Receberam a comitiva o executivo Gerald Brant e o diplomata Nestor Forster, cotado para assumir a embaixada na capital americana.
Da ala militar, viajaram os generais Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e o porta-voz, Otávio Rêgo Barros. Segundo relatos feitos à reportagem, Heleno foi abordado por olavistas com reclamações do comportamento de Mourão.
O general, inicialmente, elogiou o colega de farda, uma pessoa que ele considera estudiosa e preparada, contaram interlocutores. Depois, percebendo o incômodo, tratou de minimizar a rebeldia do vice-presidente, que em diversas ocasiões manifesta opinião divergente da de Bolsonaro.
Mourão defendeu, por exemplo, que fazer ou não um aborto deve ser uma decisão da mulher e discordou de que a posse de arma ajude a combater a violência.
No grupo de Olavo, Heleno é considerado leal a Bolsonaro, um conselheiro menos nocivo que Mourão. Tolera-se sua ascendência sobre o presidente. Mourão, porém, primeiro beneficiário de uma hipotética queda do presidente, é tratado como inimigo.
Olavistas dizem que o vice precisa ser constantemente atacado e desqualificado, porque ele combate agressivamente os princípios da revolução bolsonarista. O objetivo da ofensiva é fazer a defesa da alma e coração do governo, afirmou um integrante do grupo que pediu para não ser identificado.
O norte-americano Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump e seu ex-assessor na Casa Branca, tornou-se um porta-voz público do olavismo. Criticou o vice Mourão em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em fevereiro e voltou à carga nesta semana ao falar com a BBC.
O papel a que se prestou Bannon, expurgado da família Trump por ser considerado um traidor, colocou-o na mira de Santos Cruz.
"Sobre o cidadão norte-americano Steve Bannon, eu só posso dizer que, para mim, ele nunca teve qualquer significado", disse o ministro.
"Eu só vi um comentário absolutamente inconveniente, que demonstra falta de preparo político e social e falta de noção de limites", concluiu Santos Cruz.
Associado a racistas nos Estados Unidos, Bannon já afirmou que Mourão não ajuda o governo Bolsonaro e se mete onde não é chamado, mesmo sem ter atribuições formais.
Thais Bilenky da Folhapress
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