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Direitos Humanos

- Publicada em 12 de Março de 2019 às 01:00

Policiais são presos sob suspeita de matar Marielle

Campana dos assassinos revela dinâmica profissional, afirmou delegado

Campana dos assassinos revela dinâmica profissional, afirmou delegado


TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL/JC
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na manhã desta terça-feira, dois suspeitos de participarem do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, dois dias antes de o crime ainda não esclarecido completar um ano, em 14 de março. Ambos são ligados à Polícia Militar.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, na manhã desta terça-feira, dois suspeitos de participarem do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes, dois dias antes de o crime ainda não esclarecido completar um ano, em 14 de março. Ambos são ligados à Polícia Militar.
Às 5h, uma equipe reduzida composta de integrantes da Delegacia de Homicídios e do Ministério Público do Rio cumpriu mandados de prisão em endereços dos suspeitos: o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz. Ambos negam participação no crime.
Segundo a denúncia, Lessa disparou os tiros que mataram Marielle e Queiroz dirigiu o carro que interceptou a vereadora, de onde partiram os disparos.
O delegado titular da Delegacia de Homicídios do Rio, Giniton Lages, disse, em entrevista coletiva, que as investigações do caso, ocorrido há 363 dias, ainda estão no início.
Na mesma entrevista, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), declarou que os presos desta terça-feira poderão receber uma oferta para fazerem delação premiada.
Mônica Benício, viúva de Marielle Franco, disse que considera a operação um passo importante nas investigações, mas lamentou que ainda não haja respostas a respeito de eventuais mandantes.
Foram expedidos ao menos 34 mandados de busca e apreensão em imóveis ligados à investigação. A deflagração dos mandados faz parte de uma segunda fase da investigação, já em curso, com o objetivo de identificar se há mandantes para o crime que vitimou Marielle e Anderson, e qual a motivação exata do assassinato.
Segundo a polícia, os homens ficaram de campana por, pelo menos, duas horas sem sair do carro enquanto a vereadora estava em um evento, o que seria um indício do profissionalismo dos assassinos, afirmou Lages.
No meio do caminho, em uma região do Centro conhecida como Cidade Nova, um carro emparelhou com o da vereadora, e uma pessoa - Lessa, segundo a polícia - disparou uma arma automática. Uma assessora de Marielle, que também estava no veículo, sobreviveu. Os suspeitos foram denunciados por dois homicídios e uma tentativa de homicídio.
Lessa foi preso em sua casa, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem casa. Os trechos da denúncia divulgados até o momento não mencionam o nome do presidente. O delegado também confirmou que um dos filhos do presidente namorou a filha de Lessa, mas afirmou que o fato não interfere na motivação do delito.

Vereadora foi morta em razão de sua militância, diz MP

Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro, a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi morta em razão de sua militância em favor dos direitos humanos. Os investigadores identificaram, ainda, que Ronnie Lessa, o policial reformado responsável pelos disparos, fez pesquisas sobre a rotina de Marielle e sobre eventos de que ela participaria semanas antes do crime.
Ele também teria pesquisado sobre outras figuras políticas da esquerda, como o deputado federal fluminense Marcelo Freixo (PSOL), próximo de Marielle Franco. De acordo com o delegado Giniton Lages, a motivação de Ronnie Lessa foi torpe. "Ele revela diferenças ideológicas de forma violenta", afirmou.
Ainda não está claro, no entanto, se o crime foi articulado espontaneamente pelo policial militar reformado ou se ele foi pago por um mandante para assassinar Marielle.
A operação policial realizada nesta terça-feira foi batizada de Lume, em referência ao Buraco do Lume, praça no Centro do Rio de Janeiro em que parlamentares do PSOL costumam se reunir para falar de seus mandatos toda sexta-feira. Marielle tinha um projeto no local chamado Lume Feminista.

'É possível que tenha um mandante', afirma Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou que "é possível" que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) tenha mandantes e que espera que as investigações tenham chegado aos reais executores do crime. 
"É possível que tenha um mandante. Eu conheci a Marielle depois que ela foi assassinada. Eu não conhecia ela, apesar de ser vereadora com meu filho no Rio de Janeiro. E eu também estou interessado em saber quem mandou me matar", declarou o presidente, que sofreu um atentado a faca cometido por Adélio Bispo no ano passado.