Franciscon desiste da pasta do Desenvolvimento

A primeira baixa no governo de Eduardo Leite (PSDB) foi confirmada ontem em carta do deputado estadual Dirceu Franciscon (PTB) abrindo mão do cargo de secretário do Desenvolvimento Econômico e Turismo. O parlamentar assumiu o cargo em janeiro e se licenciou no fim daquele mês para assumir a cadeira na Assembleia Legislativa. Depois disso, não retornou à secretaria.

O governo não se manifestou sobre a saída de Franciscon - informou apenas que deve apresentar um novo titular para a pasta até a próxima semana. Uma reunião com todo o secretariado estava prevista para acontecer hoje, após a posse de Ana Amélia Lemos (PP) na Secretaria de Relações Federativas e Internacionais, mas foi adiada para o dia 12.

O parlamentar alega insatisfação com a situação da pasta, que, com a reforma administrativa aprovada no início do ano, perdeu a vinculação da governadoria, o que interferiu nas gratificações pagas a servidores efetivos e comissionados. Conforme Franciscon, a perda vai de 30% a 75% na complementação dos salários.

"É difícil chegar para o servidor e dizer que iria perder remuneração", alegou o parlamentar. Ele diz que falou com o governador e com o chefe da Casa Civil, Otomar Vivian (PP), para que a secretaria voltasse a ter o status anterior. "É (uma pasta) importante para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul, por onde passa o BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul) e o Badesul (Desenvolvimento - Agência de Fomento). É também responsável pela atração de empresas e a manutenção das já existentes", argumentou.

Sem previsão de atendimento da demanda, Franciscon conta que optou por abrir mão do cargo. "Não vou indicar ninguém para ser meu substituto. Difícil dar nome para alguém ir lá nessa situação", diz. Parlamentar da base, o petebista afirma que seguirá acompanhando as pautas do governo e participará da transição para o novo secretário.

Franciscon fez campanha com o nome "Dirceu do Busato", em referência ao prefeito de Canoas, Luiz Carlos Busato (PTB), de quem foi assessor. Ele nega a especulação de problemas com o suplente que assumiria o seu lugar na Assembleia, ou que a intenção fosse manter seus indicados para os cargos, como se especulou nos últimos dias.

Na eleição de 2018, PTB e PP estiveram coligados nas proporcionais. A primeira suplente da coligação é Regina Becker Fortunati (PTB), alçada à Secretaria do Trabalho e Assistência Social no governo Leite. Na sequência vem Marcus Vinícius (PP), que ficaria com a cadeira, caso Franciscon permanecesse na pasta. A relação entre os partidos já rendeu uma troca na Câmara dos Deputados. Em uma coligação maior, formada por cinco partidos, Covatti Filho (PP) assumiu a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural no Estado, abrindo vaga para um suplente do PTB, o deputado federal Ronaldo Santini.