Em depoimento que citou o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-gerente de Recursos Humanos da Odebrecht Ênio Augusto Pereira e Silva, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou à Polícia Federal (PF) que o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura Henrique Valladares se reuniu com o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo "para tratar a respeito de pagamentos" para "Mineirinho", uma referência ao tucano, segundo os investigadores.
Ênio Silva falou à PF em um inquérito que apura o suposto pagamento de R$ 30 milhões da Odebrecht para Aécio - R$ 28,2 milhões em dinheiro entregue em uma sala comercial em Ipanema, no Rio, e US$ 900 mil em pagamentos no exterior. O valor teria sido repassado para que Aécio Neves "influenciasse o andamento dos Projetos do Rio Madeira (Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia) atendendo aos interesse do grupo e da Andrade Gutierrez". Toledo teria operado os pagamentos.
O advogado Rogério Marcolini, que defende Dimas Toledo, nega que o cliente tenha encontrado com Henrique Valadares "para tratar de assuntos de interesse de Aécio Neves ou de 'Mineirinho', não tendo conhecimento do apelido ou de quem poderia ser chamado por tal alcunha".
O advogado de Aécio, Alberto Zacharias Toron, afirmou em nota que, no depoimento, Ênio Silva "sequer cita o nome do deputado Aécio Neves, a quem não conhece, e tampouco faz qualquer ligação do deputado ao codinome apresentado" e sustenta que "depois de mais de dois anos de investigações não foi encontrado qualquer elemento que vinculasse o deputado às denúncias feitas".