Por essa a esquerda brasileira não esperava: que justo Evo Morales, um tradicional aliado progressista, tenha dado de bandeja o terrorista italiano Cesare Battisti ao governo de seu país natal.
Uma "grande traição": é o sentimento do dirigente sindical Magno de Carvalho, um dos últimos a falar com Battisti por telefone, ele e o vereador Eduardo Suplicy (PT), segundo rastreamento da polícia (o aparelho está na mão de investigadores italianos). "Queria deixar bem claro: para mim, e não só para mim, o que Evo fez foi uma grande traição. Gostaria muito que fosse dito. No passado, em outros momentos, ele teve uma posição favorável (a Battisti)", disse.
A opinião ecoa o que sites esquerdistas vêm alardeando sobre o presidente boliviano, em artigos de títulos como "Evo Morales se comportou como um capacho do fascismo italiano e brasileiro" (Jornalistas Livres), "Governo Evo Morales passou recibo de subalternidade e covardia" (Diário do Centro do Mundo) e "Entregar Battisti foi uma traição à luta contra a direita fascista" (Diário da Causa Operária).
Magno diz que uma coisa o amigo dava como certa: se fosse enviado à prisão italiana, de lá não sairia vivo.
Ele estaria jurado de morte por uma associação de carcereiros, diz Magno. Uma das vítimas mortas por Battisti era motorista da Digos, uma divisão da polícia italiana de combate ao terrorismo.