O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, rejeitou o pedido feito pelo deputado federal eleito Kim Kataguiri (DEM-SP) para que a eleição à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados seja aberta. A decisão foi tomada ontem à tarde.
Em seu pedido, Kim Kataguiri, por meio de seus advogados, escreveu que o "perigo de dano é iminente, já que a realização da citada eleição de forma secreta pode afastar a casa legislativa da determinação constitucional de publicidade de seus atos, contrariando os dispositivos legais supra aludidos".
Na avaliação do presidente do Supremo, no entanto, "embora a Constituição tenha sido silente sobre a publicidade da votação para formação da Mesa Diretora, o regimento interno da Câmara dos Deputados dispôs no sentido da eleição sob voto fechado".
Em sua decisão, o ministro Dias Toffoli lembrou que a prática do escrutínio secreto para eleições internas em casas legislativas é realizada em diversos países, como Espanha, França, Portugal, Finlândia, Suécia, Reino Unido e Canadá. Toffoli escreveu ainda que a corte presidida por ele também elege seu presidente e vice por votação secreta.
"Se é certo que não se trata de membros eleitos pelo voto popular, também é certo que essa característica de formação do Poder não o exime da transparência quanto a seus atos que ultrapassem os limites de sua mera condução administrativa. No entanto, por se tratar de ato de condução interna dos trabalhos, ou seja, interna corporis, o sigilo dessa espécie de votação, também no âmbito do Poder Judiciário, se realiza sem necessidade de que os votos sejam publicamente declarados."
Toffoli também destacou que o voto secreto protege a mesa e a escolha dos dirigentes da casa de uma eventual influência do Poder Executivo. Para o ministro Dias Toffoli, "a modificação para a eleição vindoura, por meio de decisão monocrática, sem a possibilidade de análise pelo plenário da corte (tendo em vista o recesso judiciário), implicaria em modificação repentina da forma como a eleição da mesa diretiva regimentalmente vem se realizando ao longo dos anos naquela Casa". Para ele, a manutenção da eleição secreta permite a continuidade dos trabalhos diretivos da Câmara nos moldes definidos pelo Legislativo.
Esse entendimento do presidente poderia ser utilizado novamente para a análise do pedido para que a eleição do comando do Senado seja aberta. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo, determinou, por meio de liminar (provisoriamente) que o voto seja aberto. A reportagem apurou que o presidente Dias Toffoli deve tomar uma decisão até domingo, seu último dia à frente do plantão de recesso do judiciário. A partir de segunda, o vice-presidente da corte, ministro Luiz Fux, assume o plantão.