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Durante a posse da nova chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, ela e o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), foram ovacionados, depois de discursarem em defesa da igualdade entre homens e mulheres nas forças de segurança. Nadine é a primeira mulher a assumir o cargo, desde a criação da Polícia Civil no Rio Grande do Sul, em 1841.
A cerimônia aconteceu ontem, no Palácio da Polícia, em um salão lotado de policiais e autoridades. O grande número de pessoas aumentava o calor do recinto, que fazia todos suarem às bicas, seja sob as roupas de civis, seja sob os uniformes da Brigada Militar, do Exército, da Marinha e de outras instituições que prestigiavam o evento. Os corredores de acesso também aglomeravam algumas pessoas que queriam assistir à posse.
"Houve um tempo em que os desafios variavam, dependendo se eram relativos ao sexo masculino ou feminino. Para as mulheres, quase sempre diziam respeito a aprimorar as habilidades domésticas, cuidar dos filhos, servir ao marido. As atividades profissionais normalmente ficavam restritas aos homens. Felizmente, cada vez mais, existe a consciência da importância da igualdade, dando a homens e mulheres as mesmas oportunidades", disse Nadine, ao iniciar seu pronunciamento de posse.
Mais adiante, arrematou, sendo bastante aplaudida pelos colegas: "quis o destino que coubesse a mim a honrosa e árdua tarefa de enfrentar o desafio de ser a primeira mulher a comandar a Polícia Civil".
Ao longo da sua fala, a nova chefe de polícia fez uma recapitulação histórica da participação das mulheres nas forças de segurança do Estado. Lembrou que, nos anos 1970, "a impossibilidade de homens revistarem suspeitas mulheres gerou a necessidade de contratação de mulheres nos quadros da Segurança Pública".
"De 183 alunos do curso de formação da polícia, 42 foram mulheres. A maioria foi loteada nas delegacias, na linha de frente. Além dos criminosos, precisavam vencer o preconceito", citou - acrescentando que mais 15 mulheres se tornaram policiais em 1973 e 1974.
Por fim, recordou a criação das hoje chamadas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), na década de 1980. Aproveitou a citação, para homenagear as primeiras delegadas nessa área - em que Nadine Anflor também atuou ao longo da sua carreira.
"Em 1988, ingressaram as três primeiras delegadas de polícia, com a missão de chefiar as três primeiras Deams. Duas seguiram a carreira até a aposentadoria e encontram-se aqui nos prestigiando", disse, apontando para duas mulheres na plateia, Denise Danckwardt e Vera Zacouteguy - que foram imediatamente aplaudidas.
Ao se pronunciar, Eduardo Leite também abordou a igualdade de gênero. "Temos não só o desafio fiscal e financeiro, mas também o da igualdade entre homens e mulheres, o respeito à diversidade da nossa sociedade", mencionou.
"Dentro de uma perspectiva histórica, enxergo o quanto já se avançou em relação ao respeito a homens e mulheres, com igual capacidade de contribuição em qualquer esfera, em qualquer lugar. Todos têm capacidade de dar a sua contribuição", continuou. "Mas queria dizer que a Nadine não está aqui por ser mulher, mas por sua competência", concluiu Leite.
Enquanto a nova chefe da Polícia Civil e o governador se pronunciavam sobre a igualdade entre os gêneros, algumas autoridades pareceram desconfortáveis. Era difícil dizer se a causa do desconforto era o calor ou os discursos. De qualquer forma, Nadine brincou, dizendo que pretendia reformar o auditório, para evitar as altas temperaturas na posse das próximas chefias de Polícia.
Governador vai se reunir com todos os deputados eleitos
A partir da próxima semana, o governador Eduardo Leite (PSDB) inicia uma série de reuniões com cada um dos deputados estaduais. Os primeiros encontros, que acontecerão de maneira individual, priorizarão os parlamentares eleitos para o primeiro mandato. Em um segundo momento, a intenção do governador é conversar com os demais deputados. Segundo o Palácio Piratini, todos serão convidados - sem distinção de partido.
O objetivo das reuniões é ouvir as demandas dos parlamentares e das regiões que representam, além de estabelecer um canal mais direto de diálogo. "No ano passado, já estivemos reunidos com todas as bancadas legislativas, dialogando para tratar de questões como (a prorrogação das alíquotas de) ICMS e a reforma administrativa. Agora, vamos dialogar individualmente com cada deputado, reconhecendo a legitimidade de cada um dos representantes eleitos pelos gaúchos", explicou Leite.