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Política

- Publicada em 06 de Janeiro de 2019 às 21:36

Privatização do Banrisul 'não é oportuna', diz Eduardo Leite

Governador do Estado pretende focar a reestruturação de carreiras dos servidores

Governador do Estado pretende focar a reestruturação de carreiras dos servidores


LUIZA PRADO/JC
O governador Eduardo Leite (PSDB) avalia que a privatização do Banrisul "não é oportuna" e "se torna inviável" no atual contexto estadual. O tucano também defende que o PSDB mantenha sua posição social-democrata: "não pode se deixar levar ao sabor dos ventos". As declarações foram dadas às jornalistas Estelita Hass Carazzai, da Folha de S.Paulo, e Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, do Estado de S. Paulo, e publicadas pelos jornais nas edições deste fim de semana. Confira os principais trechos das entrevistas, distribuídas pelas respectivas agências de notícias.
O governador Eduardo Leite (PSDB) avalia que a privatização do Banrisul "não é oportuna" e "se torna inviável" no atual contexto estadual. O tucano também defende que o PSDB mantenha sua posição social-democrata: "não pode se deixar levar ao sabor dos ventos". As declarações foram dadas às jornalistas Estelita Hass Carazzai, da Folha de S.Paulo, e Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, do Estado de S. Paulo, e publicadas pelos jornais nas edições deste fim de semana. Confira os principais trechos das entrevistas, distribuídas pelas respectivas agências de notícias.
Pergunta - O Rio Grande do Sul negocia a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Para os gaúchos, um ponto delicado é a venda do Banrisul. A União quer incluir o banco na lista de privatização. Como o senhor vai resolver?
Eduardo Leite - Temos outros ativos que podem ser colocados na negociação: as companhias de energia elétrica, de mineração, de distribuição de gás. Podemos até fazer venda de ativos e ações do banco, sem perda do controle acionário. Têm outras medidas que são mais importantes de passarem na Assembleia, como a reestruturação de carreiras dos servidores. Vantagens e benefícios que precisam ser revistos e que vão demandar todo o esforço do governo. A privatização do banco se torna inviável dentro desse contexto e não é oportuna para o Estado.
Pergunta - O senhor afirmou, em seu discurso de posse, que a social-democracia não morreu, "ao contrário do que dizem por aí". Quem diz? A quem foi dirigido esse recado?
Leite - Tudo na imprensa tem que ser recado para alguém (risos). Na verdade, não é um recado. Há uma leitura de que a última eleição não foi favorável para o PSDB. Reduziu-se o número de deputados federais, de governadores. De fato, não foi uma eleição boa para o partido. Mas, ao contrário do que alguns analistas dizem, o PSDB e a social-democracia não estão fragilizados, porque o eleitorado antipetista, que antes era eleitor do partido, acabou achando uma outra representação, no próprio PSL e no presidente (Jair) Bolsonaro. Eu acho que a social-democracia - que é o programa, do ponto de vista ideológico, que me representa, que reconhece o mercado e a iniciativa privada como importantes na geração de riqueza, mas também a importância do Estado para proteger especialmente os mais vulneráveis - continua viva. E terá, no nosso governo, a sua representação.
Pergunta - O senhor já declarou que o PSDB precisa "se reencontrar com suas bases". Como fazer isso, diante de um antigo eleitorado que aderiu a Bolsonaro?
Leite - Eu entendo que essa inclinação (do eleitor em apoio a Bolsonaro) foi uma resposta ao período de profunda recessão na economia brasileira. E ainda tivemos um revés muito grande, que foi a grande frustração com o que se deu com relação ao senador Aécio Neves (PSDB), que foi nosso candidato à presidência (da República, em 2014). O eleitor se deparou com, de um lado, ex-presidentes e o PT envolvidos em escândalos de corrupção e, de outro lado, o candidato que estava no segundo turno e era a alternativa também envolvido em denúncias muito graves. Isso abalou a confiança no próprio partido. O PSDB precisa resolver essas questões internamente. O senador Tasso Jereissati, quando estava na presidência do partido, havia dado início a um processo de autocrítica. Vamos ter que atualizar a própria governança do PSDB, dando mais participação das bases na condução dos destinos do partido. Isso é uma forma de se aproximar da população, que quer enxergar uma alternativa a tudo que viu de errado na política nacional.
Pergunta - Mas, diante de um cenário em que a maior parte da população optou por um presidente inclinado à direita, defender o ideário social-democrata basta para se reconectar com a população?
Leite - Um partido tem que ser firme nas suas convicções programáticas. O que não significa ser imutável, não reconhecer a mudança dos tempos. Mas ele não pode se deixar levar ao sabor dos ventos. Agora, se a população for mais à esquerda, nós vamos à esquerda; se não, vamos à direita? Não. Nós temos uma posição, a da social-democracia, com um posicionamento muito claro em relação à iniciativa privada e ao papel do Estado. Eu acho que o ideário tem que se manter, e devem se aprimorar as ferramentas de relacionamento. Eu entendo que foi aí, e não na questão programática, que a população se desconectou do partido. Na verdade, foi o partido que se desconectou da população. (O PSDB precisa) dar resposta clara em relação a desvios de comportamento de seus membros, especialmente de sua liderança. O partido não pode jogar esses problemas para debaixo do tapete, ou fingir que não é com ele. É isso que a população deve enxergar: um partido vivo, orgânico, e não com comando centralizado e que se negue ao debate dos seus próprios problemas. Que faça autocrítica, puna, expulse quem tiver que ser expulso, mas que tenha processos fortes de debate sobre conduta ética.
Pergunta - Faltou isso em relação ao senador Aécio Neves?
Leite - É muito claro que faltou. Sem dúvida nenhuma.
Pergunta - O senhor vê alguma possibilidade de o PSDB se inclinar mais à direita?
Leite - Tem que ter cuidado com o que é rotulado como esquerda ou direita. Como se cultura fosse um tema da esquerda e eficiência administrativa, um tema da direita. Cultura não é exclusividade da esquerda. Assim como privatização não pode ser um tabu. Então, fujo desses rótulos. 
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