Eduardo Leite fala em 'governar para todos'

O acirramento político que marcou a campanha eleitoral deste ano se repetiu ontem na cerimônia de diplomação dos eleitos para os cargos na Assembleia Legislativa gaúcha, na Câmara dos Deputados, no Senado e no Palácio Piratini. Esse foi o gancho para o discurso do governador diplomado Eduardo Leite (PSDB) ao fim do ato. "Numa eleição, é próprio que debatamos a divergência. Uma vez eleitos, governamos não apenas nos que votaram na gente, mas para os que não votaram também. Aos que aplaudem e aos que vaiam", mencionou.

Em quase 10 minutos de fala, Leite se referiu à democracia ao falar da eleição como "uma festa para celebrar aqueles que nos diplomam (os eleitores) e que o fizeram por sua livre participação em um processo livre e democrático". Essa referência também apareceu na fala do presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Jorge Luís Dall'Agnol. "A justiça eleitoral conflui para que toda a população, através do voto e das forças vindas da comunidade, atuem conjuntamente para permitir que o regime democrático se consolide cada vez mais através do voto e da escolha dos nossos representantes", destacou.

O ato foi realizado na Casa do Músico da Ospa, em Porto Alegre, e era aberto a convidados dos políticos diplomados. Antes da fala de Leite e Dall'Agnol, a plateia havia se manifestado intensamente durante a entrega do documento aos parlamentares. Além de Leite, a nenhum outro diplomado foi aberto período para fala, e as mensagens ao público foram passadas por gestos e placas.

Luciana Genro e Fernanda Melchiona, deputadas estadual e federal pelo PSOL, exibiram placas com a frase "Justiça para Marielle", em referência à vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, também do PSOL, assassinada em março.

Os petistas, que reúnem as maiores bancadas na Assembleia Legislativa e dentre os gaúchos na Câmara dos Deputados, além de terem reeleito o senador Paulo Paim, foram os mais vaiados pela plateia. Alguns dos deputados estaduais e federais do PT fizeram o sinal da letra "L" com a mão, em referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Maria do Rosário apresentou um tecido em que se lia "Somos milhares de Lulas".

As vaias vieram de um grande grupo de apoiadores do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), posicionado ao fundo do auditório, que gritava também "Lula está preso". Em resposta, parte da plateia gritava "Lula livre".

Aos deputados estaduais eleitos pelo PSL foram registradas as principais manifestações de apoio. Com o diploma em mãos e fardado, o Tenente Coronel Zucco bateu continência em direção à plateia. Na sequência, Ruy Irigaray fez com as mãos um sinal que lembra armas, popularizado por Bolsonaro entre seus apoiadores durante a campanha.

Dentre as curiosidades do ato houve a entrada no palco do deputado estadual eleito Rodrigo Maroni (Pode) com três cachorros - atualmente vereador em Porto Alegre, ele tem a causa animal como plataforma de campanha. Também chamou a atenção o baixo número de mulheres - 11, de um total de 55 deputados estaduais, 32 federais e dois senadores. Sentadas na primeira fileira ao lado de Eduardo Leite, todas receberam a mão do futuro governador como auxílio para descer e subir no palanque onde estavam sentados.