Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Polícia Federal

- Publicada em 12 de Dezembro de 2018 às 01:00

Operação mira 'mesada' da JBS para Aécio Neves

Senador é investigado por propina de R$ 128 mi e compra de apoio

Senador é investigado por propina de R$ 128 mi e compra de apoio


/WALDEMIR BARRETO/AGÊNCIA SENADO/JC
A Operação Ross, que cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG); à irmã dele, Andréa Neves; ao deputado Paulinho da Força (SD-SP); e a empresas que teriam emitido notas frias, investiga suposta propina de R$ 128 milhões paga pela JBS para o tucano e seu grupo de 2014 a 2017.
A Operação Ross, que cumpriu ontem mandados de busca e apreensão em imóveis ligados ao senador Aécio Neves (PSDB-MG); à irmã dele, Andréa Neves; ao deputado Paulinho da Força (SD-SP); e a empresas que teriam emitido notas frias, investiga suposta propina de R$ 128 milhões paga pela JBS para o tucano e seu grupo de 2014 a 2017.
Nesse valor estão pagamentos suspeitos de servir para a compra de apoio político para Aécio na eleição presidencial de 2014, envolvendo partidos como o Solidariedade, o DEM e o PTB, além de uma suposta "mesada" de R$ 50 mil mensais paga ao tucano pela JBS por meio da rádio Arco Íris, de propriedade da família dele. Também é mencionada a aquisição superfaturada de um imóvel do jornal Hoje em Dia, em Belo Horizonte, por R$ 17 milhões, supostamente a pedido do senador.
Em troca da propina, segundo as investigações, Aécio interveio junto ao governo de Minas Gerais para viabilizar a restituição de créditos de ICMS de empresas do grupo J&F, que controla a JBS.
O relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) é o ministro Marco Aurélio, que determinou o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na última terça-feira. As investigações foram abertas em 2017 depois que Joesley Batista e outros ex-executivos da J&F fecharam acordo de delação. As suspeitas apontam para os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Inicialmente, a Polícia Federal (PF) pediu ao Supremo medidas mais duras, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) discordou da necessidade. A PF queria medidas cautelares - recolhimento noturno, suspensão do mandato, proibição contato com outros investigados e proibição de sair do país - a Aécio e três deputados: Paulinho da Força, Benito Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
A PF também requereu a prisão temporária de cinco suspeitos de participar do esquema, entre eles, o publicitário Paulo Vasconcelos do Rosário Neto e representantes das empresas que teriam emitido as notas frias, além de busca e apreensão na casa dos senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN).
A PGR, por sua vez, sustentou que não havia elementos para impor medidas cautelares a Aécio e aos três deputados, mas concordou com a prisão temporária de alguns suspeitos que não são políticos, como o publicitário Paulo Vasconcelos. Por fim, a PGR também pediu autorização para realizar busca e apreensão em endereços de Aécio e Andréa Neves; do primo deles Frederico Pacheco de Medeiros; do publicitário Paulo Vasconcelos; das empresas Data World Pesquisa e Consultoria e PVR Propaganda e Marketing; entre vários outros, mas excluiu do pedido os senadores Anastasia e Agripino Maia. 
O ministro Marco Aurélio negou as prisões temporárias e autorizou as buscas nos termos do requerimento da PGR. Os políticos que não foram alvo dos mandados continuam, porém, sob investigação.
O defensor de Aécio, Alberto Toron, afirmou em nota que as delações tentam transformar as doações "em algo ilícito" para manter os benefícios dos acordos de colaboração.
Aécio também fez um pronunciamento na tarde de ontem, em que disse que a ação da PF foi desnecessária porque ele é o maior interessado em esclarecer todas as questões. "A verdade é que não podemos mais aceitar que delações de criminosos confessos e suas versões se sobreponham aos fatos. O fato concreto é um só. Do que estamos tratando neste inquérito? De doações a campanha eleitoral, doações feitas em 2014 de forma legal, registradas na Justiça Eleitoral, aprovadas por esta mesma Justiça Eleitoral sem qualquer contrapartida", afirmou.
Em nota, Anastasia informou que "desconhece totalmente o motivo pelo qual teve seu nome envolvido" no caso. A assessoria de José Agripino informou que ele não foi alvo de busca e apreensão, e que buscou doações para o partido dentro da lei. Também em nota, o Solidariedade disse que considera absurda a acusação de compra de apoio para a candidatura à presidência de Aécio Neves, em 2014. "Beira o ridículo", diz o comunicado.
 

Aécio já prejudicou muito o PSDB, afirma Tasso Jereissati

Ex-presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) disse ontem que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já "prejudicou muito" a imagem dos tucanos e que é preciso "dar um jeito nesse problema", quando questionado sobre as novas denúncias que envolvem o mineiro em um esquema de pagamentos via Grupo J&F.
"Eu acho que o Aécio já prejudicou muito o partido. E, se isso for comprovado (mesada para Aécio), é um negócio muito sério. Se essa mesada for realmente verdadeira, é uma questão séria", afirmou. Em seguida, Tasso foi perguntado se o caso era relevante até para expulsão de Aécio Neves da legenda. "Não estou mais na direção do partido, a gente tem que dar um jeito nesse problema. A imagem do partido não pode mais ficar ligada a isso para o resto da vida. Tem que dar um jeito", complementou.