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Operação Lava Jato

- Publicada em 30 de Novembro de 2018 às 01:00

Polícia Federal prende Luiz Fernando Pezão

Delator apontou que chefe do Executivo recebia mesada de R$ 150 mil

Delator apontou que chefe do Executivo recebia mesada de R$ 150 mil


/MAURO PIMENTEL/AFP/JC
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso, na manhã desta quinta-feira, na Operação Boca de Lobo, desdobramento da Operação Lava Jato no estado. Ele é suspeito de ter participado do esquema de corrupção de seu antecessor, Sérgio Cabral (MDB).
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), foi preso, na manhã desta quinta-feira, na Operação Boca de Lobo, desdobramento da Operação Lava Jato no estado. Ele é suspeito de ter participado do esquema de corrupção de seu antecessor, Sérgio Cabral (MDB).
Ele foi alvo de um mandado de prisão expedido pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Félix Fischer. Pezão foi apontado pelo economista Carlos Miranda, delator que afirma ter sido o gerente da propina de Cabral, como beneficiário de uma mesada de R$ 150 mil durante a gestão do ex-governador (2007-2014). Segundo o relato de Miranda, o atual governador passou a pagar R$ 400 mil a Cabral quando assumiu o cargo, em abril de 2014, após renúncia do aliado.
Pezão vem sendo citado nas investigações sobre Cabral desde o ano passado. Referências a "Big foot", "Pé" e outros apelidos similares foram encontradas nas anotações de Luiz Carlos Bezerra, espécie de carregador de mala de Miranda, a partir de 2010.
O governador sempre negou as citações ao seu nome. "Pezão repudia com veemência essas mentiras. Ele reafirma que jamais recebeu recursos ilícitos e já teve sua vida amplamente investigada pela Polícia Federal (PF)", afirmou nota distribuída pelo Palácio Guanabara há duas semanas.
De acordo com Miranda, além da mesada, Pezão recebeu "prêmios" ao final de alguns anos. Em 2008, por exemplo, o atual governador foi destinatário de R$ 1 milhão do esquema de Cabral.
Para a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, Pezão não apenas integrou o esquema de Cabral, como também "operou esquema de corrupção próprio, com seus próprios operadores financeiros".
Em delação, o economista diz que o governador pediu para que o dinheiro fosse entregue a um dos sócios da JRO Pavimentação. A empresa pertence a Cláudio Fernandes Vidal, que transferiu sua sede para Piraí em 2005, após aproximação com Pezão. Os dois ficaram amigos e se encontravam frequentemente.
Outro suposto recebedor de propina para o governador era o ex-subsecretário de Comunicação Social da gestão Pezão, segundo Miranda. Marcelo Santos Amorim, ou Marcelinho, também recebeu recursos destinados ao emedebista. O suspeito é casado com uma sobrinha do político.
Com a prisão de Pezão, Francisco Dornelles, vice-governador, já assumiu interinamente o governo do estado do Rio de Janeiro. Na linha sucessória, figura, agora, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Milton Fernandes de Souza. Isso acontece porque o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), deputado Jorge Picciani (MDB), está em prisão domiciliar desde março deste ano. Picciani foi preso na Operação Cadeia Velha, que investiga pagamento de propinas a deputados estaduais do Rio.
Pezão ficará na "sala de Estado maior" de uma unidade prisional da Polícia Militar em Niterói, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro. De acordo com o delegado da PF, a legislação determina a prisão de determinadas autoridades, como o governador, em salas, não em celas comuns.
 

Pezão é o 4º governador do Rio preso, e 1º durante mandato

Luiz Fernando Pezão (MDB) é o quarto governador do Rio de Janeiro preso nos últimos anos, e o primeiro detido durante o exercício do cargo na história recente do Rio. Antes dele, foram presos Sérgio Cabral (MDB), Rosinha Garotinho (PR) e Anthony Garotinho (PRP) - Cabral, em decorrência de investigações da Lava Jato; e o casal Garotinho, por investigações da Justiça Eleitoral.
Desde 1999, quando Garotinho assumiu mandato como governador, apenas Benedita da Silva (PT) pisou no Palácio das Laranjeiras sem, posteriormente, pisar em alguma carceragem (vice de Garotinho, ela assumiu o cargo em 2002, quando ele renunciou para se candidatar à presidência).
Antes de 1999 e após a redemocratização (1985), o Rio de Janeiro foi governado por Leonel Brizola (PDT, morto em 2004), Moreira Franco (MDB, investigado pela Lava Jato) e Marcello Alencar (PSDB, morto em 2014). Nilo Batista, vice de Brizola, também chegou a assumir o governo por oito meses.
Entre todos aqueles que foram eleitos como governador do Rio de Janeiro e que ainda estão vivos, apenas Moreira Franco não foi preso - contudo, ele é investigado pela Operação Lava Jato.
Outros dois governadores foram presos durante o exercício do cargo. Um deles, José Roberto Arruda (DEM), do Distrito Federal, foi preso em fevereiro de 2010. O outro governador foi Ronaldo Cunha Lima (PSDB), preso em 1993, por ter tentado matar o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity. Cunha Lima não aceitou as críticas de Burity ao seu filho Cássio Cunha Lima (hoje, senador do PSDB).