A reunião da comissão especial da Câmara dos Deputados que discute o projeto Escola sem Partido teve bate-boca entre deputados e manifestantes e entre os próprios parlamentares. O deputado delegado Eder Mauro (PSD-PA) discutiu com manifestantes e chegou a fazer o gesto de uma arma em direção a eles, simulando atirar. A reunião teve início às 10h45min. Mas seguiu até o início da tarde sem a leitura do parecer do relator, quando foi suspensa por conta do começo das votações da ordem do dia no plenário da casa.
O deputado Eder Mauro se envolveu ainda em uma discussão com a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA). "Eu não sei que surto foi esse. Alguma virose, algum problema no Pará? Tenha calma, deputado. O senhor tem que aceitar que o povo me pôs aqui e tem que calar-se e ouvir", declarou Alice após ser interrompida pelo parlamentar paraense.
Eder Mauro respondeu: "Calar, a senhora não vai me fazer calar". Em seguida, continuou: "Calma, deputada. A senhora quer um remédio?". Alice respondeu que era farmacêutica. "Então, a senhora mesmo pode administrar o remédio", ironizou o deputado.
Esta é a terceira reunião da comissão especial em que o relator do projeto, deputado Flavinho (PSC-SP), não consegue fazer a leitura do seu parecer. O projeto impõe regras sobre o comportamento dos professores em sala de aula e a abordagem de assuntos como educação sexual e de gênero.
A última versão do texto do projeto conhecido como Escola Sem Partido trouxe modificações. O relator do projeto manteve a proibição do uso dos termos "gênero" e "orientação sexual" nas escolas, bem como veda a promoção do que o projeto de lei chama de "ideologia de gênero" e "preferências políticas e partidárias".
Mas, se antes o projeto dizia que essas noções não poderiam estar presentes em livros didáticos e paradidáticos, agora a proibição é mais abrangente: os temas não podem fazer parte de "materiais didáticos e paradidáticos", "conteúdos curriculares", "políticas e planos educacionais" e "projetos pedagógicos das escolas".