O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), afirmou ontem que a mudança da Embaixada do Brasil em Tel Aviv para Jerusalém não está decidida ainda. A declaração foi feita após o cancelamento de um compromisso diplomático com o Brasil pelo Egito, em aparente retaliação ao plano, que alimentou temores de boicote comercial.
"Pelo que eu vi, é questão de agenda (do governo egípcio). Acho que seria prematuro um país anunciar uma retaliação sobre uma coisa que não está decidida ainda", disse Bolsonaro após visita à Marinha, em Brasília, ao ser indagado sobre o cancelamento e possíveis retaliações ao Brasil.
A ideia de transferir a embaixada para Jerusalém foi proposta na campanha eleitoral para acenar ao governo de Israel e ao eleitorado evangélico que se alinha a ele. Na quinta-feira passada, foi anunciada pelo presidente eleito em entrevista a um jornal israelense e em seu canal oficial, provocando reações adversas entre representantes árabes e diplomatas.
Na segunda-feira, o Egito cancelou a visita do chanceler Aloysio Nunes Ferreira, programada para começar hoje e se estender até domingo, com uma delegação de empresários brasileiros que já chegou ao país. O Cairo alegou problema de agenda, mas mudanças abruptas são incomuns no protocolo diplomático.
O tema havia irritado o presidente eleito mais cedo. Ao ser questionado a respeito do cancelamento, pediu: "Não, outro assunto, outra pergunta aí". Com a insistência dos repórteres, anunciou que iria embora, dando as costas aos jornalistas e interrompendo a entrevista improvisada na saída do Ministério da Defesa.