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Política

- Publicada em 06 de Novembro de 2018 às 22:24

Legislativo debate sobre manifestações em escolas

Estudantes e pais lotaram as galerias da Casa e se manifestaram durante toda a reunião

Estudantes e pais lotaram as galerias da Casa e se manifestaram durante toda a reunião


GIULIA SECCO/CMPA/JC
Diego Nuñez
Alunos, mães, pais, professores, vereadores e representantes de organizações da sociedade civil debateram intensamente sobre manifestações políticas em escolas porto-alegrenses na Câmara Municipal. O encontro foi realizado após alguns vereadores receberem reclamações de pais de alunos do colégio Marista Rosário, que recentemente foi palco de manifestações durante os dias que sucederam a eleição presidencial de 28 de outubro, em segundo turno.

Alunos, mães, pais, professores, vereadores e representantes de organizações da sociedade civil debateram intensamente sobre manifestações políticas em escolas porto-alegrenses na Câmara Municipal. O encontro foi realizado após alguns vereadores receberem reclamações de pais de alunos do colégio Marista Rosário, que recentemente foi palco de manifestações durante os dias que sucederam a eleição presidencial de 28 de outubro, em segundo turno.

Alguns alunos da instituição foram vestidos de preto para a aula de segunda-feira, no dia 29, com o intuito de promover um minuto de silêncio simbólico para expressar seu descontentamento com ao resultado das urnas, que confirmou a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) para comandará o Brasil a partir de 2019.

O ato provocou reações externas na instituição e, no dia seguinte, outros alunos realizaram um ato pró-Bolsonaro, vestindo camisetas do presidente eleito pelo PSL e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Diversos pais desaprovaram a atitude dos alunos, e a partir desse descontentamento foi sugerida uma reunião aberta no Legislativo de Porto Alegre, unindo as comissões de Defesa do Consumidor, Direitos Humanos e Segurança Urbana e de Educação, Cultura, Esporte e Juventude.

Quase 10 pais de alunos de diferentes colégios foram ouvidos. O primeiro pronunciamento em tribuna ficou por conta de Aline Kerbes, mãe de aluno do Rosário: "A escola, antes de mais nada, é lugar privilegiado da expressão, da realização, do encontro com o diferente. Nossos filhos pensam, pesquisam e estão muito implicados com as questões sociais. Se a escola não for lugar para refletir esses temas, onde será?", indagou.

Alguns pais, em seguida, afirmaram que estudantes identificados com Bolsonaro têm sofrido bullying no colégio. Foi o caso de Caio Augusto, pai de um filho de sete e outro de quatro anos, que afirmou que, durante as manifestações, "as outras crianças foram impedidas de sair no horário de intervalo". Ele defendeu a "troca de ideias de modo saudável" e afirmou que "as escolas deixaram de ser um lugar para aprender e se tornaram um local de doutrinação".

A partir daí, o objetivo do encontro começou a ser perdido. Diversos pais acusaram os professores, de uma forma geral, de serem partidarizados e defenderam veementemente o projeto "Escola sem Partido", que tramita na Câmara dos Deputados. Também houve quem conclamasse a união "dos pais para acabar com essa estratégia socialista", como colocou Claudia Frutuoso.

Em contrapartida, outros pais defenderam a livre atuação dos professores, criticaram o projeto de lei que chamam de "Escola com Mordaça" e descartaram uma possível ideologização do ensino: "quem está partidarizado, os alunos que militam por direitos humanos ou os pais que convocam parlamentares para se defender?", ponderou Jorge Terra, pai de aluno do colégio Rosário.

O debate manteve ritmo quente e agressivo, até a primeira estudante usar a palavra em tribuna. Vitória Cabreira, que tem 18 anos e é presidente da União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de Porto Alegre (Umespa), disse que estava se manifestando "em defesa de uma única pauta: a liberdade de expressão".

Ela colocou que os "estudantes sempre se manifestaram, sempre foram linha de frente. Vocês podem não concordar. Não tem problema algum. É normal discordar. Mas a gente tem o direito de se manifestar, de se organizar, de ir para a rua, assim como vocês têm direito. No Colégio Marista Rosário, foram duas manifestações, a favor e contrárias ao presidente eleito", recordou a aluna.

Outra estudante a se pronunciar foi Gerusa Pena, de 18 anos, que ressaltou que "a escola, historicamente, sempre foi construída para a gente tivesse posicionamento político, incentivasse isso, botasse isso no nosso dia a dia. A gente tem que valorizar que a escola seja palco para debate", sustentou a jovem.

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