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Assembleia Legislativa

- Publicada em 08 de Novembro de 2018 às 22:13

Mais votados no RS foram incentivados por Bolsonaro

Estreantes na política, Zucco e Irigaray apostaram nas redes sociais e na proximidade com o presidente eleito

Estreantes na política, Zucco e Irigaray apostaram nas redes sociais e na proximidade com o presidente eleito


/PSL/DIVULGAÇÃO/JC
O que os deputados estaduais eleitos para a próxima legislatura, Tenente-coronel Zucco e Ruy Irigaray, têm em comum? Os dois foram os mais votados para a Assembleia Legislativa nas eleições deste ano: Zucco somou 166.747 votos; e Irigaray, 102.117. Além disso, os dois se filiaram há alguns meses no PSL, para concorrer pela primeira vez. Os dois exploraram sua proximidade com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). E os dois foram encorajados a se candidatar por pessoas próximas ao presidente eleito.
O que os deputados estaduais eleitos para a próxima legislatura, Tenente-coronel Zucco e Ruy Irigaray, têm em comum? Os dois foram os mais votados para a Assembleia Legislativa nas eleições deste ano: Zucco somou 166.747 votos; e Irigaray, 102.117. Além disso, os dois se filiaram há alguns meses no PSL, para concorrer pela primeira vez. Os dois exploraram sua proximidade com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). E os dois foram encorajados a se candidatar por pessoas próximas ao presidente eleito.
A candidatura de Ruy Irigaray, que é empresário dos transportes para o agronegócio, começou a ser construída em um telefonema do terceiro filho do presidente eleito, deputado federal reeleito por São Paulo, Eduardo Bolsonaro (PSL). Irigaray frequenta a residência da família Bolsonaro no Rio de Janeiro desde 2013. Chama os filhos do presidente eleito pelo primeiro nome. Mas, quando se refere ao presidente eleito, usa inequivocamente a palavra "capitão". 
O deputado estadual eleito e Eduardo Bolsonaro se conheceram em 2013, quando o deputado estadual gaúcho coordenava o movimento de direita Armas S.A., que luta pela revogação do Estatuto do Desarmamento. Ao tornarem-se amigos, "nas idas e vindas à Brasília, trabalhando pela flexibilização do porte de armas", Irigaray começou a frequentar a residência da família Bolsonaro. 
"Há três anos, o Eduardo me convidou para concorrer a deputado federal (em 2018). Disse que tínhamos as mesmas bandeiras e queria que eu fosse o braço direito da família Bolsonaro no Rio Grande do Sul. Respondi que organizaria a campanha à presidência e o que precisasse, mas não podia largar meus negócios. Depois, avaliei que era melhor concorrer a deputado estadual. Afinal, tenho duas filhas e tem muita coisa para ser feita no Estado", relembrou Irigaray.
Entretanto, antes de decidir definitivamente pela candidatura, ponderou com o filho de Bolsonaro: "Eduardo, não sei nem por qual partido concorrer". Ele respondeu: "Olha Ruy, na legenda que estiver, vamos te apoiar". Aliás, em relação ao sistema político brasileiro, o próprio Irigaray defende: "Nossa visão não é partidária. Somos contra a estrutura partidária, porque tem todo aquele problema que a gente já conhece, das indicações do partido (para cargos públicos). Se pudéssemos concorrer sem partido, concorreríamos".
Mesmo assim, Irigaray passou por três siglas. A primeira foi o PSB. O deputado eleito afirma que foi levado à legenda por dois amigos da Brigada Militar, mas nunca militou entre os pessebistas. Depois, "o capitão nos deu a missão de nos filiarmos ao Pode", sigla pela qual Bolsonaro cogitou concorrer à presidência. Ele assinou a ficha neste partido no final do ano passado, mas, passado alguns meses, migrou para o PSL, que acolheu toda a família do presidente eleito. 
Uma vez decidido por que partido concorreria, começou a organizar as estratégias para os 45 dias de campanha. Nenhum centavo dos R$ 116.138,58 declarados na prestação de contas à Justiça Eleitoral veio do fundo partidário. A maioria dos recursos foram doados por pessoas que o apoiaram na empreitada política. Do total de recursos, Irigaray gastou R$ 75.212,28 em impressão de material gráfico (R$ 29,5 mil), impulsionamento da propaganda nas redes sociais (R$ 28,5 mil) e pagamento de funcionários quer trabalharam na campanha (R$ 15,4 mil), entre outras.
Apesar de ter percorrido as rodovias gaúchas para interagir pessoalmente com os moradores de 150 municípios, foi nas redes sociais que encontrou um caminho para interagir com uma quantidade maior do eleitorado. Principalmente, através do whatsapp. 
"Nos últimos três meses (antes das eleições), peguei 12 celulares com Whatsapp. Tínhamos uma média de  duas mil mensagens de apoio por dia. Os voluntários se revezavam, trabalhando duas ou três horas a cada dia. Aí disse: 'olha pessoal, cada um pega um celular, senão não vamos conseguir dar conta'. Eu já não dava conta sozinho", explicou. 
A estratégia deu resultado. Agora, Ruy Irigaray - que quer se posicionar como independente na Assembleia - pretende atuar a favor do agronegócio, do setor industrial, pela segurança pública e pela redução da máquina pública. Em relação, ao projeto de prorrogação das alíquotas atuais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), já avisa: "Votarei contra qualquer projeto de manutenção das alíquotas".

Ruy Irigaray (PSL)

Aos 35 anos, Ruy Irigaray se elegeu pela primeira vez, fazendo a segunda maior votação da Assembleia Legislativa. Embora seja formado em Direito, trabalha como empresário do setor de transportes para o agronegócio. Sua primeira filiação partidária foi no PSB. Ao longo dos anos 2000, organizou os movimentos Gaúchos de Direita e o Armas SA, que luta pelo fim do Estatuto do Desarmamento. A partir dessa militância, em 2013, tornou-se amigo de Eduardo Bolsonaro. Passou alguns meses no Patriotas. Neste ano, quando Bolsonaro e os filhos foram para o PSL, Irigaray fez o mesmo.

Tenente-coronel Zucco foi estimulado a ingressar na vida parlamentar pelo General Mourão

Zucco foi campeão de votos

Zucco foi campeão de votos


LUIZA PRADO/JC
A candidatura do tenente-coronel Zucco (PSL) se concretizou em uma reunião com o vice-presidente eleito General Mourão (PRTB). O deputado estadual mais votado arrecadou R$258.393,97 para a campanha. A maioria - cerca de R$ 211,7 mil - de doações de pessoas físicas. Recebeu R$ 30 mil do partido. Ele explica, nesta entrevista, como decidiu se candidatar.
Jornal de Comércio - Como foi a decisão de entrar para a política?
Tenente-coronel Zucco - Sou oficial do Exército há quase 27 anos. Já trabalhei nas forças de pacificação no Rio de Janeiro, no Complexo da Maré e na Penha. Há um bom tempo, faço palestras na área da segurança. E, ao longo dessa trajetória, alguns amigos que gostavam das minhas ideias começaram a me estimular a entrar na carreira política.
JC - O que foi decisivo?
Zucco - Fui encontrar o General Mourão no início deste ano, achando que ele ia me convencer a não concorrer. Mas foi o contrário. Ele já sabia do meu conhecimento, do meu profissionalismo e, depois de me falar das dificuldades da vida política, me estimulou a me candidatar. O General Mourão foi meu comandante no Comando Militar do Sul. Posso chamá-lo de amigo. Ele não escondeu nenhuma vez o carinho que tinha por minha pessoa. 
JC - Foi aí que se filiou ao PSL?
Zucco - Me filiei em julho porque ainda estava na ativa (nas Forças Armadas). Foi no começo de julho, no fim do prazo, que me filiei ao PSL. Para a campanha, pedi uma licença. Um dia depois das eleições, já estava fardado para retornar ao quartel. Quando acontecer a diplomação, inicia-se o processo para ir para a reserva.
JC - Já acompanhava a trajetória de Jair Bolsonaro, antes de decidir concorrer?
Zucco - O Jair foi capitão do Exército e paraquedista, como eu. Já acompanhava as ideias dele. Tenho amigos que são muito próximos a ele. Inclusive, um amigo que concorreu em Goiás. Através desse amigo, que também foi militar, tive a oportunidade de encontrar o Jair uma vez. E houve uma aproximação por afinidade de ideias. Minha intenção, no início, era concorrer exclusivamente para apoiá-lo. O Jair é muito focado no que ele quer: expandir o Ensino a Distância para todos os níveis da educação, expurgar de uma vez a ideologia de gênero das escolas, o fim do Estatuto do Desarmamento etc.
JC - A que atribui sua votação?
Zucco - Foram vários fatores. As redes sociais foram muito importantes. Tinha uma página no Facebook, onde dava dicas sobre segurança. Além disso, tenho muitos amigos no Rio Grande do Soul. As palestras também ajudaram. Logicamente, ser oficial do Exército, ter uma proximidade com o General Mourão e apoiar o nosso capitão Jair Bolsonaro também ajudaram muito. Não esperava um resultado tão positivo.

Tenente-Coronel Zucco (PSL)

O tenente-coronel Luciano Lorenzini Zucco nasceu em 9 de setembro de 1974, no município de Alegrete. O oficial do Exército estudou Ciências Militares na Academia Militar das Agulhas Negras. Atuou no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Possui o curso de Técnicas Policiais na Special Weapons and Tactics (SWAT), em Los Angeles (EUA), além de curso de Inteligência na ABIN e no Exército. É pós-graduado em Docência do Ensino Superior, mestrado em Inteligência Estratégica e, atualmente, conclui o MBA Executivo em Segurança Privada e Segurança Pública.