Numa manobra para manter o controle dos Correios, o ministro Gilberto Kassab (Comunicações) vai trocar o comando da empresa. O atual presidente, Carlos Fortner, vai assumir a Diretoria de Operações, dando lugar para um general assumir a chefia dos Correios. O escolhido é o atual presidente do conselho da estatal, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, que tem mais afinidade e mais chances de permanecer no novo governo de Jair Bolsonaro (PSL).
Ligado a Kassab, Fortner enviou mensagem a colegas dos Correios avisando que a "transição já começou" e informando das mudanças pelas quais passará a empresa.
Segundo Fortner escreveu, toda a parte comercial e de agências também ficará sob a tutela de sua diretoria. "Haverá mudança do estatuto, simplificando a estrutura", escreveu. Ele justifica que seu sucessor, general Juarez, "tem acesso direto à nova cúpula da presidência" e que "não haverá ingerência política como hoje" nos Correios.
Segundo Fortner registrou aos colegas, as mudanças passarão ainda por três pontos: "enxugamento da empresa para torná-la mais competitiva, menos VPs (vice-presidências); não haverá ingerência política como hoje; haverá valorização da meritocracia". Procurado, Fortner não quis comentar a sua substituição.
Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro chegou a mencionar que a estatal pode ser privatizada no seu governo. Seu futuro ministro da Economia, o economista Paulo Guedes, também é defensor das privatizações de empresas públicas.
O loteamento político dos Correios foi estopim da crise que levou ao escândalo do mensalão, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2005. Na época, a estatal estava sob a influência do PTB, de Roberto Jefferson.