O segundo turno das eleições deste ano manteve a tendência de abstenção observada nos últimos 20 anos para o pleito presidencial. No domingo, 31.371.704 brasileiros não foram às urnas. Esse total representa 21,3% do eleitorado brasileiro.
Além disso, foram 2.486.593 de votos em branco (2,14%) e 8.608.105 de votos nulos (7,43%). Antes deste período, em 1994, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito no primeiro turno, a abstenção chegou a 29,3% do eleitorado.
Em 1998, na disputa entre FHC e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 21,5% dos eleitores deixaram de votar. Na eleição seguinte, em 2002, quando Lula derrotou José Serra (PSDB) no segundo turno, os não votantes foram 20,46% dos eleitores. Na reeleição de Lula, em 2006, foi registrado o menor índice do período: 16,8% do eleitorado se absteve no primeiro turno. No segundo, o percentual foi de 18,9%.
No ano de 2010, na primeira eleição de Dilma Rousseff (PT), a taxa de abstenção no segundo turno ficou em 21,5% - o mesmo percentual de 1998. Na reeleição da petista, em 2014, chegou a 21,1% do eleitorado no segundo turno. Os dados são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
O crescimento do índice deste ano, contudo, não pode ser considerado significativo, avalia o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Mauricio Assumpção Moya. "O que se pode observar é que a abstenção vem crescendo um pouco a cada ano", pondera. Ele indica que, embora o percentual de 2018 seja maior em relação a anos anteriores, a alta não foi abrupta, o que pode indicar uma tendência do eleitorado brasileiro.
Moya acredita que a abstenção tende a crescer nos próximos anos porque, apesar de o voto ser obrigatório no Brasil, "a punição é mínima". Mas pondera que ainda é cedo para uma avaliação. "Apesar de serem 20 anos de dados, isso representa apenas cinco eleições".