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eleições 2018

- Publicada em 29 de Outubro de 2018 às 01:00

Sartori diz que governo tucano terá seu apoio

Emedebista salientou a derrota de projetos de esquerda no primeiro turno

Emedebista salientou a derrota de projetos de esquerda no primeiro turno


MARCO QUINTANA/JC
O clima no local escolhido pelo governador José Ivo Sartori (MDB) para o pronunciamento após resultado do pleito era de consternação. Ao reconhecer a vitória do governador eleito Eduardo Leite (PSDB), Sartori ofereceu o seu apoio ao próximo governo. Depois da apuração das urnas - que apontaram 53,62% dos votos válidos para o tucano e 46,38% para o emedebista - Sartori foi recebido no Intercity Hotel, na Capital, pela sua equipe de governo e militantes. Entre lágrimas e abraços, eles gritavam "Sartori, Sartori, Sartori!"
O clima no local escolhido pelo governador José Ivo Sartori (MDB) para o pronunciamento após resultado do pleito era de consternação. Ao reconhecer a vitória do governador eleito Eduardo Leite (PSDB), Sartori ofereceu o seu apoio ao próximo governo. Depois da apuração das urnas - que apontaram 53,62% dos votos válidos para o tucano e 46,38% para o emedebista - Sartori foi recebido no Intercity Hotel, na Capital, pela sua equipe de governo e militantes. Entre lágrimas e abraços, eles gritavam "Sartori, Sartori, Sartori!"
O candidato derrotado demorou para entrar no auditório onde estava programada a entrevista coletiva, pois todos queriam abraçá-lo. Aliás, não só ele, mas também a sua família, que o acompanhava desde a manhã. Muitos apoiadores estavam comovidos. Alguns choravam emocionados. Outros pareciam irritados.
Tanto que, enquanto o governador entrava no local da coletiva, um militante ironizou os jornalistas que o aguardavam. "Parabéns para quem publicou pesquisas mentirosas", gritou um homem. Ele se referia ao levantamento de intenção de votos realizada pelo Ibope, divulgada no sábado.
A coligação de Sartori chegou a acionar a Justiça Eleitoral, na tentativa de barrar a publicização da pesquisa, por avaliar que o método não respeitava a normativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entretanto, o pedido foi negado. O Ibope indicou 57% dos votos a Leite e 43% a Sartori, com margem de erro de dois pontos percentuais.
De qualquer forma, o assunto foi logo esquecido, pois, no início da coletiva, o governador deu uma demonstração da sua conhecida espirituosidade. Assim que se posicionou ao lado de correligionários, o mestre de cerimônia anunciou que abriria o microfone às perguntas. Entretanto, Sartori disse que faria um pronunciamento. E brincou: "Acho que ainda posso mandar em alguma coisa". Por um momento, as risadas dissiparam a frustração.
Apesar da brincadeira, era visível que Sartori também estava consternado. Tinha lágrimas nos olhos e a voz embargada. Por isso, logo esclareceu: "Vou falar algumas palavras, depois vou deixar vocês com o chefe da Casa Civil, Cleber Benvegnú. Ele vai falar com vocês da imprensa, porque, como podem ver, não estou em condições de falar".
Em seguida, abriu um rascunho do discurso e avaliou o resultado do pleito. "O Rio Grande do Sul ganhou nesta eleição. Afinal, os dois projetos que foram para o segundo turno mostraram que os gaúchos deixaram para trás o modelo do retrocesso", avaliou Sartori, referindo-se aos projetos das candidaturas de esquerda. Também se disse honrado pela votação competitiva. "A partir de 1 de janeiro de 2019, o Eduardo Leite vai ser o governador de todo o Rio Grande do Sul. Ele vai poder contar com o meu apoio", concluiu. No final do seu discurso, agradeceu aos militantes. A plateia o ovacionou. Algumas vozes se sobressaíam. "Obrigado a você, Sartori", gritavam. Depois disso, o governador foi embora.
O dia de ontem foi atribulado para Sartori. Depois de tomar o café com a família, visitou as rádios Guaíba, Bandeirantes e o estúdio móvel da Gaúcha, instalado na Pucrs. Depois, com a família, pegou o avião para Caxias do Sul, onde votou por volta do meio-dia.
Durante a entrevista na Gaúcha, Sartori acabou se deparando com o adversário, que havia acabado de conversar com os jornalistas do veículo. Ao ver Eduardo Leite cercado de repórteres de outros meios de comunicação, Sartori apenas se dirigiu ao estúdio, instalado à céu aberto. Antes de ir embora, o tucano foi cumprimentar o emedebista, que, a essa altura, já estava ao vivo. "Um ótimo domingo para o senhor", desejou. "Espero que o meu dia seja melhor que o seu", brincou Sartori, bem-humorado. Leite respondeu: "vai ser o que o povo gaúcho desejar". Através do resultado das urnas, a população acabou concedendo um dia melhor ao tucano, pelo menos do ponto de vista eleitoral.

Rio Grande do Sul mantém tabu de não reeleger o chefe do Executivo

Com a derrota do governador José Ivo Sartori (MDB) nesta eleição, o Rio Grande do Sul mantém o tabu de não reeleger os chefes do Executivo. Sartori é o nono político a governar o Estado desde 1982, quando foi restituída a eleição direta para governador no Estado. Inclusive, o emedebista argumentou que a falta de continuidade de um projeto foi um dos fatores que causaram o agravamento das finanças gaúchas.
Depois da redemocratização, a reeleição foi instituída no Brasil em 1997. Os últimos governadores do Rio Grande do Sul foram Jair Soares (PDS, 1983-1986), Pedro Simon (PMDB, 1987-1990), Sinval Guazzelli (PMDB, 1990), Alceu Collares (PDT, 1991-1994), Antonio Britto (PMDB, 1995-1998), Olívio Dutra (PT, 1999-2002), Germano Rigotto (PMDB, 2003-2006), Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010), Tarso Genro (PT, 2011-2014) e Sartori (MDB, 2015-2018).

Benvegnú avalia papel dos servidores no resultado eleitoral

Depois do pronunciamento do governador José Ivo Sartori (MDB) sobre o resultado da eleição, o chefe da Casa Civil, Cleber Benvegnú, falou com a imprensa. Na ocasião, um jornalista o questionou se os servidores públicos - que têm o salário parcelado há mais de 30 meses pelo governo do emedebista - foram decisivos para o desfecho do pleito. Afinal, durante a campanha, o governador eleito, Eduardo Leite (PSDB), prometeu colocar em dia o salário dos servidores no primeiro ano de sua administração. Sartori, por sua vez, não estipulou um prazo para isso.
Ao responder, Benvegnú deu um relato pessoal que presenciou no Palácio Piratini. "Dezenas de vezes, o governador recebeu sugestões que eram publicamente, jornalisticamente, eleitoralmente mais convenientes do que não se comprometer com prazos. O salário dos servidores é um desses casos. Mas ninguém tem bola de cristal para saber o que vai acontecer na economia no ano que vem", falou.