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eleições 2018

- Publicada em 22 de Outubro de 2018 às 23:24

Debate da Agert tem troca de acusações

Entre os blocos do programa, assessores de ambos os oponentes se aproximavam para dar orientações

Entre os blocos do programa, assessores de ambos os oponentes se aproximavam para dar orientações


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
O debate da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), transmitido ontem por 141 emissoras de rádio do interior do Rio Grande do Sul - deu a largada à última semana da campanha eleitoral dos candidatos ao governo do Estado que passaram ao segundo turno, o governador José Ivo Sartori (MDB) e o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB).
O debate da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (Agert), transmitido ontem por 141 emissoras de rádio do interior do Rio Grande do Sul - deu a largada à última semana da campanha eleitoral dos candidatos ao governo do Estado que passaram ao segundo turno, o governador José Ivo Sartori (MDB) e o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB).
Tanto o emedebista quanto o tucano intensificaram as críticas e, toda vez que respondiam às demandas dos municípios gaúchos, acrescentavam à resposta um ataque ao adversário. Os dois acusaram um ao outro de mentir aos eleitores ou mudar de opinião.
Logo no primeiro dos quatro blocos, o único em que os candidatos fizeram perguntas diretas, o confronto ficou claro. Em vários momentos, Sartori e Leite reclamaram que o rival "faltava com a verdade". Em outros tantos, começavam sua fala anunciando que iriam "restabelecer a verdade". O embate começou com interlocuções como a seguinte.
O tucano questionou o emedebista sobre os benefícios do ingresso no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), como a suspensão do pagamento da dívida por três anos (prorrogáveis por mais três), o que faria com que o Estado deixasse de gastar cerca de R$ 11,3 bilhões. "O candidato Sartori diz que a suspensão do pagamento vai deixar recursos para investimentos no Estado. Só que o Estado já não paga a dívida, por conta de uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF). Para onde vai esse dinheiro?", perguntou.
Ao responder, Sartori repetiu um conjunto de informações que formam um dos pilares da sua campanha: contou que renegociou a dívida com a União, reduzindo os juros de 6% para 4%; disse que substituiu o indexador do IGP-DI para IPCA; afirmou que foi uma ação da Procuradoria-Geral do Estado que garantiu no STF a liminar que suspendeu o pagamento da dívida. E, claro, falou do valor que, com a adesão ao RRF, ficaria no Estado.
"O candidato Sartori não respondeu à pergunta. Além disso, falta com a verdade ao dizer que R$ 11,3 bilhões vão ficar no Estado. Isso não é verdade, porque teremos que pagar esse valor depois dos três anos. Resolve o problema de caixa desse governo, mas os futuros governadores vão ter que pagar essa conta", replicou Leite - acrescentando que é a favor do RRF, entretanto, "ele não resolve nossos problemas, é apenas parte da solução".
Sartori treplicou: "Uma hora, o meu adversário é a favor do RRF. Em outra, é contra. Mas, quando precisa tomar uma atitude, não toma". Discussões como essa instauraram expressões tensas no rosto dos assessores e marqueteiros que acompanhavam o evento dentro do estúdio.
Aliás, entre um bloco e outro, a assessoria do emedebista e do tucano cercavam os dois candidatos, como fazem os treinadores de boxe ao final de cada round. Aproveitavam os cinco minutos dos intervalos comerciais para sussurrar orientações e alcançar papéis com notícias de jornais e documentos que os dois usaram ao longo do debate. 
Um dos momentos em que esses papéis vieram à tona foi quando Sartori perguntou a Leite sobre a privatização do Banrisul. "O meu adversário vive insinuando que vou privatizar o Banrisul. Nunca pensamos nisso. Mas e o senhor, Eduardo Leite, vai privatizá-lo?"
"Não vamos privatizar o Banrisul, nem a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento). Quem privatizou o Banrisul foi o senhor, que vendeu ações do banco (o governo vendeu 49% das ações ordinárias em abril deste ano). E mais: o dinheiro que arrecadou com isso foi gasto com o custeio da máquina. Defendemos que o dinheiro de privatizações seja destinado a investimentos", respondeu o candidato do PSDB.
Na réplica, Sartori mostrou às pessoas que acompanhavam o evento de dentro do estúdio - inclusive, jornalistas da Capital - uma cópia de uma notícia de 2016, publicada em um veículo de imprensa.
"O senhor, Eduardo Leite, muda tanto de opinião que me deixa até estarrecido. Em uma entrevista ao Jornal Metro, disse que não tinha preconceito em privatizar o Banrisul. Não sei se estou falando com o candidato de ontem ou com o candidato de hoje. Afinal, certamente, o candidato de amanhã vai dizer outra coisa", alfinetou Sartori.
Nos outros blocos, quando responderam a perguntas de jornalistas de rádios do Interior, se confrontaram outra vez. A questão era sobre construção de acessos asfálticos em cidades do Interior. Depois de dizer que foi o único governador que não teve condições de fazer financiamentos, Sartori afirmou que, mesmo assim, conseguiu asfaltar rodovias gaúchas. 
Leite rebateu: "Se não conseguiu financiamentos, como revitalizou as rodovias? Mais uma vez, o governador falta com a verdade. Afinal, o dinheiro para essas obras veio de financiamentos encaminhados pelo governo anterior (Tarso Genro, PT, 2011-2014)".
Nas considerações finais, o emedebista comentou: "Por favor, (candidato Eduardo Leite), não diga mais que eu falto com a verdade. Não gosto disso".

Apoio de candidatos a Jair Bolsonaro foi abordado durante a discussão

O segundo turno da disputa pela presidência da República, entre o candidato Jair Bolsonaro (PSL) e Fenando Haddad (PT), foi assunto do debate entre os candidatos ao governo do Estado, José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB).
Sartori - que tem se aproximado da imagem do candidato do PSL no programa eleitoral gratuito - tentou colocar em dúvida o apoio de Leite a Bolsonaro. "Candidato Eduardo Leite, neste domingo fui à manifestação no Parcão (em apoio ao candidato do PSL). Estava muito bonito, com as cores verde e amarelo. Minha posição é clara. Não vi o senhor lá", alfinetou. 
Aí foi a vez de o tucano sacar uma notícia de jornal, publicada em 2016, e mostrá-la às pessoas no estúdio. "Nesta matéria, o senhor, governador Sartori, diz que é contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que estava tramitando naquela época. Naquele momento, não foi aos protestos no Parcão. Agora, na véspera da eleição, em uma atitude eleitoral, vai", rebateu.