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Política

- Publicada em 16 de Outubro de 2018 às 22:27

Saída de Brum Torres revela cisão no MDB após apoio a Bolsonaro

'Pragmatismo tem limite', diz quadro histórico do partido

'Pragmatismo tem limite', diz quadro histórico do partido


JONATHAN HECKLER/ARQUIVO/JC
Carlos Villela
Ex-secretário estadual do Planejamento em duas gestões do MDB no Palácio Piratini, o professor João Carlos Brum Torres pediu desligamento do partido. A saída de Brum Torres, que também foi coordenador do plano de governo de José Ivo Sartori (MDB) em 2014, é a primeira grande baixa do partido após a recomendação de voto do diretório estadual para o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
Ex-secretário estadual do Planejamento em duas gestões do MDB no Palácio Piratini, o professor João Carlos Brum Torres pediu desligamento do partido. A saída de Brum Torres, que também foi coordenador do plano de governo de José Ivo Sartori (MDB) em 2014, é a primeira grande baixa do partido após a recomendação de voto do diretório estadual para o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).
"Essa aí eu achei que era demais, o compromisso com valores democráticos é uma coisa da origem do MDB", disse Torres e acrescentou: "o pragmatismo tem limite". Segundo Brum Torres, que foi secretário durante os governos Antonio Britto (1995-1998) e Germano Rigotto (2003-2006), o MDB "fica muito desfigurado quando a gente corre para dizer 'nós também somos Bolsonaro', uma personalidade cujo livro de cabeceira é do Brilhante Ustra, comandante daquele aparelho semiclandestino no qual o método de interrogatório era torturar as pessoas".
Apesar de ser o primeiro nome a sair do MDB após o apoio ao deputado fluminense, não é o primeiro caso de inconformidade entre os apoiadores de Sartori, que busca a reeleição. Logo após a declaração de apoio a Bolsonaro, a corrente do PSB "Levanta, Rio Grande!" liderada por Hermes Zaneti pediu a retirada do partido da coligação, algo que a executiva estadual negou.
Dentro do MDB, o advogado e quadro histórico do partido João Carlos Bona Garcia, que foi chefe da Casa Civil no governo Britto, declarou voto crítico em Fernando Haddad (PT) e disse que "o MDB acabou renunciando à sua própria história" com o apoio do diretório estadual a Bolsonaro. "Não precisava esse atropelo, não precisava sair logo tomando partido", disse. Preso e torturado durante a ditadura, Bona Garcia criticou Bolsonaro afirmando que "jamais votaria nele pela minha história. Ele incita a violência, que apoia o regime ditatorial de 1964, que apoia a tortura, que quer armar todo mundo. É a barbárie". Bona Garcia, entretanto, declarou que não pretende deixar o MDB, que mantém o apoio a Sartori e que pretende discutir isso dentro do partido.
O próprio Rigotto, que concorreu em outubro à vice-presidência na chapa de Henrique Meirelles (MDB), fez questão de destacar à reportagem que não fez parte da decisão do diretório estadual que consolidou a recomendação de voto em Bolsonaro. Segundo o ex-governador, havia uma luta histórica de diretórios estaduais, o do Rio Grande do Sul incluso, por um projeto nacional próprio, e que concorreu junto a Meirelles "acreditando que o partido assumiria a candidatura". A chapa recebeu 1,96% dos votos no Rio Grande do Sul e ficou em sexto lugar. Rigotto acredita que, como ele e Meirelles criticavam a polarização entre Haddad e Bolsonaro, seria incoerente tomar uma posição agora. Ele, no entanto, diz que respeita a decisão. 
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