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Política

- Publicada em 13 de Outubro de 2018 às 13:08

Conselho da Ufrgs emite nota contra 'autoritarismo e violência política' nas eleições

Nota da Ufrgs foi aprovada em reunião na quarta-feira (11) após casos de violência pelo País

Nota da Ufrgs foi aprovada em reunião na quarta-feira (11) após casos de violência pelo País


MARIANA CARLESSO/JC
Patrícia Comunello
A tensão e registro de atos violentos em diversos pontos do Brasil que marcam o segundo turno das eleições provocaram o posicionamento do Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com sede em Porto Alegre. O Consun é o órgão superior da instituição.
A tensão e registro de atos violentos em diversos pontos do Brasil que marcam o segundo turno das eleições provocaram o posicionamento do Conselho Universitário (Consun) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com sede em Porto Alegre. O Consun é o órgão superior da instituição.
Em nota aprovada em reunião nessa quarta-feira (11), o órgão se posicionou "contra o autoritarismo e a violência política na vida cotidiana", além de reforçar valores das universidades públicas. O Consun ainda defendeu os direitos dos trabalhadores, a preservação da cultura e o respeito às diferenças (confira a íntegra da nota no final do texto).
"Entendemos que o fortalecimento da universidade pública, pilar do desenvolvimento científico e tecnológico nacional, é o caminho para a construção de um País justo, includente e democrático", diz a nota dos conselheiros. O órgão é formado por representantes de professores, servidores, estudantes e da sociedade. A Ufrgs é considerada, por critérios de avaliação do Ministério da Educação, como a melhor universidade entre as federais e a segunda entre todas as existentes, públicas e privadas.
No manifesto, os conselheiros também defendem a imediata revogação da Emenda Constitucional 95, chamada de PEC do Teto, que gerou cortes e limitações de verbas. A reitoria da instituição vem apontando que a regra reduziu recursos para investimentos e bolsas de ensino e pesquisa.
A manifestação da Ufrgs ocorre em meio a registros de episódios de violência em diversos pontos do País envolvendo apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), os dois candidatos que estão no segundo turno. Entre os casos está a morte de um conhecido artista popular da Bahia, Moa do Katendê, que foi esfaqueado durante discussão política com um apoiador de Bolsonaro.
Em Porto Alegre, a polícia investiga a agressão a uma jovem por homens que teriam identificado a vítima com opção homossexual, por portar um adesivo da campanha #EleNão (puxado por movimentos de mulheres contrários ao candidato do PSL). O corpo da jovem foi marcado com cortes que lembram a suástica nazista, mas os investigadores chegaram a descartar a associação e buscam os responsáveis.
As universidades também viraram foco de polêmicas devido a eventos políticos marcados por estudantes como o Diretório Central de Estudantes (DCE) da Ufrgs e da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na Ufrgs, o lançamento de um comitê de campanha pró-Haddad, que ocuparia uma área externa dentro do campus Centro, na Capital gaúcha, em 18 de setembro, foi proibido pela Justiça, atendendo a pedidos como o do agora deputado federal eleito (no primeiro turno, ele era candidato) Marcel van Hattem (Novo). Os estudantes e apoiadores acabaram fazendo a ação na calçada, no lao de fora do campus.
Na UFPR, o Tribunal Regional Eleitoral paranaense (TRE-PR) proibiu a realização de um painel marcado para a quarta-feira (11) e que discutiria a violência nas eleições. O evento seria nas dependências da instituição e foi motivado por um caso de agressão física atribuído a simpatizantes de Bolsonaro. No perfil do Facebook, o DCE da UFPR divulgou nota sobre a decisão do TRE-PR em forma de receita de bolo de cenoura. Este tipo de publicação ocorria em jornais durante a ditadura militar no Brasil, como forma de fugir dos censores que estavam dentro das redações.
Ainda no Rio Grande do Sul, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) registrou pichação ofensiva a negros, que estão sendo associadas à polarização da eleição.
Desde que a violência e ainda a disseminação de mensagens enquadradas como fake news em redes sociais - desde Facebook como listas de WhatsApp ganhou grau mais elevado nesta eleição, organismos como Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Ministério Público Federal (MPF) lançaram medidas para coibir as notícias falsas. Já o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos se manifestou preocupação com o clima da eleição, nessa sexta-feira (12), e qualificou como "delicada" a situação no País. O órgão pediu ação de líderes políticos e citou o atentado a Bolsonaro e o assassinato na Bahia.
O cientista político e professor da Pucrs Augusto Neftali Corte de Oliveira alertou, em entrevista ao Jornal do Comércio no dia seguinte ao atentado, para o risco de crescimento da violência e o descrédito de instituições em controlar a situação.

Confira íntegra da nota do Conselho Universitário da Ufrgs:

Neste momento de disputa eleitoral, o Conselho Universitário da UFRGS, reunido na Sala dos Conselhos em 11 de outubro de 2018, vem a público manifestar a defesa incondicional da universidade pública, gratuita, autônoma, laica, pluralista, de qualidade, socialmente referenciada, de gestão democrática, centrada nos órgãos deliberativos e conectada às demandas da sociedade.
Entendemos que o fortalecimento da universidade pública, pilar do desenvolvimento científico e tecnológico nacional, é o caminho para a construção de um país justo, includente e democrático. Esta defesa se faz necessária nesse momento de garantia do exercício do estado democrático de direito, duramente conquistado e reafirmado na Constituição Cidadã de 1988.
Por todas essas razões, o Consun se posiciona:
Contra o autoritarismo e a violência política na vida cotidiana;
Pelo respeito aos direitos das classes trabalhadoras;
Pela imediata revogação da Emenda Constitucional 95 (a emenda do teto);
Pela preservação da cultura e suas instituições;
Pelo direito à diferença;
Pelo reconhecimento dos direitos das mulheres, da livre orientação sexual e de gênero, dos negros, quilombolas e indígenas;
Pela defesa dos direitos humanos, a liberdade acadêmica e da DEMOCRACIA.
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