Quatro destaques do Truco no RS

O programa de governo de Júlio Flores (PSTU), disponível no site do partido, cita um ranking atribuído à Organização Internacional do Trabalho (OIT) que mostra o Brasil como o quarto país com mais acidentes de trabalho no mundo, com 718 mil casos. O dado foi classificado como "falso" porque a OIT, agência especializada das Nações Unidas (ONU), jamais produziu uma lista comparando países com relação a números de acidentes de trabalho. Além disso, os dados mantidos pela OIT sobre o Brasil são de 2011, e mostram 639 mil acidentes. São contabilizados cerca de 718 mil casos em outra fonte: o Anuário Estatístico da Previdência Social (Aeps) de 2013.

Ao defender em seu programa de governo ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população idosa do Rio Grande do Sul, Jairo Jorge (PDT) afirmou que o estado concentra a maior parcela "de população de terceira idade" no Brasil. É verdade. Segundo os dados de projeção populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 17,6% da população gaúcha têm mais de 60 anos. O estado lidera o ranking de envelhecimento, seguido por Rio de Janeiro (16,3%), Minas Gerais (15,2%), São Paulo (14,8%) e Paraná (14,5%).

Mateus Bandeira (Novo) trava um embate à parte com Eduardo Leite (PSDB) nas redes sociais. Natural de Pelotas, cidade governada pelo tucano entre 2013 e 2016, Bandeira criou uma "série" chamada #leitegate em sua página oficial no Facebook. Em uma das postagens, Bandeira afirma que Leite aumentou o IPTU em Pelotas, mas o dado é "discutível". Segundo Eugenio Lagemann, professor de Economia da Ufrgs, na comparação entre as alíquotas, seria possível até mesmo afirmar que houve redução - e não aumento - do imposto. Mas há outras variáveis, como a base de cálculo e a planta genérica de valores. Outra possibilidade é dimensionar o impacto na arrecadação, base do argumento de Bandeira: um estudo encomendado pela prefeitura mostrou que a receita do IPTU aumentou de R$ 22 milhões em 2014 para R$ 42 milhões em 2015 - 93% a mais.

Ainda sobre a discussão entre Bandeira e Leite, que esquentou no debate da Federasul, o tucano disse que precisou renegociar uma dívida de Pelotas com o Banrisul para não perder R$ 110 milhões em investimentos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). De fato, um ofício enviado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) em 2013 ao então prefeito exigia que o município apresentasse o termo de cancelamento da operação para poder firmar convênios com o governo federal. Somente assim, seria possível aprovar projetos para a pavimentação de ruas em Pelotas, como ocorreu nos anos seguintes.