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eleições 2018

- Publicada em 24 de Setembro de 2018 às 22:00

Mário Bernd sugere mais presídios e reinserção social

Entrevista com o candidato ao Senado pelo PPS, Mário Bernd.

Entrevista com o candidato ao Senado pelo PPS, Mário Bernd.


CLAITON DORNELLES /JC
Candidato ao Senado pelo PPS, Mário Bernd defende a construção de mais presídios federais com foco em ressocialização e reinserção no mercado de trabalho, e que os presos trabalhem para custear seu tempo na cadeia. Bernd, que junto com Luis Carlos Heinze (PP) concorre ao Senado pela chapa majoritária de Eduardo Leite (PSDB), quer uma participação ativa dos senadores gaúchos para ajudar o Rio Grande do Sul a superar a crise, e uma diminuição do Estado para incentivar e facilitar o empreendedorismo.
Candidato ao Senado pelo PPS, Mário Bernd defende a construção de mais presídios federais com foco em ressocialização e reinserção no mercado de trabalho, e que os presos trabalhem para custear seu tempo na cadeia. Bernd, que junto com Luis Carlos Heinze (PP) concorre ao Senado pela chapa majoritária de Eduardo Leite (PSDB), quer uma participação ativa dos senadores gaúchos para ajudar o Rio Grande do Sul a superar a crise, e uma diminuição do Estado para incentivar e facilitar o empreendedorismo.
Na última entrevista da série do Jornal do Comércio com os candidatos ao Senado, Bernd também afirma ser favorável à descriminalização do aborto, uma decisão que segundo ele cabe apenas à gestante, e o acesso ao procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Jornal do Comércio - O que o senhor pretende fazer pelo Rio Grande do Sul caso seja eleito senador?
Mário Bernd - O senador tem compromisso com o Estado, por exemplo: o ajuste fiscal tem que ser buscado com toda a força e o trabalho do senador, do Congresso Nacional, pressionando o governo federal. O Rio Grande do Sul precisa ser tratado com respeito, com dignidade e com uma solução que atenda os interesses do povo gaúcho sem causar perda de renda e especialmente sem causar mais desemprego. Mais do que isso, um senador tem que também auxiliar o governo do Estado, propondo medidas especialmente em algumas questões que eu acho fundamentais, e os atuais senadores não se deram conta ou não tiveram vontade política de fazer. O senador do Rio Grande do Sul também tem que se preocupar com a segurança, e eu vou ter um projeto na área que é a construção, pelo governo federal, de presídios de segurança máxima, no mínimo um por estado, para que os presídios voltem a ser uma oportunidade de ressocializar os criminosos. Hoje, o Estado não consegue nem policiar as galerias dos presídios que são faculdades de novos criminosos. Eu vou propor que 10% do orçamento do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) seja obrigatoriamente colocado para o financiamento e o planejamento de hidrovias e ferrovias, especialmente ferrovias. Esse é um país continental, nós não podemos abandonar isso. Isso também é função do senador, e não ficar quieto lá. Hoje, à exceção da senadora Ana Amélia Lemos (PP), o Senado se comporta simplesmente como um fórum que examina os futuros embaixadores, os chefes de agências, ninguém veta ninguém, é uma entrevista morna, é um compadrio. E mais do que isso, o senador Paulo Paim (PT) é o candidato do presidiário, 16 anos lá, qual é a medida que fez para ajudar os trabalhadores e aposentados brasileiros? É só conversa fiada. Não teve a capacidade de se indignar e sair do PT mesmo com toda essa roubalheira, destruindo o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, a Petrobras. Isso é uma vergonha para o Rio Grande do Sul, está na hora de renovar.
JC - Como o senhor acha que o governo deve ajudar para superar a crise econômica do Estado?
Bernd - Nós precisamos fazer o ajuste fiscal, que daí o Rio Grande do Sul, com o tempo, três anos e mais três anos, vai poupar R$ 7 bilhões, que seriam encaminhados para o pagamento da dívida federal. Nós também precisamos voltar a ter um ambiente de crescimento, oportunizando aos verdadeiros empreendedores um ambiente que faça vir novos investimentos. O motor do crescimento econômico que vai aumentar a arrecadação, que vai aumentar renda e o emprego é o empreendedorismo. O governo tem que ser o facilitador, e não como é hoje, um que não cumpre contratos, que dificulta através da burocracia. O estado tem que ter um compromisso coletivo, e não de pequenas parcelas ideológicas ou corporativas. Com esse ambiente renovado, nós vamos arrecadar mais e vamos ter recursos.
JC - O senhor comentou sobre a ressocialização de presos e a construção de presídios. Quais são suas propostas para a área?
Bernd - Eu sou médico, eu sei que a saúde é uma questão fundamental e prioritária e, hoje, eu te diria, mais importante do que construir hospitais é construir presídios. De um lado para nos proteger do crime, e do outro para evitar que esses criminosos que hoje são presos, são condenados pela Justiça e são presos no sistema carcerário nacional, se tornem bandidos muito mais perigosos. Agora tem o seguinte: preso tem que custear a sua prisão, eles tem que trabalhar, não naqueles modelos antigos de casa de correção ou as chamadas antigas colônias agrícolas penais, e sim lugares que eles possam trabalhar no artesanato, sendo treinados, inclusive para essa área tecnológica que está abrindo um mercado muito grande, porque os mercados de trabalho tradicionais hoje estão quase extintos. É preciso investir, inclusive dentro dos presídios, em inovação e criatividade, para que o preso uma vez cumprindo a sua pena possa ser ressocializado e ter o seu emprego. E também no presídio pagar com o seu trabalho, a sua estadia enquanto a pena corre.
JC - Neste ano o debate sobre a descriminalização do aborto pautou a política argentina. Qual é sua opinião sobre o tema?
Bernd - Respeitando todas as religiões, este não é um assunto religioso. Isso diz respeito à saúde da mãe, gestante, a sua decisão em ter filhos ou não, mesmo que não haja doença potencial nem risco. Eu não vou entrar na discussão filosófica e de religião, mas, quem faz ligadura de trompa, quem faz ligadura de canais deferentes, que são métodos contraceptivos, não pode ser contra um aborto nas primeiras semanas de gravidez. O aborto é um direito da mulher e que não pode se criminalizar. Tem que ser descriminalizado e o poder público oferecer uma rede hospitalar e ambulatorial, primeiro para fazer a prevenção da gravidez indesejada e segundo, quando mesmo indesejado a mulher quiser abortar dentro daquelas primeiras semanas, que cientificamente é correto, tem que ter um bom ginecologista, um bom ambulatório, um bom hospital público para atender inclusive a população de baixa renda. Hoje a gente vê que, quando o rico decide fazer o aborto, ele tem um bom profissional e faz, agora o pobre, muitas vezes, fica aí solto sem orientações. As complicações de um aborto mal feito, muitas vezes, aparecem na população de baixa renda.

Perfil

Natural de Porto Alegre, Mário Bernd Neto tem 68 anos e é médico formado pela Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre (UFCSPA). Deputado estadual entre 1999 e 2002, foi vice-presidente da Assembleia Legislativa em 2000, e já ocupou a presidência e a diretoria de planejamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Também foi diretor técnico do Grupo Hospitalar Conceição entre 1985 e 1986. Disputando uma vaga ao Senado pela segunda vez, concorreu também em 2006 na chapa de Yeda Crusius (PSDB), quando ficou em quarto lugar com 14,77% dos votos.