Toda segunda-feira, três citações do entrevistado da semana anterior são publicadas neste espaço. A série com os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul se encerra hoje com a checagem da
entrevista de Júlio Flores (PSTU).
“Com as isenções fiscais, nós temos aí uns R$ 15 bilhões que deixam de entrar pelos cofres públicos.”
Júlio Flores disse que as isenções fiscais somam R$ 15 bilhões no Estado. O valor se aproxima do apurado pelo Tribunal de Contas do Estado em 2015. Desde então, embora divulgue uma lista de empresas que recebem algum tipo de incentivo, o governo não informa o valor do imposto renunciado, sob alegação de sigilo fiscal, o que é questionado na Justiça pelo Tribunal de Contas do Estado. Dada a falta de transparência nesse ponto, o Truco nos Estados classificou o dado como impossível de ser provado.
“Tem uma estimativa de que quem sustenta a comida na mesa do trabalhador nas cidades é a pequena propriedade.”
Embora tenha sido reproduzida pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, em outubro do ano passado, a informação de que 70% dos alimentos são produzidos por pequenos agricultores é discutível. Os dados fazem referência ao Censo Agropecuário 2006, que calculou a produção de alguns alimentos. Porém, a estimativa não cita pequenos agricultores, e sim agricultores familiares – que não são sinônimos. Além disso, segundo a pesquisa, agricultores familiares responderam por 87% da produção de mandioca e 70% do feijão, mas a participação foi menor no arroz (38%) e no trigo (21%), por exemplo.
“Hoje a gente sabe que há concentração de terra na mão de poucos latifundiários.”
Ao divulgar dados preliminares do Censo Agropecuário 2017, em julho deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a concentração de terras aumentou ainda mais desde o levantamento anterior, de 2006. Os grandes produtores, que detinham 45% das terras, elevaram sua fatia para 47,5%. Já as propriedades de até 10 hectares, que representam metade dos estabelecimentos rurais no país, utilizam apenas 2,2% da área total - em 2006, eram 2,7%.