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eleições 2018

- Publicada em 19 de Setembro de 2018 às 00:08

Ana Clélia quer formação de conselhos populares

Candidata do PSTU a vice quer reforma agrária no Estado

Candidata do PSTU a vice quer reforma agrária no Estado


MARIANA CARLESSO/JC
Candidata a vice-governadora do Rio Grande do Sul na chapa de Júlio Flores (PSTU), a agente educacional Ana Clélia Teixeira defende a rebelião da classe operária proposta pelo PSTU em seu plano de governo. Ela acredita que é preciso chamar os trabalhadores e desempregados para se reunirem em conselhos constituídos pela própria população, e as decisões desses conselhos devem ser levadas ao governo para que sejam feitas as reformas necessárias.
Candidata a vice-governadora do Rio Grande do Sul na chapa de Júlio Flores (PSTU), a agente educacional Ana Clélia Teixeira defende a rebelião da classe operária proposta pelo PSTU em seu plano de governo. Ela acredita que é preciso chamar os trabalhadores e desempregados para se reunirem em conselhos constituídos pela própria população, e as decisões desses conselhos devem ser levadas ao governo para que sejam feitas as reformas necessárias.
Na última entrevista da série do Jornal do Comércio com os candidatos a vice, Ana Clélia critica o atraso no pagamento e o congelamento dos salários dos professores, e afirma o compromisso em construir escolas e quitar a folha do funcionalismo público estadual em dia.
Jornal do Comércio - Na sua opinião, qual é o papel do vice?
Ana Clélia Teixeira - O papel do vice é fundamental, junto com o candidato na majoritária, porque tem que levar junto o programa do partido. Se ele tem um programa e acredita nele, os dois têm que sair junto. As peças têm que andar juntas, uma com a outra, tanto o candidato da majoritária quanto o vice têm que acreditar nas mesmas coisas, defender as mesmas coisas para que isso dê certo.
JC - Quais são as principais bandeiras nesta campanha?
Ana Clélia - A nossa bandeira é defender os direitos da classe trabalhadora. Para nós, é fundamental a educação, porque tanto eu quanto o Júlio somos da educação, então defendemos uma educação pública de qualidade e o pagamento em dia dos salários. Mas também nós temos que governar para a classe trabalhadora e para os mais pobres, para os oprimidos. Temos que lutar por essa classe, eles são esquecidos pelo governante em poder.
JC - O que a senhora avalia que deve ser feito para solucionar a crise da segurança pública no Rio Grande do Sul?
Ana Clélia - Uma das coisas que se começa é pela educação. Quando se tem uma educação para todos, isso também já diminui a criminalidade. E, para nós, a desmilitarização é fundamental. Uma polícia integrada, junto à população, debatendo o que realmente é importante para ela e como vai ser feita essa segurança.
JC - Como a senhora, que trabalha na área da educação, avalia a atuação do governo estadual na área?
Ana Clélia - Acho que o governo (de José Ivo) Sartori (MDB) e, não só ele, todos os que já passaram lidam com a educação com um certo desprazer. Não é uma prioridade para eles. Então a educação do Norte, do Sul, da Capital, ela não muda, ela não é diferente para os governantes. É o mesmo patamar, no qual os governos não pagam salários em dia, os salários são congelados, estamos com uma Lei de Diretrizes Orçamentárias que congela nossos salários até 2020, então ele não tem prioridade. Ele fecha escolas, municipaliza a educação, e nós temos as dificuldades com os governantes. Para nós, há a necessidade de construir escolas, pagar funcionários e professores em dia. Isso é prioridade na educação. 
JC - Qual a sua percepção sobre o projeto Escola sem Partido?
Ana Clélia - Nós todos da área da educação somos contra. Ela amordaça nossos professores, não se põe em discussão uma educação crítica do nosso jovem, então não deixa que avance em uma educação que você debata e seja livre em sala de aula. Ela te impõe uma disciplina, não consegue ser crítico em educação.
JC - A senhora considera fácil transitar com capilaridade entre os trabalhadores? Como levar as ideias para uma população que pode ter antipatia ao termo "socialismo"?
Ana Clélia - A classe trabalhadora está entendendo que todos esses partidos e candidatos que estão aí já estiveram ou estão no poder. Nós somos a diferença. Temos duas vias: os que estão aí, como o Centrão, e nós, à esquerda, com um programa no qual, realmente, a gente debate as necessidades que a classe necessita. Eles têm razão em estar desiludidos com a política, porque, se fores ver, hoje, a política se tornou roubo, sonegação, um monte de coisa. Também estou desiludida com essa política que está lá. Por isso, defendo que a gente vá, debata e mostre para a população que está desiludida que sabemos como fazer. É fazer a rebelião, é chamar para que venham lutar conosco para que a gente mude o que está lá em cima.
JC - Como propor uma mudança do sistema através dessa "rebelião" levando em consideração que o Rio Grande do Sul é um estado de empresariado e agronegócio fortes?
Ana Clélia - Em primeiro lugar, temos que atacar. Nós temos que fazer reforma agrária. Só temos 24% dos agricultores que produzem muito. Esses 24% podem produzir 60 milhões de empregos. Então tem que fazer reforma agrária. Isso a gente já luta. Aí, temos que lutar pelo socialismo. Hoje, poucos têm muito, e muitos têm pouco. Para nós, essa rebelião é chamar esses desempregados e trabalhadores para que eles venham se juntar a nós dentro dos conselhos populares, dentro dos bairros, nas igrejas, nas escolas, onde tiver população. Eles vão discutir o que precisa, trazer para nós e fazer as reformas que tem necessidade. O socialismo, hoje, se faz necessário para a classe trabalhadora, aí eles vão ser felizes se a gente conseguir implementar o socialismo para eles. 
JC - Quais experiências de países ou comunidades socialistas a senhora considera positivas?
Ana Clélia - Acho que o que teve lá atrás, anos atrás, na União Soviética, foi bom, mas ele perdeu com o que veio e com quem já tinha outra ideia do que era socialismo. Nós temos que ter um socialismo mesmo, temos que dividir de igual para igual, porque não pode um ter demais e o outro não ter nada. O socialismo, independentemente de onde é, tenho que defender o socialismo. Tenho que defender lá na escola onde trabalho que meu colega receba em dia e eu também. Nós temos que defender uma sociedade melhor.

Perfil

Natural de Trindade do Sul, no extremo norte do Estado, Ana Clélia Schneider Teixeira tem 55 anos e é formada em pedagogia e gestão pública. Funcionária do Estado desde 1992, e trabalha como agente educacional na Escola Estadual de Ensino Médio Mário Quintana em Passo Fundo, cidade onde vive.Sua primeira disputa eleitoral foi em 2012, concorrendo a vice-prefeita de Passo Fundo na chapa de Bradimir da Silva e atingindo o terceiro lugar com 2,43% dos votos. É integrante da executiva nacional do Movimento Mulheres em Luta, que ajudou a fundar em 2008, e do Movimento de Luta pelo Socialismo. Também foi vice-diretora do 7º núcleo do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS) de 2011 a 2014. É filiada ao PSTU, seu primeiro partido, desde 2009. Ana Clélia é casada, tem quatro filhos e dois netos.