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eleições 2018

- Publicada em 12 de Setembro de 2018 às 21:52

Abigail abriu mão de candidatura em nome de uma 'frente ampla'

Candidata do PCdoB levará ao Senado pautas de interesse das mulheres

Candidata do PCdoB levará ao Senado pautas de interesse das mulheres


CLAITON DORNELLES /JC
Abigail Pereira (PCdoB), que concorre a uma das duas vagas ao Senado pelo Rio Grande do Sul, abriu mão da candidatura ao governo do Estado - sustentada pela sigla até o período das convenções partidárias - para formar com Miguel Rossetto (PT) o que chama de uma "frente ampla".
Abigail Pereira (PCdoB), que concorre a uma das duas vagas ao Senado pelo Rio Grande do Sul, abriu mão da candidatura ao governo do Estado - sustentada pela sigla até o período das convenções partidárias - para formar com Miguel Rossetto (PT) o que chama de uma "frente ampla".
Uma das cinco candidaturas femininas ao cargo, Abigail defende o debate de demandas de interesse das mulheres, como a garantia de vagas em educação infantil "para que as mães possam colocar os seus filhos nas creches com segurança e possam voltar ao mercado de trabalho com tranquilidade". Ela justifica que esse tema, embora de responsabilidade dos municípios, passa pelo Senado porque "tudo está relacionado com a questão nacional".
Jornal do Comércio - O que a senhora vai fazer como senadora pelo Rio Grande do Sul?
Abigail Pereira - Quero ser senadora para defender o nosso Estado especialmente na questão do desenvolvimento. Para isso, queremos influenciar o debate sobre a dívida (com a União), que na nossa opinião já foi paga. Essa dívida está impedindo o Rio Grande do Sul de crescer. Queremos revisar a Lei Kandir, contribuir para a revogação da reforma trabalhista, revogar a Emenda Constitucional nº 95 (teto dos gastos), que congela investimentos nas questões prioritárias do nosso povo, que são saúde, educação, segurança, programas sociais e que já estamos sentindo o retrocesso. E, sem dúvida, quero e vou contribuir para o debate da questão das mulheres. Não é possível que recebamos cerca de 30% menos do que os homens, portanto vou trabalhar para que tenhamos igualdade salarial.
JC - O governo está tentando aprovar a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Qual a sua opinião em relação a essa tratativa? O que poderia ser uma alternativa?
Abigail - Não concordo com esta renegociação que o atual governo, tanto estadual como nacional, está tratando. Esse remédio é muito amargo, já tomamos e vimos que não resolve. Sou contra essa renegociação nos patamares em que foi discutida. Tomamos esse remédio em 1999 quando (o ex-governador Antonio) Britto (1998-2002, à época no MDB) fez essa negociação com o FHC (ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, PSDB, 1995-2002) a juros astronômicos, que sufocou e colocou o Rio Grande do Sul na boca de um aspirador de dinheiro. Não é possível que a exigência do governo central seja maltratar o funcionalismo público, não chamar mais concurso, vender todas as estatais estratégicas. Isso não resolve o problema, só empurra para a frente. Nos posicionamos contra essa negociação hoje dita como a única alternativa. Não é a única alternativa. Queremos colocar o Estado no rumo do crescimento, que precisa ser induzido, ampliar a nossa cadeia produtiva e a nossa matriz econômica. Com isso vamos ter condição de investir sim na educação, na saúde, na infraestrutura.
JC - Tem alguma proposta que a senhora pretende apresentar nesse sentido?
Abigail - O Rio Grande do Sul depende da economia e do debate político a nível nacional. Já foi renegociado com o (ex-governador) Tarso (Genro, PT, 2011-2014), onde se alterou o indexador, de IGP-DI (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna) para o IPCA 4% (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Queremos tirar esses juros. Tem, inclusive, a tramitação do PSL (Projeto de Lei do Senado) nº 561/2015, que tira essa questão dos juros. E aí fazer um encontro de contas, inclusive do que a União nos deve da Lei Kandir. Óbvio que, para o desenvolvimento, precisamos da indução do Estado ao setor produtivo. Queremos devolver a esperança de que é possível sim outras saídas, na geração de empregos, com valorização do trabalho, condições de enfrentar o déficit de creches. Só em Porto Alegre faltam mais de 12 mil de vagas, para que as mães possam colocar os seus filhos nas creches com segurança e possam voltar ao mercado de trabalho com tranquilidade.
JC - Como a sua atuação no Senado pode contribuir para essas questões que são algumas de Estado, outras dos municípios?
Abigail - Mas tudo está relacionado com a questão nacional, por isso o espaço do Senado é extremamente importante. Por exemplo, a questão da escola infantil e das vagas em creches está relacionada ao Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), é um debate nacional de repasse de recursos.
JC - Sua candidatura ao Senado é uma tentativa de buscar uma representatividade feminina no espaço político? A senhora era candidata ao governo do Estado e, com a reformulação das alianças, mesmo podendo concorrer a outros cargos, escolheu o Senado. Por quê?
Abigail - A minha candidatura ao governo do Estado, assim como a da Manuela (d'Ávila, PCdoB) à presidência, tinha a tarefa de travar o debate da necessidade da construção de uma frente ampla que ultrapassasse os partidos, mas também com movimentos da sociedade, com entidades. O que conseguimos foi construir essa coligação com o (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT) e aqui no Rio Grande do Sul com Miguel Rossetto (PT). Decidimos, no partido, que esta vaga ao Senado seria extremamente importante para que, junto com a Manuela, (candidata a vice-presidente) no (Palácio do) Jaburu, déssemos conta de ajudar a coligação.
JC - Antes da decisão de coligar com o PT, o PDT também procurou o PCdoB e o candidato Jairo Jorge citou o interesse em formar aliança com o partido. Como vocês projetam um cenário de segundo turno, seja como o Rossetto, seja com Jairo Jorge? Acredita que pode manter essa "frente ampla" com o PDT?
Abigail - Sem dúvida. Conversamos antes com Jairo Jorge, com o PDT, estamos conversando agora e com certeza estaremos juntos. Esse é o nosso campo político. Portanto, sem dúvida nenhuma estaremos juntos sim no segundo turno, com toda a força, com toda a energia. Tomara, eu já como senadora. Precisamos barrar essa ofensiva em que a direita conservadora está infligindo o nosso Estado.
 

Perfil

Dilce Abgail Rodrigues Pereira tem 58 anos e é natural de Caxias do Sul. É pedagoga formada pela Universidade de Caxias do Sul com especialização em Psicopedagogia. Iniciou sua vida política na adolescência e fundou a União de Mulheres Caxienses em 1989. Atuou em sindicatos e na Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Foi secretária de Turismo do Rio Grande do Sul entre 2011 e 2014, durante o governo de Tarso Genro (PT). Em 2014, concorreu ao cargo de vice-governadora na chapa encabeçada por Tarso Genro e em 2010 concorreu ao Senado. Também foi candidata a vereadora (2004) e a vice-prefeita (2008) de Caxias do Sul.