Os candidatos ao governo do Estado Eduardo Leite (PSDB), Jairo Jorge (PDT), Mateus Bandeira (Novo) e o governador José Ivo Sartori (MDB), que concorre à reeleição, revelaram o que pretendem fazer nos primeiros 100 dias de governo, caso sejam eleitos em outubro. Entre os nove nomes que disputam o Palácio Piratini, só os quatro participaram do painel organizado pela revista Voto na manhã de ontem, no Hotel Sheraton.
O evento atrasou cerca de 20 minutos, porque o governador Sartori demorou para chegar. Enquanto isso, os convidados - na maioria, empresários - conversavam com familiaridade em rodas de conversa. Chamou a atenção a popularidade do vice-governador José Paulo Cairoli (PSD), que, durante a espera, transitou por vários grupos.
Ele, que foi presidente da Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), passou pela mesa de Bandeira, a quem cumprimentou, conversou e contou piadas. Da mesma forma, participou do círculo onde estava Jairo Jorge e seu vice, o empresário do setor de máquinas agrícolas Claudio Bier (PV). Cairoli e Bier trocaram abraços e riram. O ex-prefeito de Canoas não ria.
O painel acabou começando antes que Sartori chegasse. Aí, os convidados sentaram-se às mesas para tomar o café da manhã, enquanto os candidatos discorriam sobre suas propostas.
Quando perguntados sobre o que os eleitores podiam esperar dos primeiros 100 dias de governo, Jairo Jorge afirmou que, em um eventual governo, pretende "reduzir o tamanho da máquina pública para 10 estruturas" em 1 de janeiro de 2019 ou antes.
Apesar de se apresentar como o candidato da "conciliação", usou parte do tempo para criticar indiretamente Sartori. "Minha primeira medida vai ser o diálogo. Não é uma guerra santa contra os funcionários, atacando-os, que vai criar sinergia (para superar a crise)", disse o ex-prefeito de Canoas - fazendo referência aos embates do Palácio Piratini com os servidores públicos, causado, sobretudo, pelo atraso no pagamento do salário do funcionalismo.
Ao concluir, insinuou que o governador não mandou as medidas mais impopulares da sua administração no primeiro ano do mandato, porque havia descumprido o seu próprio programa de governo, ao elevar as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em 2015.
"Todo governador que não descumpriu o seu programa de governo aprovou tudo o que quis. Mas, quando diz que não vai aumentar impostos e aumenta, aí não é apoiado no início da gestão", concluiu o ex-prefeito de Canoas.
Sartori disse que "o que é certo é que vou destituir todos os cargos de confiança antes do primeiro dia de governo, independentemente do resultado das eleições. Na nossa caminhada, vamos continuar fazendo o que viemos fazendo até aqui", falou.
Em outros momentos, o emedebista já havia detalhado "o que viemos fazendo até aqui". Entre as principais medidas, Sartori destacou o esforço do Piratini para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), cujo maior benefício seria a suspensão do pagamento da dívida com a União por três anos, o que evitaria um gasto de R$ 11,3 bilhões. A interrupção das parcelas mensais poderia ser prorrogada por mais 36 meses.
"Nosso plano é realmente a adesão ao RRF. Infelizmente, nem tudo é possível, porque existem posições contrárias. Além disso, vamos continuar a luta pela federalização ou privatização de empresas que o Estado não precisa mais controlar", mencionou - se referindo à Companhia Estadual de energia elétrica (CEEE), Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) e a Companhia Riograndense de Mineração (CRM).
Eduardo Leite avaliou que, embora os 100 dias sejam simbólicos, o "espaço político que vem das urnas" se estende por até seis meses. "Os seis primeiros meses são estratégicos para o governo enviar para a Assembleia os principais projetos de reestruturação da máquina pública. Vamos encaminhar as discussões sobre a carreira do funcionalismo, reestruturação do governo, privatizações", exemplificou.
O tucano também já tinha detalhado as medidas que pretende adotar, em outro momento do painel. Além de firmar parcerias público-privada e cortar despesas, sustentou a necessidade de reformar o sistema tributário gaúcho.
"Defendemos que as atuais alíquotas sejam prorrogadas por mais dois anos. Durante esse período, o governo fará a revisão do sistema, mais do que das alíquotas. Precisamostornar o sistema tributário mais inteligente, para estimular setores estratégicos", afirmou.
Bandeira disse que, nos primeiros 100 dias do seu governo, enviaria ao Legislativo a reforma da governança e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para retirar a exigência de plebiscito para privatizar a CEEE, Sulgás e CRM. "Vamos encaminhar uma reforma administrativa, reduzindo drasticamente o número de secretarias. Já no primeiro mês de governo, vamos encaminhar um projeto para retirar do texto constitucional esta jaboticaba, que é a necessidade de plebiscito para privatizar estatais", falou.