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eleições 2018

- Publicada em 29 de Agosto de 2018 às 00:37

Ana Affonso quer políticas integradas para mulheres

Vice de Rossetto diz que chapa de esquerda valoriza posição ideológica

Vice de Rossetto diz que chapa de esquerda valoriza posição ideológica


CLAITON DORNELLES /JC
Candidata a vice-governadora na chapa de Miguel Rossetto (PT), Ana Affonso (PT) defende maior participação feminina nos processos decisórios, e a integração de políticas públicas estaduais para combater a violência contra a mulher. Ex-deputada estadual durante o governo Tarso Genro (PT) e professora por formação, Affonso criticou o projeto Escola Sem Partido e o que chamou de "política do ódio" vinda de setores "fascistas conservadores" da sociedade.
Candidata a vice-governadora na chapa de Miguel Rossetto (PT), Ana Affonso (PT) defende maior participação feminina nos processos decisórios, e a integração de políticas públicas estaduais para combater a violência contra a mulher. Ex-deputada estadual durante o governo Tarso Genro (PT) e professora por formação, Affonso criticou o projeto Escola Sem Partido e o que chamou de "política do ódio" vinda de setores "fascistas conservadores" da sociedade.
Em mais uma entrevista com candidatos a vice na série do Jornal do Comércio, a vereadora de São Leopoldo falou também sobre as experiências administrativas do PT na cidade do Vale dos Sinos, atualmente a maior prefeitura do partido no Brasil.
Jornal do Comércio – Na sua opinião, qual o papel do vice e como você pretende atuar nessa função?
Ana Affonso – Nós temos uma concepção de que o espaço de vice governador é um espaço atuante, inclusive pela baixa representação de mulheres que nós temos na política, apenas 11% de mulheres nos espaços de decisão. Uma das concepções que nosso partido tem é de que a gente fizesse uma composição igualitária, e conseguimos construir isto com nossa chapa. Eu pretendo como vice governadora atuar bastante junto ao governador tomando a frente de temas que são estratégicos pro estado, buscando a recuperação e seu desenvolvimento pleno, e principalmente também a temática das mulheres que é uma política que precisa transversalizar em todas as áreas, buscando enfrentamento a violência contra mulher e a participação plena das mulheres nas decisões através do programa de participação popular.
JC – Como a senhora pretende desenvolver essas políticas públicas para mulheres?
Affonso – Nós temos um desejo muito grande de construir uma política no estado que consiga enxergar todos os setores de forma ampla. O tema das mulheres é um tema que nós vamos puxar com muita força, principalmente a partir desse espaço de vice governadora. É uma lástima que nosso Estado tenha extinguido a Secretaria das Mulheres. Nós já éramos uma referência nacional no enfrentamento a violência contra mulheres, com experiências como a patrulha Maria da Penha, que foi reconhecida nacionalmente. Tínhamos diminuído os índices de violência contra as mulheres, e hoje esses índices explodiram, no sentido do aumento da criminalidade, homicídios, latrocínios e o feminicídio também. É inadmissível que a cada dia 11 mulheres sejam estupradas, e isso fora aquelas que não formalizam a queixa. Então, através de políticas para mulheres e também o combate a homofobia, a questão da igualdade racial... Essas políticas, que nós implementamos em São Leopoldo, podem e devem ser uma boa experiência para estadualizar.
JC – São Leopoldo é a maior cidade governada pelo PT no Brasil. O partido perdeu representatividade nas eleições de 2016 no País, mas na sua cidade aconteceu o contrário. A que fatores a senhora atribui esse fenômeno?
Affonso – São Leopoldo é uma cidade que vive muito o tema da participação popular. A sociedade civil lá é muito ativa, tivemos experiência de orçamento participativo, tudo isso fez com que a gente vivesse uma experiência popular e democrática. A experiência do governo do PSDB, que foi uma interrupção dos dois governos do PT, foi desastrosa porque mudou totalmente essa dinâmica, trouxe um viés mais de privatização e de sucateamento das políticas públicas e acabou precarizando os serviços básicos da população. Eu acho que as vezes se busca uma mudança e não percebe exatamente o conjunto dessa política que acompanha os candidatos que defendem a mudança, mas a partir desse retrocesso na garantia de direitos e das políticas, acaba se convencendo que uma gestão popular democrática prima muito pelos serviços básicos.
JC – Nesta eleição o PT está coligado apenas com o PCdoB em nível estadual, e é a primeira vez desde 2002 que o partido lançou tanto o cabeça de chapa e a vice ao Piratini. O que motivou o PT a ter uma candidatura "puro-sangue"?
Affonso – Nesse momento eu acho que, diante do quadro político que está colocado, os desafios do PT e da esquerda como um todo também são grandes. Nós temos uma avaliação do conjunto de erros e acertos que tivemos durante os períodos que governamos e uma das questões que nós revisamos dentro do nosso partido foi o campo de aliança, então acho que nós acertamos ao construir uma o campo da esquerda, onde a gente não perca a nossa posição ideológica que é de defesa da classe trabalhadora. É um desenho novo, no sentido de chapa pura majoritária, mas também não foge do campo da esquerda e também acho que não nos tira essa vontade de recuperarmos falhas que nós tivemos não no estado, mas em nível nacional com as nossas alianças, não perdendo a nossa identidade ideológica. A chapa pura do PT tem uma consistência no sentido de trazer as nossas experiências, minha e do Rossetto, pra dentro desse processo que representa um novo período da política, e o PCdoB foi o partido que nós, em nível nacional e também no estado, buscamos desde o início estarmos coligados.
JC – Como a senhora avalia o cenário que a esquerda como um todo está inserida hoje no Rio Grande do Sul?
Affonso – O avanço do fascismo e do conservadorismo são elementos que a gente não pode desconsiderar, principalmente depois que aconteceu o golpe. Hoje se tem um ambiente hoje mais permissível pra uma política do ódio, pra defesa do estupro, pra criminalização de gays, pra defender a escola sem partido, isso parece que abriu uma janela e veio à tona uma cultura de violência política. Eu vivo isso em São Leopoldo, a gente têm colegas vereadores que são aliados com a candidatura do Bolsonaro, eu tive que liderar lá um processo de derrota do Escola Sem Partido e foi forte a tensão. Esse segmento fascista conservador tá presente no campo político e opera uma política do ódio e também muito mascarado atrás de um perfil não bem identificado, produzindo uma política mais raivosa e de ameaça. Não vai ser uma eleição fácil, mas isso não vai me intimidar e não vai me tirar o direito de denunciar a forma como esses setores fazem política de forma destrutiva que atinge a democracia com um todo. Estou preparada.

Perfil

Natural de Maldonado, no Uruguai, Ana Inês Affonso tem 45 anos, é vereadora de São Leopoldo e professora da rede municipal. Filha de mãe uruguaia e pai brasileiro, mora no Brasil desde os dois anos. A carreira docente teve início em 1992 na Escola Municipal Dilza Flores Albrecht, onde foi professora e diretora. Em 2004, se tornou a primeira mulher petista a ser eleita vereadora em São Leopoldo, sendo reeleita em 2008 e presidindo a Câmara Municipal em 2009. Em 2010, conquistou o cargo de deputada estadual, mas não conseguiu se reeleger no pleito seguinte. Em 2016, após dois anos da volta às salas de aula, retornou à Câmara leopoldense. Com militância na área da educação pública, foi presidente do Ceprol, sindicato dos professores municipais de São Leopoldo, entre 2001 e 2003.