O ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ), atualmente preso em Curitiba pela Lava Jato, solicitou à Justiça Federal do Distrito Federal que o presidente Michel Temer seja ouvido como sua testemunha de defesa no caso conhecido como "quadrilhão do MDB". Caso a 10ª Vara Federal do DF autorize, Cunha terá que mandar por escrito as perguntas a serem feitas ao presidente, prerrogativa conferida por conta de seu cargo.
Em sua defesa prévia no caso, Cunha listou Temer e outros integrantes da cúpula do seu governo em seu rol de testemunhas, como o ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o de Minas e Energia, Moreira Franco. Todos eles haviam sido denunciados neste caso do quadrilhão, mas o Congresso Nacional suspendeu o prosseguimento da ação contra Temer, Padilha e Moreira. Por isso, o processo foi desmembrado e enviado à primeira instância para o processamento dos políticos sem foro privilegiado.
A defesa de Cunha, porém, também solicitou a suspensão da ação penal, sob o argumento de que estaria produzindo provas indiretamente contra o presidente e de que suas condutas estão "umbilicalmente" ligadas, não podendo ser analisadas separadamente.
"As supostas condutas do ora defendente estão umbilicalmente relacionadas às dos denunciados com foro por prerrogativa de função", argumentou. Caso a ação não seja suspensa, então, pede que sejam ouvidos Temer e outros como testemunhas.
Caberá agora ao juiz Vallisney de Oliveira decidir tanto sobre o prosseguimento da ação quanto sobre os depoimentos das testemunhas. Também são réus no caso os ex-deputados emedebistas Henrique Alves e Geddel Vieira Lima; dois personagens ligados a Temer, o coronel João Baptista Lima e o advogado José Yunes; e dois operadores ligados a Cunha, Altair Alves Pinto e Sidney Szabo.