Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

eleições 2018

- Publicada em 22 de Agosto de 2018 às 01:00

Bier propõe incentivo fiscal para setor de infraestrutura

Vice de Jairo Jorge (PDT), Claudio Bier (PV) diz que seu papel é fazer a conciliação entre capital e trabalho

Vice de Jairo Jorge (PDT), Claudio Bier (PV) diz que seu papel é fazer a conciliação entre capital e trabalho


/MARIANA CARLESSO/JC
O empresário do ramo de maquinário agrícola Claudio Bier (PV) estreia na disputa de um cargo eleitoral concorrendo a vice-governador ao lado de Jairo Jorge (PDT). Sua experiência na iniciativa privada pode, na sua opinião, contribuir para que a chapa dialogue com o setor produtivo. “Esse é exatamente o meu papel, equilibrar, trazer soluções da iniciativa privada para os problemas do Estado”, sustenta.
O empresário do ramo de maquinário agrícola Claudio Bier (PV) estreia na disputa de um cargo eleitoral concorrendo a vice-governador ao lado de Jairo Jorge (PDT). Sua experiência na iniciativa privada pode, na sua opinião, contribuir para que a chapa dialogue com o setor produtivo. “Esse é exatamente o meu papel, equilibrar, trazer soluções da iniciativa privada para os problemas do Estado”, sustenta.
Para estabelecer essa relação, Bier propõe a criação de um modelo da Lei de Incentivo Fiscal para solucionar questões de logística, por exemplo. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, sugere que empresas destinem parte dos impostos que pagariam ao Estado para uma finalidade previamente acordada com o governo, como a recuperação de uma estrada ou ponte. Ele avalia esse como “um grande negócio para o Estado” e de interesse dos empresários.
> Confira o que o candidato espera de seu papel de vice: 
Jornal do Comércio – Qual será o seu papel como vice-governador, caso eleito?
Claudio Bier – Eu nunca fui candidato a absolutamente nada. O Jairo Jorge apareceu na minha casa e me convidou para ser seu candidato a vice. Eu disse: “mas eu nunca fui candidato a nada, Jairo, então eu acho que não tenho condições”. Ele disse “tem condições, sim. Eu estou procurando uma pessoa do teu perfil, um homem que saiu de baixo...”. Eu não tenho medo de desafios. Sou presidente licenciado do Sindicato das Indústrias de Máquinas Agrícolas e, quando assumi o sindicato, lá na Expointer, só tínhamos uma rua com as máquinas, e os nossos clientes não conseguiam chegar até lá, porque era muita gente no meio da Expointer, e os associados disseram que não iriam mais, porque as despesas eram maiores que o volume de vendas. Assumindo o sindicato, no primeiro ano, procurei o governador Olívio Dutra (PT, 1999-2002) e expliquei isso. Ele me disse que poderíamos utilizar uma lavoura de arroz abandonada em uma área da feira e transformar em um parque de exposições. Topei esse desafio e consegui fazer com que hoje o setor de máquinas agrícolas seja responsável por 98% das vendas da Expointer. Saímos de R$ 30 milhões pra R$ 3 bilhões no ano passado, coisa que ninguém acreditava.
JC – O senhor acredita que essas experiências podem vir para a gestão do governo do Estado?
Bier – Quando Jairo foi me convidar, disse que tem experiência política, porque administrou Canoas. Me dei ao trabalho de ir a Canoas, procurar empresários, meus amigos e companheiros da Fiergs, e todos falaram muito bem dele. Fui no setor de Recursos Humanos da Fiergs, e peguei pessoas que trabalham e moram em Canoas, me dei ao trabalho de falar com essas pessoas. Falei com a Beth Colombo (hoje PRB), que foi vice-prefeita, e perguntei como é o Jairo no dia a dia, se vou ser uma “rainha da Inglaterra”. Perguntei ao Jairo sobre licenciamento ambiental, impostos. Como empresário, não posso entrar em uma chapa que pensa em aumentar os impostos, e ele deu o exemplo que fez em Canoas, criando um gatilho que, quando a arrecadação aumenta, o imposto diminui. Ele triplicou a arrecadação com essa solução. Também questionei a Lei Kandir – nós, empresários, não vamos exportar impostos. Imagina o seguinte: a soja nos Estados Unidos já tem uma grande vantagem sobre a do Brasil, porque lá a logística custa 8% do PIB (Produto Interno Bruto), aqui custa 20% do PIB. A soja dos Estados Unidos custa 12% menos do que a nossa e é o nosso grande competidor, é o maior produtor do mundo; e o Brasil, o segundo. Imagine se formos taxar a soja, como na Argentina. Não podemos fazer isso.
JC – E, com essas experiências, o senhor acredita que a coligação consiga dialogar melhor com o empresariado?
Bier – Sim. E se o governador convidou um empresário para ser seu vice, é porque ele acredita que é preciso fazer uma união de capital e trabalho. Esse é exatamente o meu papel, equilibrar, trazer soluções da iniciativa privada para os problemas do Estado.
JC – O senhor citou um dado sobre o gasto com a logística. Acredita que tem maneira de o Rio Grande do Sul melhorar essa questão, para com isso reduzir o custo para quem produz, tornando o Estado mais competitivo?
Bier – A ideia é fazer uma lei de incentivo fiscal para a infraestrutura. Então as empresas que dependem, por exemplo, de dragagem vão destinar uma parte do seu imposto, como é feito na lei, para aquela finalidade. Não vamos precisar sair com navios com meia carga do porto de Estrela, por exemplo, pagando o frete inteiro. Tem que ter criatividade, não pode ficar achando que não dá. Vocês querem dragagem? A quem interessa? Às empresas no rio Gravataí, de adubo, de soja... Então vocês vão ajudar. Se sabe que a iniciativa privada consegue fazer as coisas, talvez pela metade do preço, e muito melhor do que o governo. Então o governo ganha duas vezes: aumenta a produtividade do Estado e paga menos. O governo deixa de arrecadar um pouquinho ali, mas é assim que as coisas vão acontecer.
JC – O senhor acredita que o empresariado vai estar aberto a discutir essas questões?
Bier – Acho que sim, é uma ideia maravilhosa. Isso é um violino no ouvido dos empresários. Vou dar outro exemplo, a Rodovia do Parque: hoje, quem vem da Serra tem que ir até Scharlau, pegar a BR-116 – o que já foi um grande avanço, porque não se conseguia passar por ela antes da estrada –, por ali são 12 quilômetros, onde já existe uma estrada de chão, até o entroncamento perto de Portão. Todo aquele movimento pode vir por essa estrada. Se pegar empresas grandes do Estado para fazer essa estrada, vai encurtar o caminho. Se deixar só para o governo fazer, não tem dinheiro.
JC – A iniciativa privada pode ser parceira na questão dos municípios sem acesso asfáltico?
Bier – São projetos que o governo vai analisar. Qual o projeto? Quanto custaria para o governo fazer essa estrada? Por exemplo, R$ 20 milhões, (o governo) dá R$ 10 milhões de (isenção) impostos e, em troca, recebe a estrada pronta. É um grande negócio para o Estado. Quanto custa para uma empresa o caminhão parado, que poderia fazer uma viagem de uma hora e meia e leva quatro? O empresário, está ali no engarrafamento perdendo tempo, deixando de trabalhar, quanto custa isso? Esse custo de não fazer é o que também temos que analisar.

Perfil

Claudio Affonso Amoretti Bier (PV) tem 76 anos e é natural de Santo Antônio da Patrulha. É empresário e preside o Grupo Masal, empresa de Máquinas Agrícolas, com unidades em Santo Antônio da Patrulha, Farroupilha e Cachoeira de Sul. Em 2001, adquiriu a Fundição Jacuí, de Cachoeira do Sul, que na época estava em concordata. É presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers) desde 2002 e vice da Federação das Indústrias no Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) - atualmente, está licenciado dos dois para concorrer ao cargo de vice-governador na chapa encabeçada por Jairo Jorge (PDT). Como presidente do Simers, estabeleceu convênio com o governo do Estado, resultando, por exemplo, na abertura de uma área específica para máquinas agrícolas na Expointer, considerada a maior feira de agronegócios da América Latina. Este é o primeiro cargo eletivo ao qual concorre.