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eleições 2018

- Publicada em 14 de Agosto de 2018 às 22:17

Camila Goulart quer recriar Secretaria das Mulheres

Candidata a vice pelo PSOL defende integração entre cultura e educação

Candidata a vice pelo PSOL defende integração entre cultura e educação


LUIZA PRADO/JC
 A candidata à vice-governadora do Estado Camila Goulart (PSOL), na chapa encabeçada pelo companheiro de partido Roberto Robaina, afirma que a gestão formará uma “aliança com o funcionalismo público” para o pagamento dos salários e também por “encarar os servidores como uma inteligência do Estado”.
 A candidata à vice-governadora do Estado Camila Goulart (PSOL), na chapa encabeçada pelo companheiro de partido Roberto Robaina, afirma que a gestão formará uma “aliança com o funcionalismo público” para o pagamento dos salários e também por “encarar os servidores como uma inteligência do Estado”.
A professora da rede estadual é uma das três mulheres que concorrem ao cargo de vice nas eleições de 2018 ao Palácio Piratini e sustenta que uma das propostas do PSOL é a recriação de uma secretaria específica para tratar dos direitos das mulheres – a que existia foi extinta no início da gestão de José Ivo Sartori (MDB).
Nessa entrevista ao Jornal do Comércio, na série com os candidatos a vice na disputa ao governo do Estado, Camila Goulart também apresenta a proposta de utilizar os espaços escolares para promover atividades culturais, organizadas pela comunidade, no turno inverso ao das aulas. “Não é para economizar com educação integral, é no sentido de pensar em como a gente consegue aliar uma coisa à outra”, defende. 
Jornal do Comércio – Qual o papel do vice e como você pretende atuar nessa função?
Camila Goulart – É um tema bastante importante, tanto nacionalmente quanto aqui no Rio Grande do Sul, que é a importância de o vice não ser decorativo. Sabemos que a maioria dos partidos acaba fazendo alianças escolhendo seus vices a partir da ideia do loteamento da máquina pública ou de aumento do tempo de televisão. A nossa ideia é justamente termos um vice integrado com o governador, ajudando do ponto de vista do projeto geral, mas ao mesmo tempo, pelo fato de eu ser mulher e professora, demonstrar que temos como prioridade as pautas relacionadas à questão da mulher e também governar junto com os servidores.
JC – Como acredita que será o diálogo com o servidor público e como a sua relação com a categoria pode contribuir para isso?
Camila – Nossa proposta é completamente oposta à do atual governo Sartori, que é uma relação de sucateamento dos serviços públicos e desrespeito completo com os servidores. O Roberto tem reafirmado bastante isso, que é a necessidade de o governo ter uma aliança com o funcionalismo público. Isso significa não só o pagamento do salário em dia, que tem a ver com dignidade e com humanidade, mais do que qualquer outra coisa, mas conseguir encarar os servidores públicos como uma inteligência do Estado, e não só os cargos em comissão ou figuras dos partidos.
JC – O atual governo extinguiu a Secretaria de Políticas para as Mulheres e uniu a de Direitos Humanos à da Justiça. Como o PSOL pretende tratar desses temas?
Camila – A importância da participação das mulheres na política é um debate fundamental para nós do PSOL. Só que isso, de fato, não se reflete no Estado. Eu ser candidata a vice é uma demonstração do partido de que essa pauta é muito importante. O governo Sartori, nesse sentido, é uma tragédia. Fechou a Secretaria de Política para as Mulheres quando um estudo que diz que 32% dos casos de feminicídio foram reduzidos durante o período da secretaria. Ao mesmo tempo, nesse primeiro semestre de 2018, por exemplo, houvequase 50 casos de feminicídio. Uma das principais medidas nesse sentido é a recriação da própria secretaria. Têm outras pautas também que, do ponto de vista das mulheres, são importantes. Desde 2015, quando começaram as mobilizações das meninas, principalmente – depois foi tomando um público mais geral, a primavera feminista –, esses temas relativos aos direitos das mulheres têm tomado uma importância grande no País assim. O Rio Grande do Sul não fica fora disso, e um governo nosso teria relação com esses movimentos sociais feministas. Campanhas contra o assédio no transporte público, como a lançada no Trensurb, é um bom exemplo de coisas que o governo pode fazer para chamar a atenção em relação à violência e vários outros temas relativos à mulher.
JC – De que maneira o governo pode fazer isso, além da recriação da secretaria específica?
Camila – Já levantamos algumas medidas no nosso programa, como por exemplo a efetivação completa da Lei Maria da Penha, o aumento das delegacias de atendimento à mulher vítima de violência no Estado, o fato de as delegadas e as peritas serem mulheres, e com preparação para esse atendimento. As medidas são um acúmulo da luta das mulheres. Não é nenhuma novidade. Mas, por termos no partido mulheres que participam do movimento feminista, sabemos que são pautas importantes. A melhor forma de termos uma política de mulheres ao assumir o governo é chamando esses movimentos organizados a fazer esse debate.
JC – Como o estado pode fornecer acesso à educação e cultura, por exemplo?
Camila – Duas coisas são importantes nesse sentido: primeiro, ter a meia-entrada ampla e irrestrita para qualquer estudante a shows, cinema, teatro… Nessa ideia de educação mais plural e ampla, não vista apenas como a sala de aula. Ao mesmo tempo, a própria escola pode cumprir um papel nesse sentido. Uma escola de turno integral, por exemplo, pode ofertar, no turno inverso, atividades culturais. Essas atividades, na verdade, já existem, não precisam necessariamente ser promovidas pelo Estado, mas podem ser incentivadas. Ter um governo que incentiva essas atividades, não só de ocupar os espaços públicos, mas os espaços das escolas, é a possibilidade de ter uma educação com um conceito mais amplo do que conteudista.
JC – Como seria isso na prática?
Camila – Existem diversos grupos sociais, culturais, que fazem atividades e têm projetos para que essas atividades sejam realizadas em escolas. Do ponto de vista do governo, isso seria incentivar artistas locais a fazerem seus trabalhos dentro das escolas. Por fazer parte de alguns desses espaços de debate cultural, tenho certeza de que nenhum grupo acharia ruim esse incentivo. E tendo o governo como intermediador dessa proposta, podemos pensar isso em nível estadual.
> Confira o vídeo com as ideias da candidata a vice:

Perfil

Camila Osório Goulart tem 33 anos e é natural de Porto Alegre. É professora da rede estadual de ensino em Porto Alegre desde 2012. É formada em História, com especialização em História do Brasil Contemporâneo. Participou da fundação do PSOL no Rio Grande do Sul e é atual vice-presidente do partido no Estado. Iniciou a militância ainda no movimento estudantil, como integrante do Grêmio Estudantil da Escola Mãe Admirável, na Capital gaúcha. Desde então, foi presidente do Diretório Central de Estudantes da Faculdade Porto-Alegrense (FAPA) e fundadora do Juntos! Coletivo Nacional de Juventude. Participou de mobilizações como as jornadas de junho de 2013, manifestações de rua contra o aumento das passagens de ônibus; pautas feministas; e pautas de educação. Essa é a primeira vez que disputa um cargo eletivo.