Um dia depois que o diretório estadual de seu partido
anunciou apoio a Eduardo Leite (PSDB) na disputa pelo governo do Rio Grande do Sul, a pré-candidata da Rede Sustentabilidade à presidência da República, Marina Silva, garantiu que não estará alinhada ao tucano durante a campanha eleitoral. “O jovem ex-prefeito de Pelotas (Leite) é uma pessoa diferenciada, mas o palanque será do seu partido (que tem a candidatura de Geraldo Alckmin ao Planalto). O meu palanque será o do (deputado federal) João Derly e de nossos candidatos”, afirmou Marina.
A ex-senadora palestrou nesta sexta-feira (27) do Tá na Mesa, reunião almoço da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Antes do evento, em entrevista coletiva, disparou contra a aliança de Alckmin com o chamado “centrão”, composto por DEM, PP, PRB, PR e SD. “O Alckmin pegou o ‘condomínio’ que estava com a Dilma (Rousseff, PT) em 2014”, criticou.
Com apenas oito segundos nos blocos diários do horário eleitoral no rádio e televisão e 0,62% do fundo eleitoral, a candidata da Rede relativizou o fato de ainda não ter fechado coligação com nenhum outro partido para a disputa do pleito de outubro. “Não acho que isso seja um passivo. Talvez seja um grande ativo. Não estar com aqueles que criaram os problemas é uma demonstração de que sejamos as melhores possibilidades de resolvê-los”, ponderou a presidenciável.
Marina admitiu que tem mantido diálogo com outros pré-candidatos ao Palácio do Planalto, mas não deixou claro se as discussões envolvem possíveis alianças eleitorais. “Tenho conversado com os candidatos que não foram pegos no ‘doping’ da Lava Jato. Conversei com Álvaro (Dias, Podemos) e converso com Ciro Gomes (PDT). Não trato adversários como se fossem inimigos”, salientou.
Em relação ao candidato a vice em sua chapa, Marina disse que o processo de escolha ainda está em curso. “Será uma pessoa com qualidade técnica, vida ética e que me ajude a fazer essa jornada, que seja um perfil complementar ao meu”, afirmou, citando o economista Ricardo Paes de Barros, o deputado federal Miro Teixeira e o presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, todos de seu partido, como possíveis nomes.
Rio Grande do Sul é estratégico para a Rede
Um dos dois deputados federais da Rede, o gaúcho João Derly participou da negociação do apoio à candidatura de Eduardo Leite e acompanhou Marina durante o evento em Porto Alegre. Ele reforçou que o palanque da presidenciável no Estado será baseado nos candidatos ao Legislativo. “Teremos uma eleição bem curta (45 dias) e não vamos receber a Marina tantas vezes no Estado. A campanha dela vai ser lançada em cima de nossa candidaturas (proporcionais)”, afirmou.
De acordo com parlamentar, o objetivo da legenda é eleger um deputado estadual e manter a cadeira atual na Câmara Federal, objetivo fundamental para superar a cláusula de desempenho eleitoral. “Para que a Rede possa se manter enquanto partido, temos que fazer nove deputados e o Rio Grande do Sul é um dos estados em que temos potencial para eleger um”, explicou Derly.