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Operação Zelotes

- Publicada em 27 de Julho de 2018 às 01:00

Nova fase da Zelotes apura desvio de R$ 650 milhões

Roberto Giannetti da Fonseca é ligado a candidatos do PSDB

Roberto Giannetti da Fonseca é ligado a candidatos do PSDB


ANTONIO CRUZ/ABR /JC
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira, a 10ª fase da Operação Zelotes, que investiga desvios no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que julga recursos contra a cobrança de impostos. Entre os alvos estão conselheiros e ex-conselheiros do Carf, o ex-secretário de Comércio Exterior no governo Dilma Rousseff (PT), Daniel Godinho e o empresário e economista Roberto Giannetti da Fonseca, ligado ao PSDB e aos pré-candidatos do partido à presidência, Geraldo Alckmin, e ao governo do estado de São Paulo, João Doria.
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira, a 10ª fase da Operação Zelotes, que investiga desvios no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda que julga recursos contra a cobrança de impostos. Entre os alvos estão conselheiros e ex-conselheiros do Carf, o ex-secretário de Comércio Exterior no governo Dilma Rousseff (PT), Daniel Godinho e o empresário e economista Roberto Giannetti da Fonseca, ligado ao PSDB e aos pré-candidatos do partido à presidência, Geraldo Alckmin, e ao governo do estado de São Paulo, João Doria.
No total, foram 11 mandados de busca contra sete pessoas físicas e duas jurídicas nos estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul, além do Distrito Federal. Quebras de sigilo bancário revelaram que sua empresa, a Kaduna Consultoria, recebeu um total de R$ 8 milhões de uma companhia que conseguiu se livrar de débitos tributários no Carf e teria repartido os valores igualmente entre ele, uma então conselheira do Carf e um advogado que atuou no caso.
Com isso, descontados os impostos, cada um dos investigados ficou com R$ 2,2 milhões. No caso de Giannetti, a suspeita é de que ele teria recebido os
R$ 2,2 milhões para atuar junto ao governo federal, via Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Além de centralizar o recebimento e a distribuição dos recursos por meio da Kaduna, os investigadores apuram se o empresário teria atuado junto ao governo federal para que a Procuradoria da Fazenda desistisse de cobrar os débitos da Paranapanema.
O economista foi um dos cotados para coordenar a área econômica da campanha de Alckmin à presidência, mas o tucano optou por Pérsio Arida. Embora tenha atuado como conselheiro do tucano, ele não participa de nenhum grupo do plano de governo de Alckmin, segundo a campanha. 
Giannetti também é ligado a Doria. Em setembro de 2016, quando o tucano se licenciou de suas empresas para concorrer à prefeitura de São Paulo, o economista assumiu o posto de vice-chairman do Lide, empresa que organiza eventos com líderes empresariais e setores do governo.
O nome de Giannetti entrou no radar da operação nas investigações internas da própria Receita Federal e quebras de sigilo de e-mails e telefones autorizadas pela Justiça Federal. A Kaduna foi contratada pela Paranapanema, que atua no refino de cobre e na produção de fios, barras e outros produtos a partir do metal, justamente quando ela enfrentava um processo no Carf sobre impostos cobrados na importação de insumos utilizados para produtos a serem exportados.
A empresa conseguiu uma decisão favorável do Carf que foi publicada no dia 5 de junho de 2014 e a livrou de pagar cerca de R$ 650 milhões, em valores atualizados, que a Receita vinha cobrando relativos à importação de insumos. Da decisão ainda cabia recurso da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que representa a União e poderia insistir na cobrança da empresa nas instâncias superiores.
A suspeita da força-tarefa da Zelotes é de que o grupo que atuava no Carf, incluindo o próprio Giannetti, teria interferido junto ao então secretário de Comércio Exterior Daniel Godinho para conseguir "convencer" o procurador a não recorrer. Godinho também foi alvo de buscas .
Em nota, Giannetti afirmou que "são totalmente infundadas as suspeitas levantadas contra si e sua empresa". Por meio de sua assessoria, a PGFN encaminhou trecho da justificativa do então procurador da Fazenda em 2014 para não recorrer do acórdão do Carf que livrou a Paranapanema de débitos da ordem de R$ 650 milhões. Também em nota, a Paranapanema informou que "a companhia tampouco seus administradores ou gestores atuais foram alvo ou notificados oficialmente".

Após repercussão, Giannetti se afasta de campanha tucana

Alvo da nova fase da Operação Zelotes, nesta quinta-feira, o economista Roberto Giannetti da Fonseca decidiu se afastar da campanha do PSDB em São Paulo. Segundo a coligação encabeçada pelo pré-candidato ao governo João Doria (PSDB), o economista passará a se dedicar à elaboração de sua defesa.
A operação deflagrada nesta quinta-feira investiga pagamentos a ele feitos pela siderúrgica Paranapanema que buscava se livrar de débitos de R$ 900 milhões aplicados pelo Fisco no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão que avalia recursos a autuações da Receita Federal.
A Kaduna, empresa do economista, foi alvo de mandado de busca e apreensão.
Em nota, Gianetti disse que as suspeitas levantadas contra ele e sua empresa são "totalmente infundadas" e que sempre se pautou pelos "princípios éticos e legais no relacionamento com seus clientes".