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Política

- Publicada em 25 de Julho de 2018 às 23:01

Germano Rigotto declina do Senado, mas diz que não está fora da política

Ex-governador critica critério para distribuição de recursos de campanha entre os candidatos

Ex-governador critica critério para distribuição de recursos de campanha entre os candidatos


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Bruna Suptitz
O ex-governador Germano Rigotto (MDB, 2003-2006) desistiu de se candidatar ao Senado nas eleições deste ano. A pré-candidatura era articulada desde o início de 2018 por integrantes da base do partido e pelo próprio Rigotto. Agora, está em aberto uma vaga ao Senado na coligação que deve confirmar a candidatura à reeleição do governador José Ivo Sartori (MDB) – a outra será ocupada por Beto Albuquerque (PSB). “(A decisão) é definitiva, não tem a mínima possibilidade de volta”, declarou o ex-governador ao Jornal do Comércio.
O ex-governador Germano Rigotto (MDB, 2003-2006) desistiu de se candidatar ao Senado nas eleições deste ano. A pré-candidatura era articulada desde o início de 2018 por integrantes da base do partido e pelo próprio Rigotto. Agora, está em aberto uma vaga ao Senado na coligação que deve confirmar a candidatura à reeleição do governador José Ivo Sartori (MDB) – a outra será ocupada por Beto Albuquerque (PSB). “(A decisão) é definitiva, não tem a mínima possibilidade de volta”, declarou o ex-governador ao Jornal do Comércio.
Ele também descarta uma candidatura à Câmara dos Deputados, e se coloca à disposição caso seja convocada uma Constituinte Revisora Exclusiva. Ainda assim, diz que sua trajetória política não está encerrada. “(Como senador) eu praticamente encerraria uma trajetória”, disse, completando depois que “não se pode dizer ‘definitivamente estou encerrando a minha atividade política’”.
Há 12 anos sem mandato, Germano Rigotto, hoje com 68 anos, foi vereador em Caxias do Sul, deputado  estadual e federal e governador. Em 2006, lançou seu nome à presidência da República, sendo derrotado, em um polêmico processo de prévias, por Anthony Garotinho, então secretário do governo do Rio de Janeiro e presidente estadual da sigla. No mesmo ano, não obteve êxito na tentativa de reeleição ao governo do Estado. Em 2010, Rigotto concorreu ao Senado com a condição de o partido não preencher a segunda vaga da coligação – o que quadros do MDB, como o ex-senador Pedro Simon, classificam como um erro. Em 2014, chegou a ser novamente cotado para o Senado, o que não se concretizou.
Jornal do Comércio - É definitiva a decisão de não concorrer do Senado neste ano?
Germano Rigotto - É definitiva, essa (decisão) não tem a mínima possibilidade de volta.
JC - Quais motivos o levaram a desistir da candidatura?
Rigotto - A candidatura ao Senado surgiu com muito apoio da base. Sinto por isso, por não ser candidato, pela expectativa que existia e que, de repente, não se confirma com a minha não candidatura. Mas (a decisão) tem uma série de fatores.
JC - Como por exemplo?
Rigotto - Primeiro, fui o maior defensor de que o MDB, se tivesse que utilizar as duas vagas para construir uma coligação que apoiasse a continuidade do atual projeto e a candidatura do Sartori, era fundamental que se fizesse isso. E o processo de construção da coligação não é o Sartori, ele pode decidir na véspera da convenção, não há problema nenhum, o problema é que tinha uma construção de uma coligação, que demorou mais do que poderia. E eu impedido de fazer qualquer movimento, porque já tinha comprometido a primeira vaga (destinada a um partido coligado), a segunda poderia estar comprometida. Cerca de 20 dias atrás me reuni com o presidente do partido, Alceu Moreira, e disse que tinha ficado tarde para assumir uma candidatura ao Senado, porque começaria do zero, sem estrutura nenhuma. Depois tive um almoço com o Sartori e com a organização da campanha, disse que me dessem qualquer tarefa, desde coordenação de campanha, mas que não seria candidato. Claro que tanto de parte do Alceu como da parte do Sartori houve todo um conjunto de contra-argumentos, achando que havia tempo, que eu tenho um nome que passa por cima dessa questão da falta de tempo. Mas eu tinha convicção.
JC - E além disso?
Rigotto - Aí tem o segundo problema. Ficou mais claro para mim, neste processo de análise do quadro, do que é o absurdo de um financiamento através do fundo partidário eleitoral. Eu já tinha uma posição contrária, mas vamos lá, se tínhamos que ter um freio ao financiamento privado. Mas o pior é a diferença entre quem é detentor de mandado e quem não é e está concorrendo. Por exemplo, todos os partidos – não só o MDB – estão privilegiando os atuais detentores de mandato na Câmara Federal, porque, para manter o fundo partidário e eleitoral para as próximas eleições, é fundamental formar uma boa bancada no Congresso Nacional. O que me leva a não só ficar contrariado com como é a distribuição, mas também a ter uma desmotivação para ser candidato ao Senado. Não é o problema de enfrentar uma eleição. É o problema de, vencendo a eleição, ir para dentro de um Congresso Nacional em que a renovação não vai ser maior do que 20%, 25%. Uma renovação mínima vai representar uma sensação de muito mal-estar, no meu modo de ver, do eleitor com o novo Congresso.
JC - E o senhor se colocaria a algum outro cargo, como por exemplo deputado federal?
Rigotto - Não. Se eu estou dizendo que tem problema de ser candidato ao Senado por causa da estrutura do sistema, imagina concorrer à Câmara Federal. Não teria problema nenhum, e a convicção total de uma espetacular eleição para a Câmara Federal, mas isso já aconteceu em 2014, que não fui candidato. Naquela oportunidade, estava pronto para ser candidato ao Senado, mas a questão da coligação impediu a candidatura naquele momento e já falaram na candidatura a deputado federal. Eu não preciso de mandato por mandato. Eu praticamente encerraria uma trajetória que começou como vereador, passou por deputado estadual, deputado federal, governador, sempre com as maiores votações no Estado.
JC - Como fica sua trajetória política? O senhor ainda pretende, no futuro, participar?
Rigotto - A gente nunca pode dizer “olha, definitivamente estou encerrando a minha atividade política”. Eu faço política através do Instituto Reformar e de conselhos e associações. Quando digo que faço política, é formar opinião para aquilo que tem que acontecer. Tenho dado palestra pelo Brasil afora. Então não se faz política só dentro de um partido político ou com mandato. Vou continuar formando opinião naquilo que acredito, naquilo que acho que o País tem que mudar, independentemente de não ter mandato.  Agora, a questão de concorrer em uma próxima eleição, à medida que vai ficando distante a minha última participação, é claro que dificulta. Não sei o que vai acontecer pela frente, quais mudanças que vão acontecer no País. Acredito até na possibilidade de uma Constituinte Revisora Exclusiva e, com a experiência que tenho, quem diz que eu não posso participar? Não dá para dizer “definitivamente estou fora de um mandato”, mas realmente fica muito mais difícil à medida que eu me afasto de uma eleição como estou me afastando.
JC - A sua desistência deixou essa vaga em aberto...
Rigotto - Mas o MDB tem nomes excelentes. Te dou dois nomes que ocuparam e foram brilhantes no Senado. Pedro Simon e José Fogaça. Mas quem tem que conduzir isso é a executiva do partido.
JC - Acredita que ainda que um nome possa vir de algum partido aliado?
Rigotto - Não sei, porque está ficando muito restrito. Todos os partidos estão levando as convenções até praticamente o último prazo. Então até a definição final pode ter alguma mudança nesse quadro.
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