Diante do anúncio do prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) sobre a abertura de um edital para contratar uma consultoria que avaliará, entre outras, a possibilidade de privatização da Companhia Carris Porto Alegrense, o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários da Capital, Sandro Abade, criticou a iniciativa da prefeitura e defendeu que a empresa eleva a qualidade do transporte público em Porto Alegre.
"A Carris puxa para cima a qualidade do transporte público. Os ônibus são melhores, têm climatização, sistema de câmeras etc. Aliás, a Carris foi a primeira empresa a instalar o sistema de câmeras em toda a frota, o que diminuiu 65% dos assaltos. O que aconteceu em seguida? As outras empresas também começaram a instalar", exemplificou o sindicalista.
Durante a campanha em 2016, Marchezan também chegou a sugerir que a Carris fosse usada como "um espelho de boa gestão" para os outros consórcios. "Se fosse bem gerida, poderia servir para conferir os custos das empresas privadas. Poderia servir para conferir se o custo do pneu que consta na tabela das empresas de ônibus (utilizado anualmente para justificar o reajuste no valor da passagem) é aquele mesmo, se o gasto de combustível por quilômetro é aquele mesmo", declarou Marchezan à época, em entrevista ao Jornal do Comércio.
Abade acusou a atual gestão de transformar a empresa em um "balcão de negócios". "A prefeitura não está mais preocupada com a qualidade do transporte, muito menos com o serviço prestado à população. Que capital melhorou o transporte com a privatização de empresas? Nenhuma. Parece haver apenas esse esforço para vender a empresa. A Carris foi transformada em um balcão de negócios", criticou.
Quanto aos sucessivos déficits da companhia - principal argumento de Marchezan, ao considerar a privatização -, o líder sindical disse que, "se dá prejuízo, o prefeito tem que gerir". "(Marchezan) foi eleito para isso. Ele é o dono da caneta. Ele é o gestor da Carris. Então por que não apresenta um plano de recuperação a médio, longo prazo?", indagou Abade.
No dia em que o edital da consultoria foi lançado, a presidente da Carris, Helen Machado, afirmou que sua gestão diminuiu o rombo na empresa de R$ 74,2 milhões, em 2016, para R$ 45,3 milhões, em 2017. O sindicalista reclama, no entanto, que Helen tem demitido funcionários "equivocadamente". "Além disso, os funcionários e os vereadores não foram chamados para discutir a situação da empresa em momento nenhum", concluiu Abade.