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Operação Lava Jato

- Publicada em 11 de Junho de 2018 às 23:50

FHC depõe como testemunha de defesa de Lula

Fernando Henrique também respondeu a questionamentos sobre suas palestras

Fernando Henrique também respondeu a questionamentos sobre suas palestras


WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL/JC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) voltou a afirmar ao juiz Sérgio Moro, na manhã de ontem, que o presidente não tem condições de saber de tudo que acontece na administração pública durante seu governo. Ele foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo que envolve o sítio em Atibaia, interior de São Paulo.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) voltou a afirmar ao juiz Sérgio Moro, na manhã de ontem, que o presidente não tem condições de saber de tudo que acontece na administração pública durante seu governo. Ele foi arrolado como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no processo que envolve o sítio em Atibaia, interior de São Paulo.
"No Brasil, as pessoas pensam que o presidente pode tudo e sabe tudo", afirmou. FHC concordou com a tese da defesa de Lula de que a responsabilidade de eventuais problemas na Petrobras não pode ser transferida para o presidente, acrescentando que não há tempo de saber dos meandros da administração.
Fernando Henrique prestou depoimento por meio de videoconferência. Em fevereiro de 2017, ele já havia falado a Moro como testemunha no caso do triplex no Guarujá, litoral paulista, pelo qual Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão, e cumpre pena em Curitiba. Na ocasião, também defendeu que o presidente não pode ser responsabilizado por toda irregularidade. O teor deste depoimento será aproveitado na ação penal do sítio.
Na oitiva de ontem, questionado pela defesa, FHC confirmou que teve encontros com Emilio Odebrecht, assim como com outros empresários. "Eu falava com todo mundo e continuo falando. A função de quem está governando não é escolher o interlocutor. Tem que lidar com personagens públicos", disse.
FHC afirmou que também recebeu doações de entidades privadas para realizar a manutenção de seu acervo presidencial e falou sobre suas palestras, ressaltando que os serviços foram sempre declarados. "Como não tenho aposentadoria, tenho que trabalhar. Uma vantagem que eu tenho é que dou palestra em quatro línguas. Tudo tem contrato, agente, tudo declarado."
Questionado por Moro se alguma das empresas que o contratou para uma palestra reformou alguma propriedade que ele utilizava, como pagamento por fora, o ex-presidente negou. "Jamais, nada disso. Nem por fora, nem participar de reforma. Não tem muita coisa para reformar, só minha cabeça mesmo."
Nesta ação penal, Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, porque teria se beneficiado de R$ 1,02 milhão em benfeitorias em um sítio que frequentava em Atibaia. Segundo a acusação, as reformas teriam sido pagas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS em troca de contratos com a Petrobras. Lula nega as acusações.
Na semana passada, foi anexada aos autos de um dos processos em que Lula é réu uma troca de e-mails entre FHC e Marcelo Odebrecht, localizado por peritos da Polícia Federal nos discos rígidos do computador de Odebrecht. FHC reconhece o pedido, que alega ser legal. "Não sei se deram e não foi a troco de decisões minhas, pois na época eu estava fora dos governos, da República e do Estado."
 

Moro interrompe fala de Fernando de Morais

O juiz Sérgio Moro interrompeu o depoimento do jornalista e escritor Fernando Morais, chamado como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no processo em que ele é acusado de ter recebido vantagens indevidas de empreiteiras no sítio de Atibaia.
Morais afirmou que, desde 2011, acompanhava todas as viagens de Lula, com o objetivo de fazer uma biografia a pedido da editora Cia das Letras, e que as palestras de fato foram realizadas - o Ministério Público Federal (MPF) investiga se as palestras foram pagas como forma de transferência de propina.
A interrupção ocorreu quando Morais relatou que Lula se encontrou em Londres com Bono Vox, vocalista da banda U2, e que o cantor elogiou o ex-presidente, ao dizer que, "depois de Mandela, apenas Lula poderia unir ricos e pobres, brancos e negros, e gordos e magros".
"Essa questão não tem nenhuma relevância para o julgamento. Acho que o processo não deve ser usado para esse tipo de propaganda", disse o juiz, acrescentando que questões "meritórias" devem ser divulgadas fora do processo.
Ao retomar a palavra, após pergunta do advogado de Lula, o escritor afirmou que repudiava a comparação do seu trabalho com propaganda, que as viagens eram pagas pela editora e que só ia no mesmo avião do ex-presidente quando sobrava lugar. Morais disse ainda que não iria "jogar fora" carreira de 50 anos para fazer propaganda de um ex-presidente.