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Opinião

ARTIGO

- Publicada em 26 de Maio de 2022 às 16:51

A globalização excessiva e os fatores externos que impactam o mercado de saúde no Brasil

A globalização cresceu pelo mundo todo da década de 1950 até a crise financeira de 2008. Desde então, ela vem sendo reavaliada e até freada, especialmente em países desenvolvidos. Isso ocorre na medida em que os ganhos do aumento na globalização tornam-se menos relevantes frente aos custos. É importante entendermos esta relação de custo-benefício, pois ela passa a ser cada vez mais relevante para o Brasil e para o seu Complexo Industrial da Saúde, particularmente na indústria de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs).
A globalização cresceu pelo mundo todo da década de 1950 até a crise financeira de 2008. Desde então, ela vem sendo reavaliada e até freada, especialmente em países desenvolvidos. Isso ocorre na medida em que os ganhos do aumento na globalização tornam-se menos relevantes frente aos custos. É importante entendermos esta relação de custo-benefício, pois ela passa a ser cada vez mais relevante para o Brasil e para o seu Complexo Industrial da Saúde, particularmente na indústria de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs).
 
Os ganhos de um nível adequado de globalização são provados e incontestáveis. A especialização de uma nação em uma determinada indústria traz ganhos sociais e crescimento econômico para um país que busca seu desenvolvimento. A redução de custos que isso acarreta traz maior acesso a essas tecnologias pelo mundo adora e incentiva competição e inovação. Permite também que cada país possa se especializar naqueles segmentos para os quais tem maior vocação. Isso cria um ciclo de crescimento em conjunto e, teoricamente, melhores relações internacionais.
 
Já é consenso, porém, que existe um limiar em que a globalização se torna excessiva. Custos logísticos aumentam com o preço dos combustíveis, além do impacto ambiental dos transportes de longa distância. Relações políticas cada vez mais estremecidas levam países a avaliar vulnerabilidades perante rivais, como no caso da União Europeia e sua dependência do gás russo. Vemos também que para garantir baixos preços, alguns países forçam seus trabalhadores a “pagarem um custo social” com baixos salários e ausência de direitos trabalhistas.
 
Isso nos traz à indústria de IFAs no Brasil, que chegou a ter 55% de abastecimento do consumo nacional na década de 1980, para hoje corresponder a menos de 5%. O Brasil depende, quase inteiramente, de importações, particularmente da China e da Índia, e isso cria uma vulnerabilidade típica da globalização em excesso. É um movimento natural, mas que agora precisa ser corrigido para que o País não fique sujeito a flutuações externas.
 
Vimos nos anos recentes, na China, por exemplo, a iniciativa apelidada “Blue Sky”, em que o governo chinês decidiu, sabiamente, exigir um maior rigor ambiental de suas indústrias. Isso levou à interdição ou fechamento de mais de um terço da indústria farmoquímica chinesa. Na sequência, tivemos a pandemia, trazendo os lockdowns (que seguem ocorrendo na China) e sufocando a logística mundial. Agora, temos a guerra entre Rússia e Ucrânia, o aumento do preço dos combustíveis, e o risco de sanções ou conflitos se estenderem para além da Europa Oriental.
 
Quando passamos por um momento de excepcionalidade, sempre buscamos superar as dificuldades, almejando a luz no fim do túnel. Porém, é hora de entendermos que as excepcionalidades são permanentes – apenas iremos de uma para outra, com cada vez mais raros momentos de estabilidade.
 
É por isso que precisamos corrigir essa vulnerabilidade na importação de IFAs. É uma questão de mitigação de risco público e empresarial assegurar um fornecimento nacional de moléculas essenciais, e garantir a existência de uma indústria que consiga assumir o abastecimento em casos excepcionais. Ter uma farmoquímica nacional salvou milhares de brasileiros durante a pandemia, mantendo o abastecimento de Midazolam para intubações por Covid, por exemplo.
 
No dia 24 de fevereiro de 2021, Joe Biden assinou uma ordem executiva sobre as cadeias de fornecimento dos Estados Unidos, exigindo uma avaliação de risco e plano de ação para manutenção do abastecimento nacional. Os três primeiros itens na ordem foram semicondutores, baterias de alta capacidade e minérios. O quarto e último foi medicamento e IFA, pois os americanos passaram por movimento similar ao do Brasil nessa indústria.
 
Com parceria entre a indústria farmoquímica e a farmacêutica no Brasil, é possível realizarmos desenvolvimentos e investimentos em conjunto. É, cada vez mais, essencial o entendimento de que a produção nacional representa uma mitigação de riscos e um investimento na estabilidade e continuidade do fornecimento de medicamentos que salvam vidas.
Já existem exemplos de parcerias sustentáveis e exitosas, que não apenas garantiram cadeia de fornecimento, mas garantiram acesso e salvaram vidas em momentos de ruptura nas importações. Com isso, evitaremos a globalização excessiva e construiremos um Complexo Industrial da Saúde capaz de suportar os desafios que certamente virão no futuro.
 
 
 
Presidente da Nortec Química
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