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Opinião

Artigo

- Publicada em 20 de Maio de 2022 às 03:00

Remédio amargo

Em 4 de maio passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) - órgão do Banco Central - aumentou a taxa Selic que representa a taxa básica de juros da economia e principal instrumento de política monetário da instituição, de 11,75% para 12,75% ao ano. Como justificativa, o órgão emitiu comunicado culpando a inflação dos alimentos e dos preços industriais, o que foi um grave erro.
Em 4 de maio passado, o Comitê de Política Monetária (Copom) - órgão do Banco Central - aumentou a taxa Selic que representa a taxa básica de juros da economia e principal instrumento de política monetário da instituição, de 11,75% para 12,75% ao ano. Como justificativa, o órgão emitiu comunicado culpando a inflação dos alimentos e dos preços industriais, o que foi um grave erro.
Os manuais de economia explicam que existem três tipos clássicos de inflação. A primeira é a inflação de demanda que ocorre quando existe aquecimento excessivo da demanda agregada de bens/serviços e o setor produtivo não consegue aumentar a produção no curto prazo.
A segunda é a inflação de oferta (ou de custos) quando ocorre aumento nos custos de produção que são repassados para os preços. Por último existe a inflação inercial, causada principalmente pela indexação dos preços correntes ao índice de inflação do mês anterior, que ocorreu no país no governo Sarney e Collor. Praticamente extinta no Brasil com o Plano Real de 1994.
O Brasil tem hoje mais de 15 milhões de desempregados e um enorme contingente humano em empregos temporários e precários. Isso implica em escassez de demanda efetiva por falta de emprego/renda da população. Logo, não pode haver inflação de demanda que justifique aumento dos juros quando o país passa por uma recessão terrível.
A verdade é que a causa da inflação atual é externa. Temos uma taxa de câmbio de R$ 5,00 o dólar, que encarece o preço de muitos produtos importados desde insumos químicos, adubos, fertilizantes e peças industriais.
Temos uma inflação de custos. A desvalorização recente da moeda brasileira implicou no aumento do custo dos produtos importados. Portanto, não existe inflação de demanda, mas, sim, de oferta! O certo é que inflação de custos não se combate com aumento de juros.
O aumento dos juros vai beneficiar o setor rentista da economia que vive de rendimentos do mercado financeiro. Com aumento da Selic, o mercado de renda fixa vai atrair aplicações. Novamente, o governo federal caminha na contramão da lógica econômica, em prejuízo de todos nós.
Economista, Mestre em Educação e Auditor do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS)
 
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