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Opinião

- Publicada em 23 de Dezembro de 2021 às 03:00

Aporofobia: você tem ouvido essa palavra?

Léo Ustárroz
Aporofobia é a aversão ao pobre pelo fato de ser pobre. Atualmente, o Google registra a existência desse termo em 220 mil sites, fortemente impulsionado pelas ações e manifestações do padre Júlio Lancellotti. Nestes dias, Porto Alegre ganhou as redes sociais, graças à calçada de pedras na avenida Osvaldo Aranha, em frente de uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF). Essas calçadas, e outros "ofendículos", são colocados para afastar os pobres, principalmente moradores de rua.
Aporofobia é a aversão ao pobre pelo fato de ser pobre. Atualmente, o Google registra a existência desse termo em 220 mil sites, fortemente impulsionado pelas ações e manifestações do padre Júlio Lancellotti. Nestes dias, Porto Alegre ganhou as redes sociais, graças à calçada de pedras na avenida Osvaldo Aranha, em frente de uma agência da Caixa Econômica Federal (CEF). Essas calçadas, e outros "ofendículos", são colocados para afastar os pobres, principalmente moradores de rua.
Os motivos que nos levam a evitar essas pessoas não são subjetivos, tampouco irrelevantes. De fato, em face da pobreza dos moradores de rua, pode haver mau cheiro e acúmulo de sujeira onde se estabelecem. Somado ao crescente medo da violência e insegurança urbana, além da falta de empatia que intoxica nossa sociedade, parecem estar justificadas as ações de segregação que, ao alcance de nossa mão, oferecem um alívio imediato.
Frente à essas notícias, recordo o pensador francês Anatole France que, no início do século passado, em inflamado discurso contra a decisão do fechamento das pontes de Paris aos moradores de rua disse, com ironia, que "a lei, na sua majestosa igualdade, proíbe ao rico e ao pobre de furtarem pão e dormirem debaixo da ponte, e permite a ambos que se hospedam no Hotel Ritz".
Para promover a igualdade social, é fundamental promover o tratamento desigual no tocante às oportunidades que devem ser oferecidas a cada um.
Em contraposição ao ato de evitar e se proteger dos moradores de rua, vale a pena refletir sobre as possibilidades de inclusão dessas pessoas, que são as mais vulneráveis dos vulneráveis, desprovidas de tudo, situadas no subsolo da escala de pobreza.
Sabe-se que muitos estão conjunturalmente nas ruas, mas há uma significativa parcela desses moradores que opta definitivamente pelas ruas, mesmo rejeitados e repelidos. Em Porto Alegre, cerca de 50% dos moradores de rua vivem nessa condição há mais de 20 anos, sendo que 30% vivem na rua desde que nasceram. Assim, em face do alcance limitado das ações de acolhimento, deve ser pensada uma cidade mais inclusiva.
Nesse contexto, as pedras em calçadas, ou quaisquer outro "afastador de pobres", não parecem fazer parte da solução maior. Apenas nos remetem à mensagem centenária de Anatole France, e nos estimulam a pensar se, aos moradores de rua, não deveria ser garantido pelo menos o direito às ruas. 
Empresário
 
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