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Opinião

- Publicada em 02 de Junho de 2021 às 15:49

A droga da informação

Há um fenômeno social que vem causando espanto a leigos e especialistas. Trata-se do efeito quase narcotizante das mentiras e da desinformação, a ponto de despertar verdadeira dependência sobre as pessoas que, mesmo quando confrontadas com a verdade e os fatos, ainda assim preferem teimosamente se agarrar ao engano e à fantasia.
Há um fenômeno social que vem causando espanto a leigos e especialistas. Trata-se do efeito quase narcotizante das mentiras e da desinformação, a ponto de despertar verdadeira dependência sobre as pessoas que, mesmo quando confrontadas com a verdade e os fatos, ainda assim preferem teimosamente se agarrar ao engano e à fantasia.
Aqui não me refiro, naturalmente, aos que rentabilizam ou de qualquer forma auferem benefícios de fake news, mas sim àqueles outros, incluindo pessoas dotadas de sólida formação cultural, que se aferram à realidade ou ao mundo paralelo que eles mesmos criaram ou que lhes foram apresentados. Também não proponho aqui uma reflexão sobre a natureza ou a implicação de maledicências, boatos e fofocas, tipos de distorções da verdade cujas origens se confundem com o próprio nascimento da espécie humana e sua linguagem.
Embora se saiba que todo o espectro de inverdades contenha implicitamente um elemento de narcisismo ou de autoafirmação de quem emite ou recebe a mensagem falsa, o que há de mais espantoso desde a virada do milênio é que a desinformação ganhou, com a internet e as redes sociais, uma capacidade de disseminação nunca vista, rompendo a resistência ou, para usar uma linguagem atual, “furando a bolha” de tradicionais filtros de preservação dos fatos e da realidade, como a imprensa tradicional, a academia e a ciência.
Pois bem, em uma época na qual a cultura se transmutou em mercadoria para o deleite da sociedade de consumo (Theodor Adorno) e do espetáculo (Guy Debord), a informação também acaba se convertendo em um produto cujo valor não está propriamente na verdade que retrata, mas sim no potencial de encantar, de entreter ou mesmo de chocar os seus consumidores, cujas mentes nem sempre estão interessadas na realidade, por vezes pálida e monótona, mas na distração e no espetáculo que podem obter e assim escapar da frustração, do tédio e da solidão.
Advogado
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