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Opinião

- Publicada em 21 de Maio de 2021 às 03:00

Conservador ou progressista

Além de ser complicado buscar distinções precisas entre a chamada direita e esquerda, também é arriscado estabelecer os aspectos que descrevem o conservadorismo e o progressismo, ainda mais quando seus fundamentos são distorcidos por grupos interessados em fazer valer suas próprias convicções, muitas vezes às custas do "cancelamento" e da humilhação dos demais.
Além de ser complicado buscar distinções precisas entre a chamada direita e esquerda, também é arriscado estabelecer os aspectos que descrevem o conservadorismo e o progressismo, ainda mais quando seus fundamentos são distorcidos por grupos interessados em fazer valer suas próprias convicções, muitas vezes às custas do "cancelamento" e da humilhação dos demais.
Basicamente, ao passo que a tônica do conservadorismo está na preservação e no resgate dos usos, normas e instituições legados pelas gerações passadas, a do progressismo está na crítica e na transformação daqueles usos, normas e instituições.
Por ser relativa, a própria noção de conservadorismo e de progressismo depende do contexto cultural e civilizatório para ser melhor caracterizada e compreendida. O pensamento de um conservador que viveu na Rússia Czarista é, pelo menos no aspecto econômico, diferente do seu compatriota soviético; um alegado conservador alemão do Terceiro Reich é politicamente diverso do conservador típico de Weimar. Até alguém que se defina conservador hoje em dia no Brasil encontraria pouca afinidade com os conservadores dos séculos XVI a XVIII, estatistas por definição e simpáticos da ingerência estrangeira (portuguesa) e do regime escravocrata.
Com o campo progressista não é diferente. Martin Lutero foi considerado um reformista radical, mas alguns de seus herdeiros são hoje ferrenhos conservadores (crentes evangélicos e neopentecostais). A própria Igreja Católica, tradicional bastião do conservadorismo, editou no século XIX a Encíclica Rerum Novarum, na qual defendia garantias sociais como direito sindical e salário justo. Dadas as premissas que evidenciam a relatividade dos conceitos e considerando a realidade do Brasil e não da Dinamarca, não é possível exaltar a tal herança recebida frente à injustiça social, à violência e à corrupção, flagelos de um pensamento teimosamente arraigado no conservadorismo e que há séculos flerta com o atraso, tal como sucede na maioria dos países da África e da América Latina.
É preciso respeitar o pensamento de matiz conservador, porém neste Brasil do século XXI, mais urgente do que conservar é progredir, uma vez que a conjuntura legada até aqui trouxe consigo não muito mais do que desigualdade e subdesenvolvimento! 
Advogado
 
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