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Opinião

- Publicada em 12 de Maio de 2021 às 03:00

Precarização da saúde e da vida do médico

Gisele Belloli
Quando eu era criança, bem antes de sonhar em cuidar da saúde das pessoas, tinha impressão de o médico ser alguém que não ficasse doente nem tivesse problemas ou necessidades. O tempo passou, cresci, me formei em medicina e, ao longo do caminho, percebi que somos como qualquer outra pessoa quanto à fragilidade da saúde, dos problemas e das necessidades. Todavia, será que não possuímos maior fator de risco para tal?
Quando eu era criança, bem antes de sonhar em cuidar da saúde das pessoas, tinha impressão de o médico ser alguém que não ficasse doente nem tivesse problemas ou necessidades. O tempo passou, cresci, me formei em medicina e, ao longo do caminho, percebi que somos como qualquer outra pessoa quanto à fragilidade da saúde, dos problemas e das necessidades. Todavia, será que não possuímos maior fator de risco para tal?
Em meio ao enfrentamento da pandemia do coronavírus, tenho observado mudanças em nosso meio. É perceptível o aumento da incidência de burnout e de suicídio entre médicos, assim como a insatisfação e o esgotamento físico e mental dos colegas com as exaustivas jornadas de trabalho. Será que essa sobrecarga não implicará que vidas médicas sejam encurtadas?
Nossa Constituição assegura tanto o acesso integral à saúde quanto nossos direitos trabalhistas. Falhamos, contudo, ao não exigirmos tais condições adequadas de trabalho. Atualmente, são diversas modalidades de vínculos (CLT, estatutário, contrato de emergência, contrato de pessoa jurídica) que contribuem à precarização do trabalho médico. À primeira vista, a "pejotização" parece satisfatória devido às remunerações aparentemente maiores, entretanto os direitos trabalhistas são escassos. Quando surgem problemas nessa relação, não só os profissionais são vitimados como também a população, visto as consequências na qualidade da assistência à saúde. Infelizmente, essa é a medicina no século 21, com contratos de trabalho que beiram à informalidade.
Encaramos cerca de 10 anos de formação para nos depararmos com condições precárias de trabalho. Aceitamos plantões sem equipe, recursos e segurança suficientes. Trabalhamos em mais de um local, em mais de uma cidade, em dias úteis, domingos, feriados. Não obstante, a responsabilidade legal não nos é omitida.
Nossos deveres são arduamente cobrados, exigem-nos competência, compromisso e disponibilidade. Temos nossos deveres decorados na ponta da língua. Mas e nossos direitos? Precisamos conhecê-los e exigi-los para que possamos assegurar a saúde não só de nossos pacientes, mas também a saúde de nossas vidas e de nosso trabalho.
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), por meio do Núcleo de Combate à Precarização do Trabalho Médico, atua constantemente para proteger os médicos nessas questões, fornecendo suporte por meio de suas assessorias. O objetivo é garantir o bem-estar integral dos médicos, para que possam definir modalidades de contratação de forma consciente e serem instruídos em caso de algum contratempo. Nosso slogan não é em vão: defender os médicos, é defender a saúde.
Diretora do Simers
 
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