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Opinião

- Publicada em 05 de Maio de 2021 às 03:00

Plano Biden e Keynes

O Plano Biden, que objetiva recuperar e sustentar o crescimento econômico dos Estados Unidos, foi o centro das atenções nos 100 primeiros dias do governo Joe Biden: o Plano aloca aproximadamente US$ 1,9 trilhão tanto para reforçar o combate à Covid-19 quanto para socorrer as famílias desamparadas; e o governo promete destinar US$ 2,3 trilhões em investimentos de infraestrutura geral e residencial, cujos recursos decorrerão do aumento de impostos para as grandes empresas e sobre os ganhos de capital e a renda da população mais rica.
O Plano Biden, que objetiva recuperar e sustentar o crescimento econômico dos Estados Unidos, foi o centro das atenções nos 100 primeiros dias do governo Joe Biden: o Plano aloca aproximadamente US$ 1,9 trilhão tanto para reforçar o combate à Covid-19 quanto para socorrer as famílias desamparadas; e o governo promete destinar US$ 2,3 trilhões em investimentos de infraestrutura geral e residencial, cujos recursos decorrerão do aumento de impostos para as grandes empresas e sobre os ganhos de capital e a renda da população mais rica.
A reação ao Plano era previsível: os oposicionistas (republicanos) e os mais conservadores entendem que o governo está abandonando o princípio da "austeridade fiscal expansionista", o que, por sua vez, pode gerar um processo inflacionário; os defensores (democratas) e os simpatizantes afirmam que as medidas propostas vão na direção daquelas implementadas durante o New Deal e que foram exitosas para recuperar a economia norte-americana pós-Grande Depressão, 1929-1933.
Explorando a segunda reação, os que apoiam o Plano Biden dizem que o presidente e seus policymakers tornaram-se keynesianos. Vejamos. Muito sucintamente, segundo o economista inglês John Maynard Keynes, economias capitalistas são inerentemente instáveis, pois, em um contexto de incerteza radical sobre o futuro, as tomadas de decisão de gastos dos agentes econômicos são postergadas. Como resultado, consumidores, empreendedores e banqueiros preferem liquidez e, por conseguinte, há insuficiência de demanda efetiva, reduzindo a atividade econômica, a ponto, inclusive, de ocasionar, em situações extremas, recessão e desemprego.
Para evitar essa situação, Keynes propõe, pragmaticamente, a intervenção do Estado na economia para, mesmo no contexto de incerteza, criar um ambiente institucional favorável às tomadas de decisão dos agentes econômicos. Para tanto, políticas fiscal e monetária expansionistas devem ser operacionalizadas para mitigar as crises de insuficiência de demanda efetiva.
Voltando ao Plano Biden, as medidas propostas parecem resgatar Keynes após um período de quatro anos em que, sob a presidência de Donald Trump, o liberalismo e o supply side economics, responsáveis pela determinação do ponto de equilíbrio da atividade econômica, prevaleceram nos Estados Unidos.
Professor Titular aposentado da Ufrgs e pesquisador do CNPq/Brasil
 
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