País jovem, com pouco mais de 500 anos, o Brasil ainda não aprendeu a respeitar os velhos. Cansei de ouvir, em discussões nos mais diversos ambientes, alguém disparar à queima-roupa: Vai te enxergar... vai para casa, velho!
Isto é muito comum, infelizmente. Lembram-se do início da pandemia? Propagou-se que o vírus era letal somente para a “terceira idade”. Qualquer velho visto em público era apontado como culpado pelas funestas estatísticas que a grande mídia adora veicular. Detalhe: notaram que o índice de cura é superior a 97%, mas ninguém fala sobre isso?
O comércio já entendeu que os idosos são seres que têm desejos e são consumidores fiéis quando respeitados. Já há celulares com teclas e ícones grandes para melhor visualização e uma gama de aparelhos simplificados para as mais diversas atividades do cotidiano.
De olho nos aproveitadores de plantão, os idosos também passaram a proteger o seu patrimônio. Registrar um testamento, por exemplo, ideia pouco disseminada, teve um aumento de 134% ao longo da pandemia. Muitos anciãos são alvo de familiares gananciosos, ávidos por surrupiar os bens conquistados a custo de muito suor por décadas.
Planejar a velhice ainda é tabu no Brasil. Organizar as finanças carrega o preconceito de algo caro e complicado. Mas exige disposição para conhecer alternativas para uma velhice tranquila. “Seja realista. Não acredite que será possível viver com cerca de 70% do orçamento da fase ativa. Viver bem, com qualidade de vida, sem depender da ajuda de filhos ou familiares, custa caro”, admite Marcia Dessem, planejadora financeira, em artigo publicado no Jornal do Comércio.
Ela sugere apurar qual será a renda complementar necessária para bancar as despesas, estimar, também, a expectativa de sobrevida, a extensão, em meses, deste período de vida. Ao longo do artigo, aconselha: “Cuide primeiro de si mesmo, condição para cuidar, se possível, dos entes queridos que podem precisar de ajudar”.
No final, mais uma dica preciosa: “Um dos melhores ensinamentos que você pode deixar aos descendentes é o exemplo. Planejar a vida, as finanças, estabelecer limites e prioridades, fazer escolhas responsáveis. Não precisamos de muito dinheiro para viver com dignidade”. Assino integralmente com a relatora!
Jornalista